No AMAZÔNIA:
Ao receber a notícia de que seu filho, o motorista da República de Emaús Paulo Roberto dos Santos Góes, 38 anos, tinha sido assassinado em uma tentativa de assalto anteontem à noite, o pai dele, Manoel do Carmo Ferreira, não resistiu ao choque e também morreu. O ancião de 62 anos teve um infarto fulminante. Pai e filho foram velados ontem na Cidade de Emaús, na rua da Yamada com a rua São Clemente, no Bengui, a mesma via rua onde Paulo Roberto foi ferido a bala pelos bandidos. Familiares das vítimas não deixaram a reportagem registrar o velório na escola, que faz parte da República de Emaús, entidade que atende crianças e adolescentes em situação de risco.
Paulo Roberto foi morto dentro do carro de familiares quando passava pela rua Yamada. Ele viajava como passageiro no veículo, acompanhado de parentes, quando o carro foi abordado por três assaltantes. O motorista do automóvel tentou fugir dos bandidos e acelerou o Gol da família. A polícia diz que um dos assassinos, já identificado como Adriano Pantoja, o 'Camarão', de 19 anos, atirou várias vezes contra o grupo, atingindo fatalmente Paulo Roberto. A vítima foi encaminhada para o posto de saúde do Bengui, mas morreu antes de ser atendida.
'Camarão' foi preso anteontem à noite minutos depois de tomar de assalto um ônibus da linha Pratinha/Presidente Vargas. Ele fez o motorista, o cobrador e um passageiro reféns. O bandido estava acompanhado do assaltante Márcio Henrique Avelar. O assalto terminou na rua Teodoro Palmeira, entre a avenida Júlio César e o canal São Joaquim. Os ladrões foram presos em flagrante e estão na Seccional da Sacramenta. 'Camarão' já estava com a prisão preventiva decretada por tentar matar um policial militar.
Enterro - Os corpos de Paulo Roberto dos Santos Góes e do pai dele, Manuel do Carmo Ferreira Chaves, foram sepultados no cemitério Parque Nazaré, no Tapanã, ontem à tarde. Em meio à tragédia que se abateu sobre a família, Manuel do Socorro Souza Chaves, 37 anos, concordou em dar entrevista sobre as circunstâncias da morte do irmão.
Manuel dirigia o carro na hora em que Paulo foi baleado. Além deles, também viajava no veículo, um Gol modelo antigo, o filho de Manuel, de 10 anos. Eles iam para suas respectivas casas, no Bengui. Manuel disse que teve que procurar um caminho alternativo, já que várias vias haviam sido interditadas por causa do jogo Remo e Paysandu. Ele pretendia, depois de passar pela avenida Júlio Cesar, seguir pela rodovia Transmangueirão.
Mas em função das mudanças no trânsito, Manuel contou que procurou outro caminho, seguindo pela Pratinha até chegar à rua Yamada. Em um terminado trecho da pista, ele disse que alguém jogou uma vara de bambu no meio da rua. Manuel pensou que fosse algum jovem tirando bambu para, depois, usá-lo na decoração de festa junina. Eram 18h30. Ele reduziu a velocidade. Nessa hora, surgiram os bandidos. Um deles portava um revólver. O segundo vinha logo atrás e o terceiro estava em cima de um muro, às proximidades.
Um deles anunciou o assalto. 'Aí meu irmão disse para eu acelerar', afirmou Manuel. Tudo aconteceu muito rápido. Manuel acelerou e, nessa hora, um dos bandidos atirou. Uma bala atingiu Paulo Roberto na nuca. O projétil varou para o outro lado da nuca. Manuel continuou dirigindo até chegar à unidade de saúde do Bengui, onde a vítima morreu logo depois.
Em virtude do trauma, Manuel disse não ter condições de, se necessário, fazer o reconhecimento do homem que tirou a vida do irmão dele. Ele também lamentava o fato de que ter que buscar um caminho alternativo, por causa do jogo, o que os colocou no mesmo caminho dos bandidos. Informações obtidas durante o enterro dão conta de que pelo menos outros quatro assaltos ocorreram na área ou nas imediações do local em que Paulo Roberto foi baleado mortalmente. Segundo esses relatos, os bandidos aproveitaram-se do fato de as atenções da Polícia Militar estarem voltadas para a disputa do clássico do futebol paraense. Às 16h40, os corpos de pai e filho saíram da capela do cemitério Parque Nazaré e, em seguida, foram sepultados.
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