No AMAZÔNIA:
A falta de pagamento de honorários advocatícios foi o que motivou a renúncia do advogado Antonio Maria Leite Júnior, que fazia a defesa de Ismael Macambira Haick,. O julgamento do acusado de assassinar a professora Núbia Conte, em 2005, marcado para ontem, foi cancelado. O juiz da 3ª Vara do Júri da Capital, Ronaldo Valle, designou o próximo dia 4 de junho e solicitou nomeação de um defensor para assistir o acusado.
A renúncia da defesa de Haick provocou revolta na promotoria e no próprio magistrado do caso, que considerou irresponsabilidade a atitude do advogado. 'Não posso afirmar se isso foi uma estratégia da defesa, mas a lei manda que o comunicado seja feito com antecedência. Isso nos constrange, pois pode parecer que a Justiça não quis fazer o julgamento. Além disso, tivemos despesas com o deslocamento de testemunhas e alimentação para os jurados', declarou Ronaldo Valle.
O comunicado informando sobre a renúncia foi protocolado às 19h da última sexta-feira, quando o expediente do Fórum Criminal já havia se encerrado e recebia apenas documentos.
'Isso foi uma safadeza, no sentido de que ele só comunicou na sexta-feira. Não estou chamando o advogado de safado, mas ele sabia que esta data estava marcada há meses. Já requeremos ao juiz que haja punição a esse profissional. Caberá a Ordem dos Advogados do Brasil - Seção Pará decidir se vai instalar ou não procedimento', disse o promotor de Justiça Miguel Baía, que sustenta a acusação de homicídio qualificado contra Ismael.
A família de Núbia, mesmo surpresa com a suspensão do júri, elogiou a conduta do juiz em marcar logo um data próxima para não adiar ainda mais a solução do crime, que ocorreu há quase quatro anos. 'Infelizmente não voltamos para casa com uma resposta satisfatória, mas a nova data já está marcada e não vamos desistir de lutar por justiça', afirmou o sobrinho de Núbia, Ewerton Conte.
Por meio da assessoria de imprensa, a OAB informou que não vai se pronunciar sobre o caso até receber notificação oficial. Ronaldo Valle disse que o advogado pode ser condenado ao pagamento de multa que varia de 10 a 100 salários mínimos.
Além de familiares e amigos de Núbia, compareceram também ao plenário do Fórum Criminal, a ialorixá Silvana Bentes. Ela afirmou que comparece em julgamentos cujos acusados dizem ter alguma relação com o culto umbandista e disse os seguidores da religião que 'jamais usam sacrifício de seres humanos no rito'. O corpo de Núbia foi encontrado nas matas da Ceasa em dezembro de 2005, junto com oferendas e com sinais de violência sexual.
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