quarta-feira, 13 de maio de 2009

Pacientes dividem remédios

No AMAZÔNIA:

A falta de medicamentos para pacientes com fibrose cística no Pará levou o Ministério Público a propor ao Governo do Estado e à Prefeitura de Belém um termo de ajustamento de conduta (TAC) para que o executivo se comprometesse a conceder remédios e suplementos alimentares indispensáveis para os pacientes. De acordo com a promotora de Justiça de Direitos Constitucionais para área da saúde, Suely Cruz, durante o ano passado a Secretaria Estadual de Saúde (Sespa) deixou faltar 9 dos 15 medicamentos sob sua responsabilidade.
Apesar de reconhecer o problema, o procurador do Estado, Henrique Reis, afirmou que 'o governo não tem interesse em assinar o TAC, pois existe um programa específico para atender à doença'. Suely Cruz, no entanto, disse que ficou 'frustrada' com o posicionamento estatal e rebateu que 'o programa existe, mas não funciona adequadamente'. 'Se não houve acordo, o que nos resta é levar o problema à Justiça e ingressar com uma ação civil pública', adverte a promotora de Justiça.
Já a Procuradoria do Município se mostrou disposta a assinar o termo, mas lembrou que diante da posição de recusa estatal, é necessário definir as responsabilidades de cada um, para que a prefeitura não arque sozinha. Uma nova reunião será realizada no próximo dia 27 deste mês, para que ambas as secretarias de saúde tenham tempo para avaliar a proposta do TAC e acrescentar de que forma o acordo pode ser feito.
Com o repasse irregular de medicamentos, pacientes precisam dividir os remédios entre si. Tatiana Silva, presidente da Associação Paraense de Assistência à Mucoviscidose (também conhecida como fibrose cística), contou que sua filha de três anos precisou das enzimas que ajudam a controlar a doença e contou com a compaixão das outras mães, que cederam remédios para que o quadro da criança não piorasse.
No Pará, 105 pacientes são atendidos no Hospital Universitário João de Barros Barreto com fibrose cística. Deste total, 71 são de Belém e os outros 34 são de municípios como Ananindeua, Ponta de Pedras, Oriximiná, Novo Repartimento e Vigia. Um paciente no estado grave da doença custa aos cofres públicos cerca de R$ 20 mil.
A única médica do Estado especialista na doença, Valéria Carvalho, afirma que a maioria dos pacientes estão em um estado mais brando e se os medicamentos forem fornecidos adequadamente, há uma queda automática no número de internações.
Outro problema que, caso seja sanado, pode contribuir para um melhor tratamento dos pacientes é a exigência do teste do pezinho. 'Quanto mais cedo fazemos o diagnóstico, maior a facilidade de tratar. Se a doença é descoberta em um estágio evoluído, é claro que o tratamento custa mais', constata a médica.

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