No AMAZÔNIA:
Dezenas de ocupações têm destruído a vegetação dentro e ao redor do município de Barcarena, importante polo industrial, na região nordeste do Estado. No princípio, os invasores eram basicamente pessoas vindas de outros municípios do Pará que não conseguiam emprego. Contudo, a eficácia de tal método para se conseguir um pedaço de terra passou a atrair famílias de Barcarena. Na prefeitura, o problema tem sido abafado pela briga judicial em torno do cargo de prefeito, desde as eleições passadas. Secretaria de Estado de Meio Ambiente (SEMA) e Ibama dizem que não foram informados sobre o problema, ao contrário do que diz a Associação de Moradores e Amigos de Vila dos Cabanos (Amavila).
Nem a Vila dos Cabanos, distrito municipal de urbanização planejada, escapa das ocupações que se alastram pela cidade. Áreas feitas para ser bosques são invadidas por famílias pobres que não têm opção de moradia digna. Invasões contaminam rios e desmatam ao redor do aterro sanitário. A consequência da derrubada de árvores já começa a ser sentida em vários pontos, de acordo com Enenyr Lopes, vice-presidente da Amavila. Segundo ela, por ter o traçado previamente planejado, a Vila dos Cabanos nunca havia sofrido com pontos de alagamento. Atualmente, isso é uma realidade. 'É uma resposta da natureza, pois mexemos na mata nativa', justifica.
A Amavila foi criada justamente para cobrar soluções do poder público sobre a violência e as invasões. Segundo Enenyr, a associação já entrou em contato com o Ibama, mas a resposta recebida foi de que as desocupações só poderiam ser feitas com autorização da governadora. 'É um jogo de empurra. Sofremos o resultado de maus gestores no passado', afirma. Para ela, uma cidade rica como Barcarena, responsável pela extração e exportação de valiosos minérios, não deveria viver a decadência atual. 'A Amavila luta para que essas pessoas que invadem terreno tenham direito a uma moradia digna, mas sem destruir o meio ambiente. Elas deveriam ser cadastradas e colocadas em programas de casa própria', completa.
Procurada, a assessoria de imprensa do Ibama informou que não recebeu notificação oficial sobre prejuízos ambientais em Barcarena. Isso pode ser feito por meio de ofício, por escrito, entregue no protocolo do órgão, em Belém. A partir daí, uma equipe de fiscalização irá verificar a denúncia. Já a SEMA informou que não houve fiscalização recente em Barcarena, apenas uma no ano passado, a pedido da delegacia local. A assessoria de imprensa da secretaria ficou de mandar mais informações sobre o assunto, mas não as encaminhou.
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