terça-feira, 4 de novembro de 2008

Tempestade à vista

No Flanar – antenadíssimo com as eleições na UFPA -, sob o título acima:

Passado o período das eleições municipais, as atenções devem se voltar para as eleições para Reitor da UFPA. E o poster recolhe indícios de que as coisas devem esquentar bastante, ainda no correr do ano de 2008.
Borbulhar mesmo.

3 comentários:

Carlos Barretto  disse...

Vi que vc percebeu também.
Rsss...

Abs

Poster disse...

Vamos concorrer com o Climatempo, não é, Carlos (rssss).
Abs. e sucesso no Flanar!

Anônimo disse...

Formei-me na UFPA no fim da década de 80, fiz minha pós-graduação com recursos próprios.
Exerço o magistério desde 1991 e pedi demissão das faculdades particulares, com a ilusão de colaborar na construção de uma universidade pública, plural e democrática.
Sou professor da UFPA faz mais de 15 anos (nunca me afastei para exercer funções administrativas). Às vezes em que as exerci, não me afastei da sala de aula.
Pela minha vivência, confesso que pouco importa qual o grupo que estará na Reitoria, pois pouco se pode fazer na UFPA, o sistema não permite.
A UFPA é denominada por grupos, os que têm mais “prestígio” no momento levam mais benefícios, é sempre uma ponte para outros rumos, como a política partidária ou ser nomeado em escalões do governo estadual ou federal.
As salas de aulas estão sucateadas, não há espaço para o professor atender o aluno da graduação ou da pós, depois de quatro ou cinco horas de aula, sequer temos água ou café, temos que comprar água para refrescar a garganta.
A gente atende em pé mesmo ou fora da UFPA, pois a sala dos professores tem apenas uma mesa e seis cadeiras e vive cheia.
Projetor existe um, mas está quebrado, assim na UFPA ainda as aulas são ministradas como na idade média, pela garganta do professor e o quadro de anotações e olhe lá.
As portas não têm mais fechaduras e assim, abertas ficam.
As salas estão lotadas, com 50 ou 55 alunos, o professor tem que ficar berrando para tentar ser ouvido, pois do lado de fora é gente vendendo tudo o que for possível, alunos se reúnem e falam alto, cachorros ladram, gatos miam e até há passagem de motocicletas na passarela.
O quadro magnético está deteriorado e se o professor não comprar caneta pincel ou apagador, ficará sem condições de ministrar aulas, falta até papel para as provas e os alunos tiram uma folha do caderno e fazem o exame.
O banheiro está interditado, assim se tem esperar chegar em casa para fazer um xixi, pois não dá para se fazer na área aberta da UFPA, apesar de já ter visto alunos no local e fazendo suas necessidades urinárias.
Numa das salas que dou aula, o tampo da mesa está solto e quando se tenta escrever ele escorrega, além do que saiu totalmente o estofado dos braços da cadeira, estando exposto apenas o ferro, as janelas estão emperradas e o calor é insuportável, especialmente a tarde.
Não há como se distribuir textos aos alunos, deixamos o material no centro acadêmico e os alunos que tem dinheiro fazem a reprodução ou demais ficam sem o material ou se manda aos e-mails dos alunos que tem essa ferramenta.
Não há computador aos professores, acesso a internet, nem se fale, mesmo que o professor tenha um laptop, não tem como acessar nada, pois não há rede sem fio, Xerox, só pagando do próprio bolso.
A UFPA fornece ao mercado, profissionais nessas áreas, mas internamente está ainda como nos tempos da caverna.
Há constante falta de energia elétrica, de servidores e de material, e não há nenhum suporte ao professor, infra-estrutura, talvez quando houver um PAC-UFPA.
A noite é um terror, tudo muito escuro, sem qualquer segurança e especialmente as alunas imploram para que a aula termine mais cedo, diante do risco de assaltos e até estupro.
Os vencimentos, bem, isso a gente nem precisar falar, pois há uma séria distorção no serviço público, o salário é baixo, mas as funções comissionadas para cargos administrativos são elevadas, assim as atividades-meio são privilegiadas, as atividades-fim desprezadas.
Assim, quem é “apenas” professor a remuneração é aviltante, mas se conseguir junto a Reitoria ou no seu Centro um cargo de livre nomeação fica afastado da sala de aula e receberá muito bem por isso.
A burocracia é infernal, um requerimento para sair da Coordenação do Curso à Reitoria demora meses e se não se correr atrás, não há qualquer intimações dos atos do procedimento.
Não se acompanha nada pela internet, em quase todos os órgãos públicos o servidor sabe a tramitação do seu processo, na UFPA, é ainda tudo manuscrito, distante e nada transparente.
Porém, há uma compensação, quando você consegue daquele grupo de 50 alunos, passar e aprender com uns três ou quatro e ver no decorrer da vida que eles se destacaram e exercem funções relevantes na sociedade, contribuindo com o próximo e com a comunidade, se vê que o sacrifício valeu a pena.
Está é a razão para se ficar na UFPA, a possibilidade de se resgatar poucos, mas valiosos alunos desse mar de hipocrisia e alienação política e cultural.
Desculpe-me por não colocar meu nome, sou covarde mesmo, mas em mais de uma década na UFPA, sei que posso ter represálias, pois como disse Chico Buarque, vence na vida quem diz sim.
Ao se disser NÃO, provavelmente seria enforcado.