quarta-feira, 13 de maio de 2009

Projeto resgata patrimônio da Estrada de Ferro Bragança

A Estrada de Ferro Bragança (E.F.B), considerado um dos maiores símbolos do desenvolvimento do Pará, terá sua memória e acervo resgatados e protegidos pelo Estado.
A proposta é da deputada Simone Morgado (PMDB), que protocolou na Casa projeto de lei com o objetivo de garantir a restauração, manutenção e proteção do acervo patrimonial e documental remanescente da extinta linha férrea, que completaria em abril passado 101 anos.
A Estrada de Ferro Bragança foi inaugurada em 3 de abril de 1908, pelo então governador Augusto Montenegro e extinta pelos militares em 1964. Em 56 anos, foi a principal via de acesso entre a capital, Bragança e os municípios surgidos ao longo dos trilhos, a exemplo de Ananindeua, Benevides e Castanhal.
Simone Morgado explica que caberá ao Governo do Estado elaborar um plano de recuperação do patrimônio da extinta ferrovia e tombar, fiscalizar e realizar obras e serviços nos bens, estabelecendo formas de compensação aos proprietários de imóveis particulares. Para disso, continuou a parlamentar, será necessário instituir e manter o cadastro atualizado de todo esse patrimônio. “É um projeto arrojado de preservação histórica, educação e de incremento da atividade turística nos municípios de tráfego da antiga ferrovia”, destaca.
Pelo projeto será feita a restauração da arquitetura original das estações ferroviárias, oficinas mecânicas, monumentos, residências, caixas d’água e demais edificações, além de recuperar pontes, maquinários, vagões, locomotivas e trilhos. E mais: resgatar todo o acervo fotográfico e documentos oficiais pertinentes à ferrovia.
Simone afirma que o projeto pretende retirar do “impiedoso processo de abandono e depredação” o patrimônio que ainda resta da extinta E.F.B, muitos deles em uso diferenciado da finalidade original. “Não podemos furtar os nossos jovens de desfrutar dessa história que se transformou em sinônimo de desenvolvimento, particularmente do nordeste paraense”, acrescenta a deputada.
A ferrovia surgiu de uma necessidade que a capital tinha de escoar a produção das colônias agrícolas da zona bragantina. Belém vivia tempos de riquezas o que acabou atraindo muita gente. O problema é que não tinha alimento suficiente para abastecer a capital paraense. Por isso foram criadas as colônias agrícolas nas proximidades de Bragança e a Estrada de Ferro Bragança serviria para transportar essa produção.
A título de ilustração confira abaixo a situação atual das estações ferroviárias que integram parte do patrimônio da E.F.B:

Belém
- São Brás: demolida em 1970, atual Terminal Rodoviário, ferrovia substituída pelas avenidas Almirante Barroso e Belém/Brasília.
- Central: Av. 16 de novembro, substituída pelo Hotel de Trânsito de Oficiais do Exército.
- Entroncamento: desativada, atuais Rodovia Augusto Montenegro e Av. Pedro Álvares Cabral.

Icoaraci: transformada em centro comercial de artesanato. Falta conservação.

Marituba: sem manutenção.

Santa Izabel do Pará e Americano: transformadas em escolas e creche do município.

Igarapé-Açu: funcionou um cinema antes da demolição em 1980.

Capanema/Mirasselvas: transformadas em escolas municipais. Precisa de restauração.

Tracuateua: abriga a Câmara Municipal e a agência dos Correios.

Tauari: atual Casa da Cultura.

Benjamin Constant (Vila Tijoca/Bragança): transformada em Centro de Cultura.

Benevides: transformada no Banco do Cidadão.

São Francisco do Pará: demolida

Também foram demolidas as estações e paradas do Prata, Ananindeua, Inhanapi, Timboteua, Maracanã, Peixe-Boi e Bragança. Já a locomotiva “Maria Fumaça” está conservada no Parque da Residência, em Belém; e a Castanhal 28, hoje é propriedade particular, mas está sem manutenção.

Fonte: Assessoria Parlamentar

Um comentário:

Anônimo disse...

Prezado Paulo:
É difícil, mas, de quando em vez, surgem boas idéias nos parlamentos brasileiros.
Como esta, muitas outras estão à espera de resgates.
O blog (ótimo, tal qual o seu) do amigo Alencar tem uma referência que pode ajudar.
O endereço é http://blogdoalencar.blogspot.com/2008/03/fotos-antigas-da-estrada-de-ferro-de.html.
Um abraço
Marcos Klautau