segunda-feira, 31 de agosto de 2020

Marcelo Crivella e sua quadrilha atacam não a Globo, mas os cidadãos. Essas malfeitorias vão continuar?

Marcelo Crivella: ele é o chefe de uma quadrilha que constrange jornalistas. Mas o
verdadeiro punido, o verdadeiro castigado é o cidadão que reside na capital fluminense.

O Jornal Nacional, programa jornalístico de maior audiência no País, acaba de revelar um esquema criminoso, escandaloso, repulsivo e fascista de cerceamento da liberdade de Imprensa.

O esquema é operado por uma verdadeira quadrilha.

A quadrilha não é como as de antigamente, que se metiam em porões para deliberar sobre os crimes que iriam cometer.

A quadrilha, ao contrário, opera em bases mudernas: sua plataforma de operação é uma das maiores redes sociais do mundo, o WhatsApp.

Os operadores não são indivíduos que se acobertam sob anonimatos ou que agem sob o abrigo de disfarces.

Não.

Os operadores são servidores públicos, com nomes e salários devidamente expressos (até nos centavos) em documentos oficiais.

Os operadores desse esquema criminoso batem ponto registrando suas ações em grupos de WhatsApp nos quais são delineadas as ações da quadrilha.

Essa gangue, conforme mostrou comprovadamente o Jornal Nacional, vem funcionando, e não é de hoje, com o objetivo de constranger jornalistas - sobretudo os da Globo -, atrapalhando entrevistas com cidadãos que se dispõem a denunciar o péssimo, e não menos criminoso, atendimento que recebem em hospitais da rede pública do Rio.

Essa gangue de criminosos, que age às portas de hospitais públicos e fica de olho em equipes de reportagem que se aproximam para apurar denúncias de cidadãos, tem o aval direto, é evidente, do governo do município do Rio, cujo prefeito, Marcelo Crivella, até já fez parte de um dos grupos de Zap usados pela quadrilha.

Essa gangue - tanto seus operadores, como seus mentores e os que autorizam esse procedimento, à frente o prefeito da segunda capital mais populosa de todo o País - engana-se redondamente se pensa que está constrangendo a Globo, quando manda seus integrantes gritarem Globolixo e imbecilidades do gênero durante entradas ao vivo de repórteres da emissora.

Essa gangue, estejam certos Marcelo Crivella e seus comparsas, castigam, punem, maltratam, desrespeitam, desprezam e agridem a população fluminense.

E nada se faz contra esses criminosos, gente?

Nada será feito contra eles, para responsabilizá-los criminalmente pelo que estão fazendo?

Você quer saber como se faz para defender a vida, o amor, o perdão e a Pátria? Pergunte para um corrupto.


Pois é, meus caros.

E pensar que essa gente defende a vida.

E pensar que esse tipo de gente bate dia e noite no próprio peito, dizendo que o amor sempre haverá de triunfar.

E pensar que esse tipo de gente bate no peito com ares de palmatória do mundo.

E pensar que esse tipo de gente bate no peito e se derrete em lágimas, proclamando que valores universalmente consagrados - de paz, concórdia, tolerância e perdão - devem prevalecer sempre.

E pensar que esse tipo de gente costuma associar liberais e esquerdistas a facínoras, genocidas e selvagens, que não alimentam os mais rudimentares sentimentos humanos.

Pois é.

E pensar que essa mesma gente, que diz tudo isso, batendo no peito e com lágrimas nos olhos, é a negação personificada, corrompida e facinorosa do que diz.

Essa mesma gente é capaz de financiar matadores.

Essa mesma gente é capaz de matar.

Essa mesma gente não consegue desvencilhar-se de ódios atrozes.

Essa mesma gente mente, dissimula, disfarça, encena.

Essa mesma gente é a cara e a voz da hipocrisia, da mais imunda e reprovável desfaçatez.

É um tipo de gente corrompida - inclusive quando se avaliam os sentimentos mais identificados com qualquer ser humano.

Esse tipo de gente é uma gente corrupta. Ou não?

Um corrupto, como essa gente, vai lhe dizer direitinho como ser patriota, como ser defensor da vida, como cultivar a paz, o amor, o perdão e outros tantos - e edificantes - valores.

Vai lhe provar, por A + B, que comprar uma arma, isso sim, é garantir que a paz, o amor e o perdão poderão ser disseminados no mundo inteiro.

Um corrupto hipócrita, como esse tio de gente, vai lhe indicar a cartilha que ensina homofobia, misoginia e preconceitos das piores espécies.

Vocês querem uma dica?

Liguem para Flordelis, essa bolsonarista patriota, defensora da vida, pregadora do amor, da paz e do perdão.

Ela vai dizer a vocês como alcançar esse grau de pureza d'alma.

Os tagarelas do Supremo. Eles devem saber o que fazem. Mas estarão fazendo bem?

Marco Aurélio: e se o ministro Benedito Gonçalves, do STJ, criticasse
publicamente uma decisão dele, como é que ficaria?

O Supremo, vamos e convenhamos, tem alguns tagarelas eméritos.

Ocupam o topo da lista Gimar Mendes e Marco Aurélio Mello.

Há outros, como se sabe; mas esses dois, repita-se, estão na categoria do top dos tops.

Mendes e Mello falam pelos cotovelos.

Nos autos e fora dos autos.

Eles, melhor do que ninguém, sabem o que fazem.

São maiores de idade, vacinados e ostentam notável saber jurídico. Se assim não fosse, não estariam no STF.

Mas estarão fazendo bem quando tagarelam sem parar?

É razoável que um ministro permita-se publicamente criticar decisões de outras instâncias do Judiciário, quando não do próprio Supremo?

É razoável imaginar que eles consideram essa postura judiciosa, ponderada e adequada?

Marco Aurélio, por exemplo.

Ele acaba de dizer que "houve uma precipitação" na decisão do ministro Benedito Gonçalves, do STJ, que afastou Wilson Witzel do cargo de governador do Rio.

E como será se esse caso chegar ao Supremo?

Como se portará Marco Aurélio, que já expôs publicamente seu juízo?

Mazola Jr. é treinador? Sabe-se lá. Mas quer dar lições de jornalismo. Pode?


Mazola Jr.,
o treinador do Remo que todo bom remista não consegue engolir, exasperou-se - ou ficou pistola, como se diz - durante entrevista coletiva após a partida deste domingo, no Mangueirão, em que o Leão não passou de um empate contra o Vila Nova (GO) por zero a zero, pela Série C.

Segundo o DOL, um repórter o questionou sobre a postura da equipe remista e quis saber se o conjunto não seria mais produtivo com a entrada de jogadores com características mais ofensivas.

Uma pergunta eminentemente jornalística, não é?

E pertinente, além de tudo.

Pois é.

Mazola respondeu assim: “Então, um time que está na sequência que está, de resultados positivos de vitória. Você vai mexer no time? Quem faz uma pergunta dessa está explicado por que é jornalista e não é treinador”.

Boa!

E quem dá uma resposta dessa, está provado por que motivo é treinador, e não jornalista.

Aliás, o jornalista - que não é treinador - saiu-se bem justamente porque é jornalista.

A torcida do Remo espera que Mazola, que não e jornalista, saia-se bem como treinador.

Ou, no mínimo, saia-se menos pior do que tem se saído até agora.

sexta-feira, 28 de agosto de 2020

Vidas negras importam. E a NBA importa para que o obscurantismo no esporte ceda às legítimas expressões políticas.

Quem não é apaixonado pela NBA?

Na último domingo (23), quando vi essa cesta de Luka Doncic, no estouro do cronômetro, selando a vitória de seu time, o Dallas Mavericks, contra o favorito Los Angeles Clippers por apenas dois pontos (135x133), pensei por alguns segundos que fosse uma montagem.

Não.

Era apenas a supremacia, o triunfo do talento. Era a assinatura de uma obra de arte.

Olhem agora, as fotos abaixo.

LeBron e seus companheiros do Lakers ajoelham-se antes de uma partida (como
tem sido rotineiro em jogos da NBA), em apoio à luta contra o racismo

Jogadores do Milwaukee Bucks leem comunicado informando o histórico boicote à NBA, em
protesto contra tiros desferidos pela polícia contra jovem negro em Kenosha, no Winsconsin

Quando vejo essas imagens a cada início de partida pelos playoffs da NBA, quando vejo essas imagens que expressam o protesto, a indignação, a revolta, a repulsa às atrocidades raciais cometidas pela polícia contra negros no Estados Unidos, às vezes penso que são idealizadas.

Mas não.

Essas imagens são reais. Representam a supremacia, o triunfo da consciência política no mundo do esporte, coisa rara, para não dizer raríssima de acontecer mesmo em pleno Século XXI.

Em pleno Século XXI, o obscurantismo embota inclusive coleguinhas jornalisatas e amplos segmentos da Imprensa - e não apenas no Brasil, mas no mundo inteiro - que insistem em difundir essa falácia, essa balela, essa imbecilidade de que jogadores de futebol e atletas de qualquer modalidade não podem, nem devem expressar-se politicamente quando estão competindo.

Podem, sim.

Podem e devem.

Por que não poderiam?

Por que não deveriam?

Por que um astro do futebol não pode, por exemplo, na hora de comemorar um gol, levantar a camisa para revelar, por baixo dela, algo como Não sou bolsominion, Não sou gado, Vidas Negras Importam, Sou antifa, Fora, Bolsonaro e outras do gênero?

Por que não poderiam expressar frases em apoio a Bolsonaro, ao bolsonarismo, aos conservadores, ao direitismo, ao boca porca Olavo de Carvalho (inclusive o dito esclarecido) e até mesmo em apoio ao terraplanismo?

A democracia presume a livre manifestação de opiniões, meus caros.

Não se tolera, claro, é que um boca porca ameace "encher de porrada" a boca de seus críticos, como também é intolerável que uma celerada ameace espancar autoridades, porque aí não temos o exercício da liberdade de expressão, mas crime de ameaça ou crimes contra a honra, puníveis por lei.

Mas expressar convicções políticas, sobretudo num momento como este, em que vemos todos os dias atrocidades sendo cometidas contra negros nos Estados Unidos e em outros cantos do planeta, isso é plenamente recomendável. E mais do que recomendável, é necessário e elogiável.

A NBA, com seus astros multimilionários - negros (em sua grande maioria) e brancos -, oferece à humanidade, e sobretudo ao esporte de um modo geral, um notável exemplo que precisa ser seguido.

Porque o talento de um LeBron, de um Doncic, de um Messi, de um Cristiano Ronaldo, de um Neymar jamais deveriam servir de abrigo para esconder a covardia dos que não querem pôr sua popularidade e sua influência a serviço da liberdade, da democracia e da diversidade.

A NBA alimenta nosso espírito dos melhores tônicos de otimismo.

Porque é farta em talento.

E porque está sendo um ponto de inflexão - para melhores dias - no obscurantismo político que, infelizmente, ainda domina de forma esmagadora o mundo do esporte.

O Pará já teve mais de 1,3 milhão de infectados pela Covid, mas volta às aulas. Viva o nosso "novo normal".


O
novo normal apavora.

O novo normal, que nunca foi tão velho, é apavorante, excruciante, aflitivo.

Mas quem, num momento como este, haverá de incomodar-se, de afligir-se com mortes, com pessoas infectadas e com milhões de pessoas expostas a este vírus mortal?

Poucos, muito poucos estão aflitos em decorrência da tragédia que passa ao lado, que está na venta de todos, que está à vista mesmo dos que, podendo enxergar, não querem enxergar nada. Nem a tragédia.

No Pará, até agora, já morreram 6 mil pessoas vítimas da Covid-19 E 197 mil foram infectadas. São números oficiais.

O Estado, no entanto, tem mantido, de maio para cá, uma redução expressiva no número de mortes e de infectados. É o que apresentam os números coligidos e divulgados pela Sespa diariamente.

No real, no real mesmo, temos uma outra realidade: pelo menos 1,3 milhão de pessoas já tiveram Covid no Pará.

De onde brota essa estatística tenebrosa? Brota de pesquisa encomendada pelo governo e realizada, com amaparo em metodologias confiáveis, pela Uepa.

E aí?

E aí que o governo do estado está autorizando, a partir do dia 1º de setembro, a retomada das aulas presenciais nas escolas de ensino públicas e privadas, nos ensinos Infantil, Fundamental, Médio e Superior. em municípios que estejam em bandeira amarela, verde e azul.

Deverão ser respeitadas medidas de distanciamento e os protocolos de segurança apresentados pelo Comitê Técnico Assessor de Respostas Rápidas à Emergência em Vigilância em Saúde Referentes ao Novo Coronavírus (Ncov), da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa).

O decreto não é impositivo. É autorizativo, ou seja, fica a critério de cada escola voltar ou não às aulas. Mas todas, é claro, vão voltar.

A obrigatoriedade da observância de regramentos para o retorno às aulas é suficiente para evitar a expansão da doença?

Não é.

Porque, vejam bem, não temos 197 mil de pessoas que já tiveram Covid. Temos 1,3 milhão - isso em apenas 52 municípios dos 144 municípios do estado. Se ampliado esse espectro estatístico, teremos muito mais.

Este número - o da pesquisa epidemiológica da Uepa - é que deveria orientar condutas e ações para se avaliar a pertinência da reabertura gradual de vários setores.

Mas não.

É impressionante, é trágico que nem a tragédia do vizinho nos comove. Nem a tragédia de quem está ao lado nos toca.

Vejam o caso do vizinho Amazonas.

No Amazonas, foram registradas cenas horrorosas - muito mais que as vistas em Belém, diga-se - durante o pico do pandemia.

Mesmo assim, o Amazonas foi o primeiro estado do País a reabrir as escolas públicas, no dia 10 de agosto. Após protestos e casos confirmados de Covid nas unidades, o governo anunciou a testagem em massa de 30 mil profissionais da educação, tanto da capital quanto do estado, que começou a ser realizada no dia 18 de agosto.

E o que aconteceu?

Aconteceu isso aí, estampado na imagem que ilustra esta postagem,

Depois do retorno às aulas, detectou-se que o número de profissionais da Educação no Amazonas que testaram positivo para Covid-19 subiu para 342, segundo dados da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS-AM).

No dia 21 de agosto, a Secretaria de Estado de Desporto e Educação (Seduc) divulgou que, nos três primeiros dias de testagem, 162 profissionais testaram positivo para a doença. Durante a audiência pública, nesta terça-feira (24), a FVS informou que com mais dois dias de testagem, o número total de infectados subiu para 342.

O Pará deveria olhar para exemplos assim e retardar, o quanto fosse possível, o retorno às aulas.

O novo normal, todavia, exerce notável poder de sedução sobre todos - tanto sobre a galera que entope as praias como sobre outros segmentos, como o educacional, que se presumia mais fértil à racionalidade e ponderação.

Mas que nada.

Racionalidade e ponderação, nestes tempos malucos, são qualidades que tipificam um perfeito idiota.

Basicamente é isso.

terça-feira, 25 de agosto de 2020

E se você, jornalista, dissesse a Bolsonaro: "vontade de encher a tua boca de porrada, seu boca porca", o que lhe aconteceria?

Como já se disse aqui - e muitos estão dizendo -, ninguém se engane com essa dita fase paz e amor de Bolsonaro, porque o novo Bolsonaro é um fake. E como fake, não existe.

Não.

Bolsonaro, calmo, é capaz de vomitar 29 palavrões numa "reunião de trabalho".

Higiênico, é capaz de passar a mão no próprio catarro e cumprimentar correligionário.

Democrata, é capaz de cair na tentação de chamar os tanques para intimidar o Supremo.

Educado e cortês, tem arrepios de excitação só de pensar em "encher tua boca de porrada", referindo-se a jornalista que lhe faz pergunta das mais pertinentes, lógicas e obrigatórias - porque de interesse público.

A pergunta é essa aí que está no título de editorial publicado na edição desta terça-feira (25), do jornal O Globo.

Bolsonaro - calmo, higiênico, democrata, educado e cortês - será o mesmo Bolsonaro que sempre foi: um cidadão com manias de persecutórias; um governante incapaz de governar o país com um mínimo de inteligência e bom senso; um autocrata que, sai dia, entra dia, tem sonhos orgásmicos com ditaduras que esfolaram e mataram, como a inaugurada em 1964, no Brasil; um intolerante que vê na Imprensa independente não uma instância legítima e necessária de fiscalização dos atos do Poder Público, mas uma inimiga a ser confrontada - se possível "na porrada".

Esse é Bolsonaro.

Como registrado no editorial do Globo, sua agressão a uma pergunta pertinente não foi uma resposta.

Foi uma reação - despudorada, violenta, ignóbil, imbecil e injustificada - de quem, nada tendo a dizer, a argumentar, explicar ou justificar, elege a "porrada" como argumento.

E pensar que tantos jornalistas, cuja missão exponencial é acionar suas lupas e seu senso crítico contra governantes que destoam de condutas éticas aceitáveis, não têm o menor pudor em considerar condutas como a de Bolsonaro simplesmente como "o exercício da liberdade de expressão".

É?

Se eu, um jornalista, dissesse a Bolsonaro: "vontade de encher a tua boca de porrada, seu boca boca porca", provavelmente seria preso na hora, por ameaça à mais alta autoridade da Nação. Ou por injúria. Ou por qualquer outro motivo.

Mas Bolsonaro pode arrotar suas pretensões de me agredir porque eu, na condição de jornalista, no exercício do meu mister profissional, fiz-lhe uma pergunta de interesse público É isso?

Perfeito.

Se for assim, vou me me mudar pra Terra plana, porque nesta Terra redonda, todos os conceitos universalmente consagrados - de jornalismo, de liberdade de expressão e de democracia - já foram para os cafundós.

Há muito tempo.

segunda-feira, 24 de agosto de 2020

"Vou buscar a unidade", promete Thiago Araújo. Mas um racha à vista assombra lideranças de partidos que tentam formar aliança.

Thiago Araújo e Cássio Andrade: o consenso esperado não veio até agora. Ainda virá?

Lideranças de um grupo de partidos - entre eles o PSDB, PSB, DEM e Cidadania - que pretendem formar uma aliança para disputar a Prefeitura de Belém, nas eleições de novembro, amanheceram nesta segunda-feira (24) atarantadas diante de uma missão imprevista e imediata: desarmar os indícios de que a aliança pretendida implodiu antes mesmo de começar.

Essa impressão está sendo fortalecida por dois fatos que se confirmaram hoje.

O primeiro: a escolha do deputado estadual Thiago Araújo (Cidadania) como o nome supostamente de consenso para disputar a Prefeitura de Belém, representando uma composição que pretende reunir dez legendas.

O segundo: a confirmação de que o deputado federal Cássio Andrade (PSB), outro nome cogitado para ser consensual, ficou insatisfeito por ter sido preterido e resolveu anunciar-se como pré-candidato a prefeito, decisão que no momento configura claramente um racha, uma divisão, um dissenso - o termo fica a critério dos leitores - entre o leque de agremiações partidárias até aqui empenhadas em seguir unida.

"Sou pré-candidato, sim. Mas continuo buscando a construção da unidade", confirmou há pouco ao Espaço Aberto, por telefone, o deputado Thiago Araújo. "Acho que neste momento nada é definitivo. O Cássio é meu amigo. Nós vamos conversar. Vamos buscar a unidade, a convergência. Até as convenções, tentaremos buscar o consenso", reforçou o parlamentar.

O otimismo de Araújo contrasta com uma adjetivação curta e grossa, que o Espaço Aberto ouviu ao pedir a uma fonte para avaliar se, pelo menos neste momento, o racha está configurado: "Um problemão", resumiu a fonte, sem acrescentar mais informações, muito embora deixasse clara sua percepção concreta sobre as dimensões políticas que a escolha de Thiago Araújo e uma possível debandada de Cássio Andrade podem significar.

Outra liderança partidária, que preferiu não se identificar, admitiu sua surpresa com a decisão do deputado do PSB. Até porque, segundo informou, na segunda-feira passada, durante uma reunião, Cássio teria dito, em alto e bom som, que apoiaria o escolhido pelo grupo. Mas isso acabou não acontecendo, diante do anúncio de que também é pré-candidato.

Para tornar o quadro ainda mais nebuloso e imprevisível, temos a situação do deputado federal Celso Sabino (PSDB). Como o blog informou no início da tarde de hoje, o parlamentar, muito embora tenha formalizado junto à própria legenda sua condição de pré-candidato, não foi e nem será consultado pelos demais partidos, que o consideram linha auxiliar do governo Helder Barbalho.

Sabino também está sendo alvo de um processo de expulsão que tramita no Conselho de Ética do PSDB Nacional, por ter aceitado o posto da líder da Maioria na Câmara, contrariando orientações da Executiva Nacional, que entrevê na função sinais claros de adesismo ao governo Bolsonaro. Se for expulso, Sabino poderia concorrer pelo Solidariedade, mas ele, conforme também já disse ao blog, acredita que permanecerá no PSDB. E se permanecer, vai disputar na convenção o direito de ser candidato a prefeito de Belém.

PSDB e partidos aliados descartam conversa com Sabino. Mas ele garante: "Pretendo ir à convenção".

Celso Sabino: sob desconfiança de partido aliados do PSDB, ele garante
que tem apoio de "centenas de correligionários". Inclusive de outros partidos.

Lideranças de um grupo de dez partidos, que pretendem formar aliança em torno de um nome para disputar a Prefeitura de Belém, confirmaram no último final de semana, em conversa com o Espaço Aberto, que não pretendem procurar o deputado Celso Sabino (PSDB), que já formalizou, perante o Diretório Municipal tucano, sua condição de pré-candidato à sucessão de Zenaldo Coutinho. Entre os partidos que buscam um nome de consenso está o próprio PSDB, além do DEM, PSB, Cidadania e Partido Verde.

"Não vamos procurar o deputado Celso Sabino, porque acreditamos que ele seria mais uma candidatura auxiliar do governador Helder Barbalho e, portanto, do MDB. O Celso, na última eleição para o governo do estado, simplesmente sumiu durante o segundo turno e não ajudou o Márcio Miranda. Depois, quando o Helder assumiu, uma irmã dele foi nomeada para cargo de direção no estado", disse uma das lideranças do grupo de apoio a Zenaldo. A nomeação em referência é de Cilene Sabino Bittencourt, presidente da Junta Comercial do Estado do Pará (Jucepa).

Ouvido há pouco pelo Espaço Aberto, Sabino disse que, no momento, nem sequer considera a possibilidade de transferir-se para o Solidariedade e disputar a prefeitura por essa legenda, caso venha a ser expulso pelo PSDB, cuja Comissão de Ética analisa pedido formal de exclusão do deputado, encaminhado pela própria direção nacional tucana.

"Sou ficha limpa. Não há previsão no estatuto do PDDB para expulsar filiado que tenha sido indicado para ser líder da Maioria. Então, esse processo [de expulsão] não deve prosperar", disse Celso Sabino ao blog, reiterando sua convicção de que continuará no ninho tucano.

Quanto ao fato de não estar sendo considerado como um dos nomes de consenso do grupo de partidos, que até agora trabalha apenas com as possíveis candidaturas de Cássio Andrade (PSB) ou Thiago Araújo (Cidadania), Sabino também é taxativo.

"Continuo cadastrado no PSDB como pré-candidato a prefeito de Belém. Então, pretendo ir à convenção do partido e fazer essa disputa legítima. Tenho sido procurado por centenas de correligionários do PSDB e dirigentes de outros partidos - deputados estaduais, vereadores e dirigentes de outros partidos. Acredito que nosso grupo tem um projeto pra Belém, estudou a cidade, tem programas para serem apresentados no sentido de melhorar o orçamento, melhorar a receita própria, resolver o problema do saneamento básico e trazer dignidade aos moradores de Belém", disse o deputado.

sexta-feira, 21 de agosto de 2020

Vice-prefeito de Ananindeua pede proteção ao MP e avisa: "Não vão fazer comigo o que fizeram com o Gordo do Aurá"

A pré-campanha eleitoral no Pará começa, digamos assim, em clima de faroeste.

Pré-candidato a prefeito de Ananindeua pelo PSD, o vice-prefeito do município, Carlito Begot, foi pessoalmente ao Ministério Público, nesta sexta-feira (21), para pedir proteção, depois que um primo dele foi sequestrado e teve o carro incendiado.

"Não vão fazer comigo o que fizeram com o Gordo do Aurá. Eu quero que me respeitem, respeitem a minha família e o povo de Ananindeua", diz Begot, avisando que, apesar das ameaças, não vai desistir da candidatura a prefeito do município.

Gordo do Aurá, lembrem-se, era o vereador Deivite Wener Araújo Galvão, executado com mais de 14 tiros em fevereiro do ano passado no bairro da Pedreira, em Belém.

Assista ao vídeo que Begot está difundindo nas redes sociais.

Priante articula coligação de 10 partidos para disputar Prefeitura de Belém

Priante: articulações para ampliar o arco de alianças em apoio ao MDB

Do Portal OESTADONET

O deputado federal José Priante deve disputar as eleições para a Prefeitura de Belém, em novembro, com o apoio de, pelo menos, 9 partidos politicos que se coligariam ao MDB, partido do parlamentar.


O nome do candidato a vice-prefeito está indefinido. Se não sair dos partidos já acertados para compor a coligação, poderá ser escolhido de uma legenda que já lançou candidatura própria, mas que poderia desistir para compor a chapa, que passaria, então, a ter o apoio de 10 partidos.

 

O Portal OESTADONET apurou que a decisão do MDB lançar candidato próprio foi resultado de uma avaliação de que os índices de aprovação do governo do estado em Belém daria cacife para que o partido do governador Helder Barbalho concorresse à prefeitura de Belém e até disputar o segundo turno.

 

Na quinta-feira (20), Priante recebeu o apoio de 15 vereadores de Belém para sua camapnha, em ato realizado em um hotel da capital. O evento desagradou o vice-prefeito Orlando Reis, que também pretendia se lançar candidato com o apoio do MDB.


Outra estratégia de Priante é atrair o apoio da parcela do eleitorado ligada ao bolsonarismo e aos evangélicos. Esse último segmento poderia até ofecer  o candidato a vice, se as negociações com o partido que já lancou candidato não prosperarem. Quanto aos bolsonaristas do PSL, a estratégia é agregar tempo de propaganda no rádio e na televisão.

quinta-feira, 20 de agosto de 2020

Priante deve ser mesmo o candidato do MDB. Silêncio de Helder começa a ser quebrado pela voz de Iran Lima.




A pré-candidatura do deputado federal José Priante ganha corpo no MDB.
Nesta quinta-feira (20), ele recebeu o apoio de 14 vereadores, durante almoço no Hotel Grand Mercure.
Helder Barbalho está em Marabá e, portanto, não esteve no almoço. Mas foi como se estivesse, porque seu chefe da Casa Civil, Iran Lima, compareceu e anunciou-se como porta-voz do governador no apoio à candidatura do deputado.
No final de julho, o Espaço Aberto adiantou que amplos segmentos do MDB já estavam manifestando, internamente, apoio à candidatura de Priante, mesmo diante do silêncio de Helder, que somente agora começa a ser quebrado.

Bannon, o boca porca, está na cadeia. Bolsonaristas devem estar achando que é conspiração.



Steve Bannon - com Bolsonaro, Carluxo e Eduardo: na política,
quase sempre, os semelhantes se atraem. Mas isso é uma outra história.

Desde que Trump assumiu a presidência dos Estados Unidos, já li uns quatro ou cinco livros sobre ele e seu desgoverno.

Das obras que já li até agora, três impactaram-me.

Um deles é "Fogo e Fúria". Outro, "Trump - O cerco sob fogo cruzado". O terceiro, "Medo - Trump na Casa Branca", que Bob Woodward escreveu e traz a marca plena do jornalista que destampou os porões de Wattergate e derrubou o governo Nixon.

Essas obras falam de perversões sexuais, incluindo relatos de estupro - um, pelo menos - que teria sido cometido por Trump contra uma assessora dentro de um avião.

Falam de imundícies - homofobia, misoginia, preconceitos, racismo, discriminação e baixezas morais de toda espécie.

Falam de desonestidades atrozes.

Falam de inapetências intelectuais.

Falam da absoluta incapacidade de um governante de gerir um país das dimensões dos Estados Unidos.

Donald Trump, evidentemente, é o personagem emblemático, digamos assim, dessas qualidades que degradam qualquer senso de humanidade.

Mas livros sobre ele, inescapavelmente, também se referem fartamente a Steve Bannon.

Trumpistas, fascistas direitistas, extremistas e outros istas - inclusive bolsonaristas, não esqueçamos - consideram-no um mago, uma espécie de entidade que baixou à Terra (plana?) para fazê-la mais feliz, mais liberal, mais fraterna e democrática, livre de esquerdistas, comunistas e maconheiros (os bolsonaristas incluiriam petistas, é claro).

Consideram-no o maior estrategista de campanha que o mundo político já produziu em todos os tempos.

Pois é.

Já outros istas - antitrumpistas, antifascistas, antidireitistas, anti-extremistas e antibolsonaristas poderão classificar Bannon, de acordo com os elementos apresentados por esses livros, como um porco - literalmente um porco, um sujeito malcheiroso, repulsivo, fedorento, que prima pela falta de higiene.

Temos ainda o Bannon boca porca, aquele que expele palavrões, xingamentos e conceitos desairosos a mulheres e homossexuais, entre outros.

Livros como esses também mostram Steve Bannon como o inescrupuloso, o oportunista, o aproveitador, o sujeito que procura todas as formas de perverter conceitos - legais, inclusive -, tudo em nome da causa maior de disseminar pelo mundo a ideia de que o conservadorismo deve triunfar a qualquer preço, para livrar a Terra de uma hecatombe.

Nesta quinta-feira (20), Steve Bannon foi indiciado e preso sob a acusação de desviar dinheiro de uma campanha de apoio à construção de um muro entre os Estados Unidos e o México - uma das promessas da campanha de Trump em 2016.

A campanha "We Built That Wall" (nós construímos o muro, em tradução literal) arrecadou US$ 25 milhões (cerca de R$ 142 milhões, na cotação atual) que foram doados de centenas de milhares de pessoas.

Segundo o Departamento de Justiça, ao menos US$ 1 milhão (R$ 5,64 milhões, na cotação atual) teria ido para o próprio Bannon, que usou o dinheiro em outras de suas organizações ou para ele mesmo.

Ao menos uma parte desse montante "foi usado por Bannon para cobrir centenas de milhares de dólares em despesas pessoais dele", disseram os promotores.

Esse é o Bannon que eu conheço.

Esse é a versão Steve Bannon que os livros que já li confirmam amplamente.

Esse é o Bannon moralista. Mas sua moral não veda, claro, aproveitar-se do dinheiro alheio.

Resta saber se, saindo da cadeia, Bolsonaro vai importá-lo.

Uma dobradinha entre Olavo de Carvalho e Steve Bannon seria, acredito, o sonho dentro dos melhores sonhos de bolsonaristas.

Aliás, da última vez que Bolsonaro esteve nos Estados Unidos, ele e os filhos Carluxo e Eduardo não dispensaram uma foto com seu guru.

Os opostos se atraem, diz a velha máxima.

Mas nem sempre.

Na política, vocês sabem, quase sempre os semelhantes é que se atraem.

segunda-feira, 17 de agosto de 2020

"Caso Sabino" é adiado para quinta-feira. Pedido de expulsão não foi tratado em reunião extraordinária, mas constou de ata.

A reunião da Executiva Nacional do PSDB, que decidirá se encaminha ou não ao Conselho de Ética o pedido de expulsão do deputado federal Celso Sabino (PA) foi adiada de hoje para a próxima quinta-feira (20). A informação foi dada ao Espaço Aberto pelo próprio parlamentar, em conversa há pouco, por telefone.

"Continuo convicto de que esse caso não passa de perseguição política pelo pessoal de São Paulo. Não sei nem se há um certo bairrismo, mas é uma perseguição política contra mim. Não há razões para expulsar-me. Tenho estudado o Estatuto do partido, e o fato de ter sido indicado para Líder da Maioria não se esquadra em nem um dos quatro motivos previstos no estatuo que ensejariam minha expulsão", reforçou Sabino.

Ele encaminhou ao blog a pauta de reunião extraordinária da Executiva Nacional (imagem ao lado), realizada na  última quinta-feira, que teve apenas um assunto em pauta: a Resolução do TSE nº 23.605/2019, que trata sobre gestão e distribuição de recursos de campanha.

Mesmo assim, a ata da reunião, que o deputado também encaminhou ao blog (imagem acima), foi consignado que a Comissão Executiva Nacional julgou admissível a representação que pede sua expulsão para encaminhá-la ao Conselho Nacional de Ética e Disciplina, nos termos do estatuto partidário.

"Resolveu a Comissão Executiva Nacional admitir e encaminhar a representação, nos termos do estatuto, para que o parlamentar seja ouvido e possa exercer o direito a ampla defesa e contraditório", diz a ata.

Sabino, no entanto, aponta esse episódio como um flagrante atentado ao direito à ampla defesa e ao contraditório, uma vez que até agora ainda não teve acesso aos termos do pedido de expulsão.

Lembra o parlamentar que a ampla defesa e o contraditório devem ser respeitados em qualquer fase do processo, e não apenas no âmbito do Conselho de Ética, se a representação vier a ser encaminhada ao colegiado.

PSDB põe "caso Sabino" em pauta e deve aprovar hoje o encaminhamento do pedido de expulsão do deputado ao Conselho de Ética

Celso Sabino: expulsão do PSDB, a pedido da direção nacional, torna-se cada vez mais
iminente se a Executiva encaminhar o caso ao Conselho de Ética, o que deve ocorrer hoje

Caminham rapidamente, para não dizer a jato, os procedimentos da Executiva Nacional do PSDB para expulsar o deputado federal Celso Sabino (PA), como punição por ter sido indicado pelo Centrão para ocupar o posto de líder da Maioria na Câmara dos Deputados.

O site Poder 360, em matéria divulgada no início da manhã desta segunda-feira, dá como certo que a Executiva dos tucanos encaminhará ainda hoje o pedido de expulsão ao Conselho de Ética. Ele explicou que convocou nova reunião executiva para esta segunda, para “não deixar nenhum questionamento”. O pedido de expulsão de Sabino é o único assunto em pauta.

Bruno Araújo, presidente do PSDB, disse que o caminho do partido é a oposição ao governo de Jair Bolsonaro. O presidente da República tem se aproximado do Centrão e, por isso, a indicação de Sabino não foi bem vista na legenda.

Segundo o Estado de S. Paulo, o deputado conta apenas com o apoio do grupo ligado a Aécio Neves (PSDB-MG), 1 de seus principais aliados. Aécio teria sido responsável por articular junto ao Centrão a indicação de Sabino ao cargo governista.

Sabino, segundo informa o Poder 360, disse ao Estadão que o tema de sua possível expulsão não entrou na pauta da última reunião executiva, em 13 de agosto, e que o processo estava se movendo “rápido demais”. “Não podem marcar uma reunião com uma pauta e na última hora votar outra. Essa correria compromete os princípios do contraditório e amplo direito de defesa”, afirmou Sabino.

A expulsão de Sabino, caso venha ser consumada, será um golpe em suas pretensões em ter sua pré-candidatura a prefeito de Belém considerada pela agremiação, conforme pedido que ele próprio formalizou no final de julho.

No momento, o PSDB de Belém e outras nove agremiações avaliam apenas duas alternativas de candidato a prefeito de Belém: dos deputados Cássio Andrade (PSB) e Thiago Araújo (Cidadania).

sábado, 15 de agosto de 2020

É o auxílio emergencial, estúpidos!

Bolsonaristas estão em festa.

Nas redes sociais, além de estourarem foguetes, marcam churrascada. Só entra quem não estiver com máscara. E quem comparecer ao regabofe (inclusive os robôs, é claro) terá direito a uma copada de cloroquina.

Por que essa festa toda?

Por causa da nova pesquisa Datafolha mostrando que Bolsonaro cresceu assustadoramente na aprovação popular em curtíssimo espaço de tempo.

Justifica-se a exaltação dos bolsonaristas? Sem dúvida que sim.

O crescimento seria algo assim fenomenal e fora da curva, algo digno apenas de mitos como o Mito? Sem dúvida que não.

Não é preciso ser um pesquiseiro e nem analista especializado em nada e em coisa nenhum para se concluir facilmente que a subida de Bolsonaro é lógica por dois  motivos.

Primeiro, porque a aferição já detectar o impacto positivo do alívio - justificado, natural e providencial, vale dizer - do pagamento do auxílio emergial de R$ 600 nas classes menos favorecidas, nas quais o índice de desemprego está sendo mais violento em decorrência da pandemia.

Segundo, porque a classe média, e sobretudo esta, reagiu favoravelmente à mudança de postura de Bolsonaro, transformado de produtor de crises diárias num governante mais comedido, inclusive em suas alocuções - antes excrementosas e agora formuladas com menos, um pouco menos, de inadequações (mas ainda excrementosas, registre-se).

Isso tudo, no entanto, pode se resumir à famosa fase do economista James Carville.

Estrategista eleitoral de Bill Clinton em 1992, ele escreveu num cartaz, que mandou pendurar na sede da campanha: "É a economia, estúpido!", indicando que esse deveria ser o foco do discurso democrata para derrotar o republicano Geroge H. Bush.

É o auxílio emergencial, estúpidos.

Basicamente, é isso que os bolsonaristas devem compreender, neste momento em que festejam a subida de Bolsonaro nas pesquisas.

Mas, como já se disse aqui, fiquem certos que o "novo" Bolsonaro não existe. Ele é um fake. É o próprio escorpião da fábula.

Bolsonaro nasceu em 1955? Mas tudo indica que ele já prescrevia receita médica em 1918.

As biografias - oficiais e oficiosas - indicam que Bolsonaro nasceu em 1955 e Trump, um de seus mestres, tutores intelectuais (hehe) e inspiradores, em 1946.

Sei lá.

Passei a não acreditar muito nisso desde que li a nota acima, publicada na coluna de Ancelmo Gois, em “O Globo” deste sábado (15).

Leiam.

É impressionante.

O fato narrado pela historiadora ocorreu em 1918, durante a Gripe Espanhola.

Naquela época, imagina-se, gente como Trump e Bolsonaro ainda não haviam nascido.

Mas é como se tivessem.

Fora de brincadeira!

sexta-feira, 14 de agosto de 2020

Do topo da glória ao abismo. Dos melhores sonhos ao pior dos pesadelos. Esse é o Barça. Esse é o futebol.

Esse jogo aí, torcedor nenhum esquece.

Foi em março de 2017. Pela Champions.

O Barcelona, no jogo de ida, perdera por 4 a 0 para o PSG.

Na volta, em casa, ganhou de 6 a 1 e se classificou. Os três últimos gols foram marcados depois dos 45 minutos do segundo tempo.

Estações sismológicas da região da Catalunha detectaram, na área da cidade de Barcelona, uma vibração no solo equivalente à de um leve terremoto quando saiu o último gol.

Foi um jogo histórico. Uma das viradas mais impressionantes da história do futebol.

Hoje também.

Há pouco, no Estádio da Luz, em Lisboa, esse mesmo Barça mágico, esse mesmo Barça dos sonhos foi destroçado, arrasado, detonado, transformado em fanicos por um Bayern tecnicamente perfeito, preciso, brilhante. E acabou sofrendo uma goleada histórica de 8 a 2 (vejam os gols abaixo), em jogo válido pela mesma Champions.

O futebol é apaixonante por isto mesmo: porque a história é escrita de forma inusual, muitas vezes, a cada jogo, a cada rodada, a cada partida, a cada minuto, a cada lance.

E com o mesmo time.

Como o Barcelona mágico, que agora conhece as funduras insondáveis do abismo onde amarga uma derrota histórica, improvável, como se fosse uma verdadeira hecatombe, como estão dizendo os jornais espanhóis.

quinta-feira, 13 de agosto de 2020

Vaias, mal-estar, aplausos, encenações e "macheza" no palco de Bolsonaro em Belém. E o show vai continuar.

A inauguração da primeira etapa do Projeto Belém Porto Futuro, na manhã desta quinta-feira (13), foi verdadeiramente um espetáculo.

Vamos e convenhamos, foi um show.

Um show armado por Bolsonaro, para êxtase de bolsonaristas.

Um espetáculo, um show que serviu como uma espécie de acerto de contas (ainda bem que apenas verbal) entre os diversos atores presentes à solenidade. O maior ator foi Bolsonaro, é of course.

Como o Espaço Aberto anteviu na postagem Tensão e repulsa antecedem inauguração do Belém Porto Futuro. Governo do estado está alerta para protestos de bolsonaristas., disponibilizada ontem à noite, os protestos de fato aconteceram. E aconteceram também outras performances. Todas deploráveis.

Confiram a íntegra da solenidade - ou do show - no vídeo acima.

Houve vaias. Elas voltaram-se exclusivamente contra o governador Helder Barbalho, alvo de hostilidades de bolsonaristas não é de hoje. No vídeo acima, os apupos não são plenamente audíveis, ao contrário de outros vídeos que circulam em profusão nas redes sociais e fazem ecoar os protestos contra o governador.

Houve vaias. Elas voltaram-se também contra Bolsonaro, no momento em que ele começou a falar. Emanaram de antifascistas, que não suportam a presença, em Belém, de um homem com viés francamente autoritário, que já prestou homenagens públicas a torturadores e que, muito embora pose de amante da democracia, não engana ninguém sobre suas reais intenções autoritárias.

Houve um momento extático - isso mesmo, extático com x -, em que o prefeito de Belém, Zenaldo Coutinho, deve ter sentido os arrepios do êxtase num pronunciamento que não durou nem 1 minuto. Durou cerca de uns 50 segundos. Mas esse tempo foi suficiente para o tucano não citar Helder nominalmente e para enfatizar que Belém e o Pará agradeciam a Bolsonaro os insumos e os equipamentos recebidos para fazer frente à pandemia. Foi um recado explícito ao governador, que durante a fase crítica da pandemia procurou colar em Zenaldo a pecha de gestor ineficiente nas ações de combate à doença, enquanto arrogava-se para si próprio, Helder, a iniciativa de atuar até no âmbito do município de Belém para minorar os impactos da crise. Bolsonaristas (também eles extáticos) aplaudiram, e aplaudiram intensamente, o recado-relâmpago, mas certeiro, de Zenaldo.

Houve uma grande surpresa. Helder citou nominalmente Zenaldo e lhe agradeceu por não ter criado embaraços para a construção do Porto Futuro.

Houve ficção. Rogério Marinho classificou a "resiliência, foco, determinação e espírito público", exatamente nessa ordem, como qualidades de Bolsonaro. Resiliência, vá lá - porque o Capitão, o pior presidente do Brasil em 500 anos de história, não deveria mais ter nem 1% do apoio popular. Mas ainda tem em torno de 30%. Já falar em "foco, determinação e espírito público" num homem que não acredita na ciência, que estimulou o descumprimento de todas as etiquetas de cautela recomendadas contra o Covid-19, que não articulou políticas com os estados e municípios para enfrentar a pandemia, que até agora considera essa pandemia como uma gripezinha (muito embora evite repetir isso em público) e que já teve três ministros da Saúde (o atual deles na interinidade há quase três meses), um governante que protagoniza uma cenário desses, portanto, pode ter tudo, inclusive Covid-19, mas não tem, desculpem, nem foco, nem determinação, nem espírito público.

Houve números citados com ardor. "Nós destinamos só ao estado do Pará, para ações de combate ao Covid-19, mais de 2 bilhões de reais. Entre os outros estados, proporcionalmente foi o mais atendido no combate ao vírus", vociferou Bolsonaro.

Houve mal-estar e exibições de negacionismo e de macheza explícitas. No palco, o deputado federal Éder Mauro (PSD), aspirante a prefeito de Belém, era o único sem máscara. E estava sentado a 1 metro e meio, se tanto, de Helder, seu novo inimigo político.

Houve aplausos. Como o show era um evento de bolsonarista para bolsonaristas, os bolsonaristas bateram palmas até para arrotos. Desde que tenham provindos das entranhas de bolsonaristas, é claro.

Houve uma manipulação concertada, combinada, sintonizada nos discursos relativos ao empreendimento. Ninguém disse por que as obras estão sendo inauguradas com apenas um terço do previsto no projeto.

Houve uma certeza, depois desse show de malabarismos verbais, encenações e ficções a céu aberto: shows como esse jamais deveriam continuar, mas vão continuar, é claro, sobretudo à medida que se aproximarem as eleições de novembro.

quarta-feira, 12 de agosto de 2020

Tensão e repulsa antecedem inauguração do Belém Porto Futuro. Governo do estado está alerta para protestos de bolsonaristas.

Um parque: essa é a parte mais visível do Projeto Belém Porto Futuro. Inauguração está
marcada para esta quinta (13), com a presença de Bolsonaro, que não é citado uma vez sequer no
texto do governo do estado sobre o evento (Foto Agência Pará)

Pessoas muito próximas ao núcleo de poder do governo Helder Barbalho vivem um misto de tensão e repulsa, horas antes da anunciada chegada a Belém do presidente Jair Bolsonaro, que comandará amanhã a solenidade de inauguração do Projeto Porto Futuro.

O empreendimento, um local de lazer situado na orla de Belém, foi idealizado pelo governador Helder Barbalho quando ainda era ministro da Integração Nacional. As verbas, portanto, são federais. Bolsonaro, segundo se informa, aproveitará a solenidade para transferir a gestão da área ao governo do estado. E aí é que moram as armadilhas.

Segmentos do governo do estado não descartam a possibilidade de que os bolsonaristas acorram às centenas ao local da cerimônia para constranger Helder. Eis o motivo da tensão. E também há pessoas próximas ao governador que se mostram convictas de que Bolsonaro vem inaugurar o empreendimento num momento inoportuno, inclusive porque as obras concluídas alcançam, no máximo, um terço do previsto no projeto. Eis o motivo da repulsa.

A investida dos bolsonaristas para constranger Helder, segundo o Espaço Aberto apurou, poderá incluir a presença do deputado federal Éder Mauro (PSD) no palanque da inauguração. Se tal acontecer, dizem fontes próximas ao governador, será interpretado como uma provocação por Helder, que tem merecido do parlamentar um tratamento de inimigo figadal, desde que a Auditoria Geral do Estado mandou a polícia apreender documentos na Secretaria de Justiça e Direitos Humanos, logo depois que Rogério Barra, filho de Éder Mauro, deixou o órgão.

O distanciamento entre o governo federal e o governo do estado são visíveis. No início da tarde de hoje, o Espaço Aberto confirmou diretamente e oficialmente com a Secretaria de Comunicação do governo Helder Barbalho que toda a programação de inauguração do Projeto Belém Porto Futuro foi organizada pelo governo federal.

Além disso, a notícia sobre a solenidade de amanhã foi publicada na Agência Pará exatamente às 18h50 e posteriormente atualizada às 19h07. A notícia é seca, sucinta, objetiva. Pelo menos até este momento, o texto não não foi mais alterado e não cita uma vez sequer que Bolsonaro estará na solenidade, algo inusitado em se tratando de solenidade à qual estará presente ninguém menos que o presidente da República. E não informa sequer a hora e o local exato da solenidade.

Uma fonte diz não ter qualquer dúvida de que a verdadeira intenção de Bolsonaro, marcando para inaugurar uma obra inconclusa, tem o objetivo apenas de constranger o governador e fazer afagos nos bolsonaristas paraenses, que desde o início da pandemia têm atacado de forma intensa e permanente o governo do estado.

terça-feira, 11 de agosto de 2020

Gustavo Sefer descarta "candidatura auxiliar" e diz que, se disputar a Prefeitura, será de "igual para igual"

O deputado estadual Gustavo Sefer (PSD) está administrando com luvas de pelica o processo - que começa turbulento - de indicação do candidato do partido a prefeito de Belém, nas eleições municipais de novembro próximo.

A cautela deve-se primordialmente a três razões: 1. Sefer é o presidente do Diretório Municipal do PSD de Belém; 2. Ele próprio é, digamos assim, aspirante a pré-candidato da legenda à sucessão do tucano Zenaldo Coutinho; e 3. Além dele, apresenta-se com uma espécie de candidato mais viável eleitoralmente do PSD o deputado federal bolsonarista Éder Mauro, que se transformou não propriamente num adversário, mas num inimigo político do governador Helder Barbalho (MDB), que por sua vez tem em Gustavo Sefer um dos aliados na Assembleia Legislativa do Pará.

Em conversa com o Espaço Aberto, o presidente do PSD lembra que ainda nem se pronunciou oficialmente como pré-candidato e, no momento, está avaliando convites dos Diretórios Nacional e Estadual para concorrer à Prefeitura. Desde logo, ele descarta as especulações de que disputaria a Prefeitura na condição de candidatura auxiliar de Helder, mas avisa: "Caso venha a se confirmar uma pré-candidatura da minha parte, e caso o partido entenda que essa pré-candidatura deva se tornar uma candidatura, eu acho que vamos entrar numa eleição em condições de igual para igual para trabalhar por aquilo que seja melhor pra Belém".

E se Éder Mauro fincar os pés e for para a disputa interna? "Quanto a eventuais candidaturas do partido, caso haja mais de uma, mais de um interesse em se candidatar à Prefeitura, será levado internamente, para que sejam realizadas as prévias internas e se defina quem vai ser o candidato", disse Gustavo Sefer.

Ouça a íntegra da entrevista acima.

PGR ingressa no Supremo contra norma do Pará que estendeu foro privilegiado a membros da Defensoria Pública

A Procuradoria Geral da República ingressou no Supremo Tribunal Federal com uma ADI (ação direta de inconstitucionalidade) contra norma da Constituição do Estado do Pará que, contrariando a jurisprudência do STF, estendeu o foro por prerrogativa de função aos membros da Defensoria Pública do Estado. O processo (veja acima a atuação) está sob a relatoria do ministro Luís Roberto Barroso.

Além dessa ADI, protocolada no sob o número 6501, a PGR ajuizou 16 outras: 6502 (Pernambuco); 6504 (Piauí); 6505 (Rio de Janeiro); 6506 (Mato Grosso); 6507 (Mato Grosso do Sul); 6508 (Rondônia); 6509 (Maranhão); 6510 (Minas Gerais); 6511 (Roraima); 6512 (Goiás); 6513 (Bahia); 6514 (Ceará); 6515 (Amazonas); 6516 (Alagoas); 6517 (São Paulo); e 6518 (Acre).

Todas elas se insurgem contra dispositivos de Constituições estaduais que atribuem foro por prerrogativa de função a autoridades que não são listadas na Constituição Federal, como defensores públicos, delegados, procuradores, auditores militares, presidentes de entidades estaduais e reitores.

O chefe da PGR, Augusto Aras, argumenta que a Constituição estabelece o foro especial para presidente e o vice-presidente da República, deputados federais e senadores, ministros do STF, dos tribunais superiores e do Tribunal de Contas da União (TCU), procurador-geral da República, ministros de Estado, advogado-geral da União, comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, chefes de missão diplomática de caráter permanente, governadores, magistrados, conselheiros dos Tribunais de Contas, membros do Ministério Público e prefeitos. Essas autoridades são a referência para que as constituições estaduais indiquem os seus equivalentes.

Segundo o procurador-geral, os estados não podem inovar nessa área, pois a União tem a competência exclusiva para legislar sobre Direito Processual. A seu ver, as constituições estaduais, ao prever o foro por prerrogativa de função a ocupantes de cargos que não constam da Constituição Federal, violam o princípio da isonomia, pois atribuem tratamento desigual, pois todos os servidores públicos, quando não qualificados como agentes políticos, são processados e julgados no primeiro grau de jurisdição.

Bolsonaro e sua moralidade biruta. Eis aí o motivo da distinção a Temer, esse imaculadamente puro.


Que coisa mais comovente, meus caros.

Comovente e reveladora.
Comovente por tirar do ostracismo, digamos assim, um exemplar dos mais expressivos e genuínos da velha política.
Reveladora por demonstrar que essa história de nova política é conversa pra terraplanista dormir satisfeito, acreditando que um Mito aterrissou na Terra plana e veio reinstaurar as mais puras práticas da moralidade.
Que nada!
A moralidade que Bolsonaro prega, cultua e escarra à vista de todo mundo é aquele moralidade camaleônica, que muda conforme a orientação dos ventos, igualzinho às birutas que ficam em aeroportos.
Mas, repita-se, tem muita gente que acredita.
Acreditando, alimenta suas próprias ilusões.
Alimentando-as, passa a disseminá-las a torto e a direito, inclusive através de robôs.
Vish!