segunda-feira, 30 de junho de 2008

Marta corteja classe média e ataca gestão Serra-Kassab

Na FOLHA DE S.PAULO:

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não compareceu, mas a convenção que lançou ontem a candidatura de Marta Suplicy (PT) à Prefeitura de São Paulo escancarou a estratégia de usá-lo como principal cabo eleitoral da campanha.
Diante de uma foto de Marta e Lula lado a lado e ao som de um samba e de um forró que remetiam a antigos jingles do presidente -como o "deixa ela trabalhar" e "eu quero Marta lá"-, cerca de 2.500 militantes do PT aprovaram a coligação com PC do B (Aldo Rebelo será o vice), PSB, PDT, PRB e PTN.
Em seu discurso, Marta explorou a divisão tucana -"Aqui, estamos unidos"-, distribuiu promessas à classe média -"Poderemos ampliar a inclusão dos mais pobres e sustentar a ascensão social daqueles que compõem a novíssima classe média"- e centrou críticas no prefeito Gilberto Kassab (DEM) e no governador José Serra (PSDB), acusados de promover "enrolação social" e soluções "faz-de-conta".
"Serra assumiu [a prefeitura, em 2005] fazendo graça de melhor ministro da Saúde. Não teve desempenho à altura do alarde feito." O afago à classe média é estratégia da petista para reconquistar apoio nesse estrato paulistano, crítico na gestão dela (2001-2004) da criação da taxa do lixo, entre outras medidas.
Sobre Geraldo Alckmin (PSDB), houve apenas uma menção, relativa às escolas de lata que ele teria copiado da gestão municipal "Pitta-Kassab". O prefeito foi secretário de Celso Pitta (1997-2000).
A petista disse que centrará sua administração na "inovação, participação e inclusão". "Tenho orgulho de ser companheira histórica do presidente Lula, de ter participado do seu governo e de ter o seu apoio."

"Fator Lula"
O "fator Lula" levou dirigentes do partido a falar pela primeira vez em vitória no primeiro turno. "Para derrotar a Marta, o PSDB e o DEM terão que derrotar o PT, o PSB, o PDT, o PC do B e passar por cima do presidente Lula. Eles sabem que isso é praticamente intransponível, então temos que trabalhar para Marta vencer no primeiro turno", discursou o presidente da Câmara dos Deputados, Arlindo Chinaglia.
Realizado ao custo de R$ 85 mil em uma casa de eventos da zona oeste, a convenção contou com "chuva" de estrelas brilhantes. Apenas um ministro -o sucessor de Marta no Turismo, Luiz Barretto- apareceu.
O presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva (PDT), não foi, embora tenha subido ao palanque na convenção pedetista da véspera. Ele é investigado por suspeita de participação em esquema de desvio de recursos públicos.
"Não fazemos justiça com as próprias mãos. Nós respeitamos o Paulinho. Seu apoio é importante", disse Aldo à Folha. De manhã, um pequeno grupo de petistas rechaçou a aliança.
"Aqui não é jogo de partidos que inventaram parentesco para ganhar eleição", afirmou Marta, se esquecendo que o PT tentou se aliar ao PMDB e ao PR, que fecharam com Kassab.

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