sábado, 14 de novembro de 2009

Em dois dias, o apagão “encerrado”. Pode?

Vejam só.
O Brasil viveu, na última terça-feira, um dos maiores apagões de sua história.
Dezoito Estados do País ficaram às escuras.
E aí?
Dois dias depois, na quinta-feira, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, diz o seguinte: “[...] Para o governo, esse episódio está encerrado."
Dois dias depois, na quinta-feira, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão (na foto), diz o seguinte: "Sobre o blecaute, está encerrado. Foi possível restaurar todo o sistema dentro de pouco tempo".
Mas o que é isso.
Como é que pode um caso dessas dimensões ser encerrado, esquecido, superado em dois dias?
Como é que pode um caso dessas dimensões ficar sem explicações?
Como é que pode se afirmar que uma tempestade é que provocou o apagão?
Se foi, realmente, então o sistema não é seguro, porque o que mais há é tempestade.
A ministra insiste em que o sistema de transmissão de energia do país é "extremamente robusto" e um dos melhores do mundo.
É?
Mas um sistema desses cai e deixa meio País à escuras por causa de uma tempestade?
Como é que foi essa tempestade?
Vejam aqui o que diz reportagem da “Folha” desta sexta-feira (13):

O corte no fornecimento de energia no apagão de terça-feira foi quase quatro vezes maior do que poderia em razão da demora na entrada em operação do sistema de proteção do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) que isola falhas e barra o efeito cascata da queda de usinas e linhas de transmissão.
É que o sistema, todo automatizado, não agiu imediatamente quando o primeiro conjunto de linhas de Itaipu sofreu a pane -provocada, segundo o governo, por curto-circuito em três linhas em razão de fortes ventos, chuvas e raios na região da subestação de Itaberá (SP).
Segundo especialistas e o próprio presidente da Eletrobrás, José Antonio Muniz, o sistema do ONS -chamado de Erac (Esquema Regional de Alívio de Carga)- não funcionou como deveria na região Sudeste e não cortou imediatamente a carga de energia de cerca de 6.000 MW médios transportada na linha que liga Itaipu a Tijuco Preto (SP).


Leram?
E então, dá para aceitar que um incidente desses seja “encerrado” em dois dias?

Um comentário:

Anônimo disse...

O governo tem prestar contas à opinião pública sobre o que, de fato, ocorreu e não virar as costas dizendo simplesmente "o caso está encerrado!".

A explicação é devida e deve ser cobrada pela opinião pública, especialmente a imprensa.