Com todo o respeito a paixões clubísticas de qualquer calibre, mas todas as torcidas do Rio – de Fluminense, Flamengo, Batofogo, do Ameriquinha, de todos os clubes, enfim – deveriam render homenagens ao Vasco da Gama por ter-se livrado de Eurico Miranda.
A eleição de Roberto Dinamite como presidente do Vasco encerra duas décadas de truculência, de arrogância, de amadorismo na administração do futebol, de falta de transparência e de condutas contrárias a todas as noções mínimas de como conviver com as diferenças e os diferentes.
O ex-deputado Eurico Miranda foi – e ainda é – tudo isso que agora chega ao fim com a eleição do grande Dinamite. Quem melhor descreveu Eurico foi a juíza Jacqueline Lima Montenegro, do Rio de Janeiro.
Na eleições de 2006, na condições de integrante do Tribunal Regional do Rio, ela se opôs à pretensão do cartola, então aspirante a um novo mandato de deputado federal, ainda que respondesse a processos a vários processos por evasão de divisas, apropriação indébita de contribuições previdenciárias, falsidade ideológica, furto, sonegação, uso de documento público falsificado, desacato e outros.
Escreveu a juíza no seu voto, referindo-se a Eurico: “Não é possível mais aceitar que um pretendente a candidato apresente a este tribunal e, conseqüentemente, a toda a população, uma certidão repleta de anotações criminais sem qualquer preocupação com esclarecimentos e nós, simplesmente, lançando mão impropriamente do princípio de não-culpabilidade, que não se aplica, abrirmos as portas a essas pessoas para que se apresentem ao eleitor como dignas de representá-los, com a chancela do TRE”.
Basta.
Discutia-se então o mesmo tema que hoje desperta polêmica: pode um candidato com essa “ficha suja”, como o prontuário de um Eurico Miranda, disputar uma eleição, apresentar-se como pedichão de voto? A juíza achava que não. Todos os brasileiros acham que não.
Pois esse que ela descreveu é Eurico Miranda. O mesmo Eurico Miranda que Roberto Dinamite, de bicuda, botou pela linha de fundo. Essa bola fora foi a melhor jogada de Roberto Dinamite depois da aposentadoria.
Jogada de um grande craque – no caráter, inclusive – que ele foi.
Viva Dinamite! Parabéns ao Vasco. Parabéns aos vascaínos.
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