Por GUTO LOBATO, do AMAZÔNIA
Se você é estudante ou professor de Ensino Médio - ou mesmo conhece ou é parente de algum -, provavelmente ficou preocupado ao saber da nova proposta de vestibular lançada ao início do mês passado pelo Ministério de Educação (MEC). Não é à toa: além de gerar mudanças na estrutura dos processos seletivos de universidades federais de todo o País, o chamado novo Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) exigirá ajustes na lógica de preparação dos candidatos a uma vaga no ensino superior.
Do formato das questões aos critérios de ingresso, o exame unificado tem motivos de sobra para levantar discussões dentro do espaço escolar.
O novo Enem - que permanece sem título definido - é anunciado como a maior revolução no vestibular brasileiro desde o ano de sua criação, 1911. A razão para tal é que, assim que for adotado por alguma universidade, ele passa a pôr no mesmo patamar de concorrência todos os cerca de 5 milhões de vestibulandos brasileiros, sendo que as notas deles podem ser submetidas à aprovação em cursos de até cinco universidades. Estas ainda podem optar pelo uso de outra etapa avaliativa, complementar ao exame.
Em resumo: assim como um paraense poderia fazer a prova em Belém e escolher entrar na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) por ter boa nota, um paulista poderia ingressar na Universidade Federal do Pará (UFPA) usando a nota que tirou ao fazer o exame em São Paulo, por exemplo. Outro diferencial diz respeito ao conteúdo: ao invés de questões ligadas a disciplinas isoladas, o exame vai valorizar a análise crítica do aluno e sua capacidade de relacionar assuntos. O MEC ainda não precisou o conteúdo programático da prova, mas o que se espera é uma evolução das questões multidisciplinares do Enem (veja quadro).
Apesar de ainda não ter todos seus meandros divulgados, o novo Enem já é de conhecimento de vestibulandos, professores e coordenadores de escolas e cursinhos do Pará. As avaliações são as mais variadas possíveis: há quem ache que a concorrência nacional incentivará o maior preparo dos alunos, há quem veja o exame como mais uma ferramenta que desrespeita as desigualdades regionais de acesso e qualidade da educação.
Ao ser questionada sobre a possibilidade de adesão ao vestibular unificado no Pará, a professora de Ensino Médio Inês Pereira destacou que o aluno poderá ser beneficiado de várias formas. 'Há o lado da competição com alunos mais bem preparados de outras regiões, é verdade, mas o novo Enem vai ajudar o paraense', avalia. 'Os conteúdos serão padronizados e a prova, unificada, o que fará com que o aluno fique menos sobrecarregado e tenha tempo para se preparar de forma menos apressada', garante.
A mesma opinião é seguida pelo professor de Matemática do Ensino Médio Walter Luiz. Para ele, o novo Enem ainda ajudaria o aluno a desenvolver o espírito competitivo e se preparar para concorrer com o resto do País. 'A unificação vai gerar problemas imediatos de desigualdade no nível dos candidatos, claro, mas, se houver uma educação decente, não há com o que se preocupar. O importante não é o número de concorrentes, e sim a preparação', analisa.
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