sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

Novo decreto estabelecendo restrições no Pará não é um ato de heroísmo. E nem de benemerência.

Helder e prefeitos anunciam o decreto: agora, o desafio é fazê-lo cumprir (foto: Agência Pará)

O novo decreto do governo do estado, estabelecendo uma série de medidas restritivas para o enfrentamento da segunda onda da Covid-19, não deve ser visto como uma concessão. Nem tampouco como um ato de benemerência. Ou de heroísmo.
Não.
O decreto é, sim, o ato expresso de uma imposição das circunstâncias, de uma imposição do bom senso a que todo administrador deve render-se inapelavelmente, quando se vê compelido, pelos fatos, a adotar quaisquer medidas de largo alcance, sobretudo as impopulares.
E os fatos que levaram à edição do decreto estão aí, para serem vistos a olho nu por quem tenha olhos dispostos a ver uma realidade sem retoques: número de casos em alta, número de óbitos idem, atendimento na rede hospitalar caminhando célere para a saturação absoluta em todas as regiões do estado. Em contrapartida, outros fatos: gente nas ruas, nos bares, nos shows, nas praias, gente em todo lugar, indiferente à letalidade horrorosa deste vírus que já matou mais de 220 mil pessoas em todo o País.
Neste caso, tanto o governador Helder Barbalho como o prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues, e demais prefeitos da Região Metropolitana que aderiram ao decreto renderam-se aos fatos. E isso, reconheçamos, não é algo menor; ao contrário, é digno de ser registrado como um passo positivo da administração pública, em contraste com o horror que tem sido a conduta de um presidente que, dia a dia, demonstra mais e mais evidências de que, a rigor, deveria ser interditado por uma junta médica, dada sua incapacidade mental de gerir sequer um almoxarifado contendo algumas dezenas de latas de leite condensado, quanto mais um País.
O que se espera, agora, é que os poderes públicos façam cumprir o decreto. Porque estamos no Brasil. E no Brasil, como se sabe, os regramentos legais de todas as espécies - de uma lei a um simples despacho contendo uma ordem singela - despertam uma enorme sedução para que as ruas, digamos assim, os transgridam.
Portanto, se os paraenses - como bons brasileiros que são - continuarem a ser paraenses da gema, é muito provável, ou por outra, é absolutamente certo que tentarão desobedecer, item a item, as exigências constantes do decreto. Daí a necessidade de estado e municípios mobilizarem seus mecanimos de repressão (repressão legal, seja bem dito) para fazerem cumprir o decreto.
Integralmente.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

MP Eleitoral pede ao TSE cassação do governador do Pará por abuso de meios de comunicação e uso de fake news

O Ministério Público (MP) Eleitoral no Pará enviou na segunda-feira (25) ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pedido de cassação do governador do estado, Helder Barbalho (MDB), e do vice-governador, Lúcio Vale (PL), por abuso de poder econômico e utilização indevida dos meios de comunicação social na campanha eleitoral de 2018, inclusive com a disseminação de fake news.

Pelas mesmas ilegalidades, o MP Eleitoral pediu a decretação de inelegibilidade, por oito anos, do governador, do vice-governador, e de sócios, proprietários e dirigentes da Rede Brasil Amazônia de Comunicação (RBA), entre os quais está o senador Jader Barbalho (MDB-PA).

Além de privilégio à chapa de Helder Barbalho nos veículos da RBA – alguns concessões públicas – e da divulgação apenas de notícias negativas sobre o candidato adversário, Márcio Miranda (DEM), o MP acusa a chapa por divulgação de propaganda em dia de votações, o que é crime eleitoral, e por usar ilegalmente o sistema de Justiça Eleitoral como parte da estratégia para disseminação de fake news.

Uso ‘espúrio’ de órgãos da Justiça – Entre as notícias falsas citadas pelo procurador regional Eleitoral, Felipe de Moura Palha, uma foi veiculada pelos veículos de comunicação da família Barbalho por meio do uso “ilegítimo e espúrio” de órgãos do sistema de Justiça Eleitoral – Polícia Federal, MP Eleitoral e Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Pará.

Nas vésperas das eleições, a coligação de Helder Barbalho entregou ao MP Eleitoral informações para a instauração de procedimento investigatório do que denominou de “bunker” eleitoral da coligação de Márcio Miranda, que seria um local clandestino utilizado para a prática de diversas ilegalidades, como transações de caixa dois de campanha, corrupção e lavagem de dinheiro.

A coligação de Helder Barbalho acionou o MP Eleitoral, a PF e o TRE, e os veículos da rede RBA disseminaram a notícia falsa sobre o suposto “bunker”. A PF investigou o local e não encontrou nenhuma evidência da ocorrência de atos ilícitos, e o TRE considerou improcedente a ação e condenou a coligação de Helder Barbalho a multa pelo “caráter malicioso da demanda investigatória”.

Detalhes de outras ilegalidades – A utilização abusiva de veículos de comunicação do conglomerado de comunicação RBA em favor da candidatura de Helder Barbalho e para detrimento e depreciação da candidatura de Márcio Miranda foi atestada por provas coletadas em diversos processos, registra o MP Eleitoral, que relacionou várias transcrições com os conteúdos veiculados.

Todos os programas e noticiários contestados nas representações eleitorais foram transmitidos no período antecedente ao segundo turno das eleições, e uma veiculação ocorreu no dia das votações, em 28 de outubro, quando a Rádio Clube deu oportunidade para o candidato Helder Barbalho e a esposa se pronunciarem, sem dar a mesma oportunidade ao candidato Márcio Miranda.

“Todo esse privilégio em meio ao fervor do segundo turno, aproximadamente às 12 horas, quando ainda faltava bastante tempo para o término da votação, o que pode ter lhe assegurado votos importantes para a vitória no pleito”, aponta o procurador regional Eleitoral.

A divulgação de qualquer espécie de propaganda de partidos políticos ou de seus candidatos no dia da eleição é crime punível com detenção, de seis meses a um ano, com a alternativa de prestação de serviços à comunidade pelo mesmo período, e multa.

A manifestação do MP Eleitoral ao TSE foi feita em recurso contra decisão do TRE que considerou improcedentes ações ajuizadas pelo também candidato a governador em 2018 Márcio Miranda e sua coligação.

Processo nº 0602190-58.2018.6.14.0000 

Íntegra do recurso

Fonte: Ascom do MPF do Pará

segunda-feira, 25 de janeiro de 2021

Advogado das vítimas da chacina de Pau D'Arco vai ficar em prisão domiciliar

O advogado José Vargas Júnior obteve, há pouco, o direito de ficar em prisão domiciliar, decisão tomada por desembargadores que votaram um pedido de habeas corpus impetrado pela defesa do acusado. O HC foi impetrado para que ele fosse libertado, mas, alternativamente, a defesa pediu a prisão domiciliar, que acabou sendo concedida.

Ele é o advogado das vítimas da chamada de Chacina de Pau D'Arco, ocorrida em 2017 na fazenda Santa Lúcia, no sudeste do Pará. A chacina resultou na morte de dez trabalhadores sem-terra. Os 16 policiais civis e militares apontados como autores estão em liberdade, mas Vargas estava na cadeia desde o início deste ano.

O Ministério Público do Pará (MPPA) denunciou policiais pelos crimes de homicídio, tortura, associação criminosa e fraude processual. Em depoimento, os policiais afirmaram que o grupo de posseiros que estava na fazenda tinha arma de fogo e recebeu a polícia a tiros.

No dia 1º de janeiro, ele foi detido sob a acusação de envolvimento em outro caso de homicídio. A polícia apreendeu o seu celular e computador. Mais de vinte organizações de direitos humanos denunciaram a prisão e manifestaram apoio público a Vargas, entre elas a Front Line Defenders, a Justiça Global, a Terra de Direitos e a Articulação dos Povos Indígenas no Brasil. No Facebook, o perfil intitulado Liberdade para Vargas acompanha o caso.

Vargas ganhou certa fama local por mover ações que contrariam grandes grupos econômicos da região. Além das vítimas e assentados do caso da chacina, ele defende os indígenas Kayapó contra a invasão de seu território por mineradoras e ganhou ação emblemática movida por trabalhadores sem-terra contra a JBS. 

Vargas é conhecido por questionar abertamente a polícia e o Judiciário local – coisa que poucos que moram na região têm coragem de fazer. Seu último movimento, no caso da chacina, foi denunciar a parcialidade do juiz que autorizou a reintegração de posse da área ocupada. O juiz Haroldo Silva da Fonseca autorizou o despejo das mais de cem famílias que vivem e produzem desde 2013 na área onde houve a chacina. Entre elas, estão os sobreviventes do massacre. A remoção só não ocorreu ainda devido à pandemia.

“A vara agrária continua como despachante de latifundiário”, declarou Vargas logo após a audiência, em janeiro de 2020, para matéria publicada pela Repórter Brasil. Na ocasião, o promotor Leonardo Caldas, que representa o Ministério Público Estadual na ação de reintegração, criticou uma estratégia jurídica usada por Vargas para tentar tirar o juiz do caso e adiar o despejo. O promotor moveu uma representação contra Vargas na Ordem dos Advogados do Brasil. Caldas é o mesmo promotor que pediu a prisão de Vargas.

“São fatos totalmente independentes, não há relação de causa e efeito”, afirma o promotor. “A prisão do Vargas se deu agora, em 2020. O fato dele ter atuação ativa na Santa Lúcia [fazenda onde houve a chacina em 2017] são matérias totalmente diferentes. Um caso é conflito agrário, o outro é o homicídio de presidente de uma associação dos epilépticos que estava em vias de receber verbas públicas. Não tem nenhuma zona de intersecção”.

Com informaçoes do blog de Lúcio Flávio Pinto

domingo, 24 de janeiro de 2021

Bolsonaro é louco?

Admitamos: essa é a pergunta que todos nós, ou melhor, que muitos de nós fazemos a cada dia, o dia todo, seja para os outros, seja para nós mesmos.
E esse não é, não, um questionamento desarrazoado, desajuizado, impertinente, exagerado ou impregnado por preconceitos ideológicos, sejam quais forem.
Os fatos - e contra os fatos, não esqueçam, ninguém deve brigar, a menos que o ninguém seja um louco - ensejam nossas perplexidades, nossas dúvidas, exasperações, indignações e repulsas, quando vemos um homem como Bolsonaro sequer demonstrar um pingo, uma réstia de compaixão por mais de 200 mil pessoas que já morreram no País vítimas de uma pandemia horrorosa.
Por isso, vale a pena ler o artigo abaixo, do sempre polêmico, instigante e fundamentado - ainda que dele se possa discordar, é claro - Hélio Schwartsman, disponível na edição deste domingo (24) da Folha de S.Paulo.
Vale a pena refletirmos e buscarmos, de alguma forma, uma explicação que nos permita entender, minimamente que seja, o caráter e a personalidade desse cidadão.
Um cidadão que pode até não ser louco, conforme critérios científicos da psiquiatria.
Mas, quase sempre, parece que é.



sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

Jacaré evita a vacina para não virar Waldir Ferraz

Espiem só.

A nota está na coluna Radar, da nova edição de Veja que começou a circular nesta sexta (22).

Pelo visto, Jacaré não vai tomar vacina porque tem medo de virar Waldir Ferraz.

É o que parece!

quarta-feira, 20 de janeiro de 2021

Com Biden, voltamos à normalidade. Mas parece que até a normalidade já virou meio anormal.



Vejam vocês o que estes tempos anormais fazem com a gente.
Hoje vivemos um momento histórico: a posse de Joe Biden como presidente dos Estados Unidos, sucedendo a um maluco que agora começa a mofar nos porões da história.
Com Biden, que tem como vice Kamala Harris - a primeira mulher, e negra, a exercer esse cargo -, voltamos à normalidade.
Mas, sério mesmo, pra mim essa normalidade, que se reinaugura com Biden presidindo a maior potência do planeta, já é muito esquisita.
É uma normalidade meio que anormal.
Depois de quatro anos de tanta maluquice, de tanto fanatismo, deboche e negacionismo, como foram os anos Trump, voltarmos à normalidade agora é uma bênção.
Mas precisamos ainda deixar a ficha cair para nos conscientizarmos que voltamos a viver tempos normais.

terça-feira, 19 de janeiro de 2021

Aprenda com o Butão, Pazuello. Aprenda com o Afeganistão, Bolsonaro.

Olhem só uma imagem do Butão. Se você quer vacina indiana, vá pra lá. Porque, por aqui,
tudo dependerá de Bolsonaro, Pazuello e Ernesto Araújo aprenderem como se negocia.

Vejam só como são as coisas.

O Antagonista informa, citando como fonte a Chancelaria indiana, que amanhã, quarta-feira (20), a Índia mandará vacinas para Butão, Maldivas, Bangladesh, Nepal, Myanmar e Seychelles. Na sequência, em data a ser definida, serão abastecidos Sri Lanka, Afeganistão e Ilhas Maurício.

E o Brasil?

Nadica de nada.

O Brasil, de acordo com o site, integra uma lista de 69 países que aguardam receber vacinas da Índia, mas deixou de ser prioridade. Fontes diplomáticas indianas afirmam que a atuação do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, é comparável a “um elefante numa loja de cristais”.

Araújo, não esqueçam, é um dos fanáticos de maior destaque do governo Bolsonaro.

Entre outros feitos, ele já chegou a dizer que o nazismo é de esquerda e permitiu-se o desplante de passar um pito na China, depois que o regime chinês mostrou-se exasperado com postagens debochadas de Eduardo Bolsonaro.

Pois é.

Enquanto ficamos chupando os dedos à espera da vacina indiana, em meio a uma tragédia que se agrava a cada dia, outros países já têm data para receber o imunizante fabricado na Índia.

Aprenda com o Butão, Pazuello.

Aprenda com o Afeganistão, Bolsonaro.

Aprenda com as Maldivas, Ernesto Araújo!

segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

Pazuello já encontrou seu novo marqueteiro: João Doria

Doria com a enfermeira Mônica Calazans: o tucano dirigiu seu próprio show de marketing

Pazuello: sentado, duro, tenso, teso, empaletozado. E o marketing? Procure o Doria, Pazuello.

O governo Bolsonaro procura, urgentemente, um marqueteiro para o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello.
O ministro Pazuello, mais urgentemente ainda, está à procura de um marqueteiro para si mesmo.
Até agora, só um nome de marqueteiro acode à lembrança de Bolsonaro e Pazuello: João Doria, governador de São Paulo.
Doria, goste-se dele ou não, empregou - a seu favor, é claro - todas as boas lições do marketing político.
Fez tão bem que, se bobearem, acabaremos acreditando que ele, Doria, pesquisou, organizou os testes, testou-se, produziu, aprovou, importou, está fabricando e ainda vai aplicar a vacina contra a Covid em todos os brasileiros. Tudo isso sozinho, ressalte-se.
No evento que marcou o início da vacinação em São Paulo, neste domingo (17), Doria esteve impecável como marqueteiro de si mesmo.
Não deixou que ninguém dirigisse seu show: ele próprio o dirigiu.
Escalou - oportunamente, acertadamente e merecidamente - uma enfermeira, negra, atuando na linha de frente no combate à Covid, para ser a primeira pessoa a receber a vacina.
Doria funcionou como mestre de cerimônias.
Tinha ao lado cientistas e técnicos - quase todos da área de Saúde.
O proprio Doria anunciava os jornalistas e indicava quem iria responder às perguntas.
Estavam - ele e os participantes da efeméride - trajados informalmente, com leveza. E todos envergando a mesma blusa, com menção explícita ao Butantan e, portanto, dando prevalência à instituição científica envolvida com a vacina.
Doria deixou a cargo de auxiliares testemunharem, de viva voz, as mentiras do governo Bolsonaro sobre a vacina. Mentiras disseminadas por Pazuello, é claro.
O governador esteve tão à vontade que, no dia D, na hora H, não hesitou em dizer claramente que Pazuello mentiu sobre a vacina. Por extensão, chamou o próprio governo Bolsonaro de mentiroso.

O marketing da tragédia

E Pazuello, como se portou?
Estava duro.
Estava tenso.
Tenso e teso.
Estava visivelmente nervoso.
Sentado.
Empaletozado.
Claramente irritado.
Em meio a tudo isso, ainda se permitiu disseminar mentiras (como a de dizer que o governo federal investiu R$ 80 milhões para a produção da vachina que seu chefe, Jair Bolsonaro, sempre desprezou e da qual tanto tem debochado).
Tem mais: sem saber o que dizer, Pazuello foi cair na besteira de criticar o que classificou de "jogada de marketing" do governador paulista.
Com isso, o ministro matou a bola no peito, arriou-a no gramado e fez um passe açucarado para Doria marcar o gol. E o gol foi Doria dizer que o governo Bolsonaro, em vez de golpe de marketing, tem promovido "golpe de mortes".
Hehe.
Depois dessa tragédia toda, protagonizada por Pazuello, o que estará fazendo o marketing político do ministro da Saúde?
Provavelmente deve estar, a esta altura, procurando João Doria para ser o marqueteiro - de Pazuello e do governo Bolsonaro.
Se vocês encontrarem João Doria antes, indiquem-no ao marketing político de Pazuello, que, por sua vez, poderá encaminhá-lo ao ministro. Urgentemente.

Por que os bons morrem? Por que os bons como Cláudio-Epaminondas têm que morrer?



Por que os bons têm que morrer.
Por que é preciso fenecer a vida dos que são bons?
Por que morre uma pessoa como Cláudio Rendeiro?
Eu soube de sua morte por volta das 7h30 desta segunda-feira através de uma amiga, que me pediu para não divulgar de imediato essa perda horrível. Mais uma perda decorrente da Covid-19.
Era preciso esperar um pouco.
Cláudio Rendeiro com os filhos: legado de cidadania,
de bons exemplos e de muito humor
Estou divulgando apenas agora, quase cinco horas depois.
Nessas ocasiões, esse é o lapso  mínimo de tempo necessário para que possamos refletir sobre a finitude da vida e, afinal, sobre por que os bons têm que morrer.
Não conheci Cláudio Rendeiro pessoalmente. Mas aprendi a admirá-lo no personagem que ele passou a encarnar, Epaminondas Gustavo, o caboclo paraense, com seu linguajar próprio, marcante e único, com seu jeito de ser hospitaleiro, verdadeiro, despachado e de muita sabedoria.
A mesma amiga que me informou sobre a partida de Cláudio-Epaminondas mandava-me, com frequência, seus áudios matinais, disseminado entre grupos de fãs que ele tinha no WhatsApp.
Eram áudios com bons dias temperados com muito bom humor e otimismo. Impossível não compartilhá-los com amigos.
Pessoalmente, tive a ventura de vê-lo pessoalmente em duas oportunidades.
A primeira, em maio de 2018, na Justiça Federal, num stand up de Epaminondas no encerramento de evento que reuniu oficiais de Justiça.
A segunda foi em outubro, também em 2018, quando assisti, no Teatro Margarida Schivasappa, do Centur, ao show Confrenti com Epaminondas, dirigido por meu amigo Ailson Braga.
"Égua, mano. Eu perdi um amigo. E o mundo, o Pará, o Brasil perderam um humorista maravilhoso, um cara sempre feliz, inteligente. E dentro de sua própria área, a magistratura, era um cara muito safo. Estou arrasado. A ficha ainda não caiu direito. Eu jurava que ele ia escapar", disse-me há pouco Ailson, entre lágrimas.
Pois é.
Todos estamos arrasados.
Para todos nós, a ficha ainda não caiu direito.
Todos esperávamos que ele fosse escapar.
Mas não deu.
Não deu para mantermos a companhia física de Cláudio-Epaminondas, de Epaminondas-Cláudio.
Mas temos muitos, incontáveis exemplos que ele nos legou. E assim poderemos cultivar ótimas, positivas e edificantes lembranças suas.
Não temos como deixar de tornar imorredouro  o exemplo de um cidadão que, em mais de 25 anos na magistratura, coordenou o “Começar de Novo”, projeto do Tribunal de Justiça do Pará, promovendo a reinserção social de presos, a fim de prevenir a reincidência da prática de crimes. Também trabalhou na interiorização da Vara de Execução Penal de Penas e Medidas Alternativas em 12 comarcas.
E o artista?
Na pele de Epaminondas Gustavo, Cláudio Rendeiro reuniu elementos da cultura paraense para divertir o público e ajudar a destrinchar, a traduzir o “juridiquês” a qualquer pessoa (assistam ao vídeo acima). Ele chegou a protagonizar campanhas, shows de stand-up, eventos e peças publicitárias, destinando 100% de seu cachê a instituições de caridade.
Por essas e outras lembranças, o tempo é de chorar, sim.
Mas, chorando, devemos festejar o fato de que Cláudio-Epaminondas, chegando ao fim da vida, deixa a todos os paraenses que tiveram a ventura de conhecê-lo um legado precioso que inclui ações de cidadania, gargalhadas e ótimos e divertidíssimos momentos que todos tivemos com ele.
Mas, sinceramente, fica aquela pergunta: por que os bons têm que morrer?

domingo, 17 de janeiro de 2021

Anvisa aprova a "vachina". Já estou reformando meu guarda-roupa. Estou me preparando para virar jacaré!

E por que não um jacaré como mascote da campanha de vacinação do Ministério da Saúde? Mas
convém esperar. Tudo vai depender do marketing político revolucionário que orienta Pazuello.

Enfim, gente!
A área técnica da Anvisa acaba de aprovar o uso emergencial da Coronavac, a vacina do Doria, segundo os doristas, ou a vachina que faz a gente virar jacaré, segundo excelências do conhecimeno que inspiram o cientista Jair Bolsonaro.
Diante dessa notícia alvissareira, quero avisar pra todo mundo que já estou reformando meu guarda-roupa: vou trocar tudo pra me vestir de jacaré.
Porque, como já disse por aqui em postagem anterior, em quero qualquer vacina: a do Doria, a do jacaré, a dos chineses, enfim, quaquer uma. Quero, acreditem, até a vacina do Bolsonaro, desde que aprovada pela Anvisa, é claro, e desde que me assegurem que a gente não vira um idiota depois de receber o imunizante. Porque jacaré, eu até aceito virar. Mas virar idiota, aí não.
O certo é que agora estou aguardando, ansiosamente, pra saber como será o lançamento dessa campanha de vacinação pelo Ministério da Saúde, que há umas três ou quatro semanas orienta-se a partir de novas, criativas e revolucionárias estratégias de marketing.
Como Bolsonaro já rejeitou publicamente a vacina chinesa e depois, por força das circunstâncias, voltou atrás, não duvido que seja ele próprio, o presidente da República, o primeiro a ser vacinado com a vacina do Doria.
E também não me assustarei se, após ser vacinado, Bolsonaro proclame ao mundo algo como: Façam como eu: vacinem-se, porque a gente não vira jacaré e ainda fica imunizado. Eu garanto.
Mas outros me dizem que Bolsonaro pode vacinar-se escondido, para não dar o braço a torcer. Também é possível isso.
Porque de uma sumidade intelectual e moral como Bolsonaro, pode-se esperar tudo, né? Pode-se esperar tudo, inclusive nada.
Pelo sim, pelo não, é melhor aguardarmos a campanha de vacinação a ser engendrada pelo marketing do Ministério da Saúde.
Será, suponho, uma campanha revolucionária.
E quem sabe o mascote da campanha não será um jacaré, gente?
Fica a dica.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2021

Reitor da Ufopa acusa críticos de compra de imunizante contra Covid-19 de serem "antivacina"

Do Portal OESTADONET

O reitor da Universidade Federa Oeste do Pará (Ufopa), Hugo Diniz, após mostrar interesse pela comprar junto ao Instituto Butantan de cerca de 10 mil vacinas contra a Covid-19, subiu o tom nas redes sociais nesta sexta(15) para acusar os críticos de sua  polêmica iniciativa de fazerem parte de um movimento antivacina. Leia AQUI

O Portal OESTADONET foi o único veículo da imprensa profissional de Santarém a criticar a compra de vacina para imunização da comunidade acadêmica em desacordo com o calendário do SUS. Leia AQUI e AQUI

 

Na quinta-feira (14), por meio de redes sociais o SINDUFOPA publicou uma nota em que professores da instituição criticam a reitoria da UFOPA e defendem a imunização contra Covid exclusivamente de acordo com o plano nacional de vacinação. (LEIA a nota no final do texto)

 

Hugo Diniz  informou, por meio de postagem nas redes sociais, que “todo movimento anti-vacina é contra as vidas”. 

 

O jornalista Miguel Oliveira, editor do Portal OESTADONET rebate Hugo.

 

"Ao acusar os que honestamente lhe fazem criticas por medida desarrazoada, como é no caso dos advogados Paulo Bemerguy (Leia AQUI) e Mary Cohen,  serem antivacina é apostar na desinformação, tal qual faz Bolsonaro, o que contribui ainda mais para o caos que se instalou na saúde pública nesta pandemia. Ninguém em sã consciência é contrário à vacina, o que se combate são pretensos privilégios", observou o jornalista.

 

0 reitor destacou ainda que alguns trabalham para que o processo de vacinação continue ainda mais atrasado, apenas para trazer munição política para este tempo já tão conturbado.

 

“Nenhum movimento desses vai impedir que tenhamos um posto de vacinação dentro da UFOPA, com vacina comprada por nós ou não. E vamos continuar a serviço do SUS para levar vacinação, o mais rápido possível, para o maior número possível de pessoas, o mais longe que conseguirmos”, finalizou o reitor.

 

Segundo Miguel Oliveira, já sabendo da repercussão negativa, o reitor da UFOPA já trabalha com o plano B, ao mencionar em sua nota no Facebook a alternativa de montar postos de vacinação dentro da universidade, o que não seria novidades porque providências dessa natureza são tomadas por diversos órgãos e entidades em período de campanha de vacinação.

 

Nesta sexta-feira, também, o Instituto Butantan anunciou que não vai fornecer vacina contra Covid a cliente que não seja o Ministério da Saúde.

 

Alguns diretores de institutos vão levar ainda o caso ao Conselho Superior Universitário (Consun). 

 

Confira a nota do Sindufopa na íntegra: 

 

A sociedade santarena e a comunidade academia da Ufopa forma surpreendidas com a notícia de que a “Ufopa negocia compra de vacina para a Covid-19”
A notícia ocorre em tempos de confusão e paralisia do Governo Federal a respeito da vaticinação da população contribuindo para que a comunidade fique ainda mais confusa, distante e indiferente a universidade pública, porque atitudes assim a cola em cima e privilegiada em relação à sociedade. 
O que o Brasil precisa é de uma plano nacional de imunização que contemple a todos os brasileiros gratuitamente e indistintamente, seguindo critérios técnicos e humanitários de priorização. A sociedade brasileira não deve aceitar qualquer privilégio para ao acesso imunizante nem tolerar uso policio da vacina (Andifes, 2021). 

A diretoria da SindUfopa (2019-2020) vem ao público defender veementemente que a vacinação contra Covid-19 ocorra exclusivamente pelo Sus, reafirmando e fortalecendo seus princípios de equidade e universalidade e manifestar repúdio à negociação bem como esclarecer, que ela foi tomada unilateralmente pela administração superior da universidade sem qualquer consulta às instâncias decisórias internas e não representa, portanto, a posição do coletivo da comunidade acadêmica.

Vozes cavernosas do governo Bolsonaro apresentam sua narrativa sobre o caos em Manaus. E acabam traçando o perfil do governo Bolsonaro.

Bolsonaro limpa o catarro e depois vai cumprimentar fanáticos, em plena pandemia.
Para bolsonaristas, isso é apenas uma narrativa e nada tem a ver com governança.
Trata-se mesmo só de falta de higiene. É?

Adoro certos termos que vêm e vão, como ondas e marés.

Narrativa é um deles.

Não sei bem o que significa, mas adoro sua sonoridade e seus múltiplos sentidos.

Então, é o seguinte: vozes cavernosas que integram o governo Bolsonaro estão saindo das cavernas em que se encontram para ecoar, com alarido, suas narrativas.

As narrativas são as mais amalucadas, como amalucado é o governo Bolsonaro. Mas, de qualquer forma, são narrativas. E convém que a consideremos assim.

Pois uma narrativa que ganha corpo, entre as vozes cavernosas do governo Bolsonaro e do Ministério da Saúde, é de que a tragédia em Manaus - onde pacientes estão morrendo de Covid sem oxigênio - é resultado, digamos assim, de uma maluquice intramuros, ou seja, de doidices que os amazonenses estariam disseminando apenas entre eles.

Por essa narrativa de bolsonaristas cavernosos, o que se passa em Manaus não deve ser atribuído ao governo Bolsonaro, mas a brigas, a maluquices, à bagunça e à corrupção que grassam entre o governo do estado e prefeituras do Amazonas, todos entretidos numa luta política encarniçada.

Pois é.

Vozes cavernosas do governo Bolsonaro têm a mais completa autoridade - moral e intelectual - para apresentar essa narrativa. Porque conhecem, porque convivem, porque têm intimidade com brigas, com bagunças, com o caos, com maluquices que representam a cara e a alma do governo Bolsonaro.

Ah, sim: sem falar que vozes cavernosas do governo Bolsonaro têm a máxima razão quando atribuem a tragédia em Manaus também à corrupção. Porque sabem que o governo Bolsonaro igualmente tem se notabilizado pela corrupção, não é?

Porque corrupção, como já disse aqui no Espaço Aberto, não é apenas meter a mão no cofre, puxar a dinheirama de lá e enfiá-la nos próprios bolsos e cuecas. Corrupção é corromper.

Quando se corrompem valores universalmente consagrados, como o do respeito à vida humana, isso também é corrupção da grossa.

Eis um fato incontornável.

As vozes cavernosas do governo Bolsonaro podem até não admitir ideologicamente esse fato, mas é preciso, pelo menos, admiti-lo racionalmente.

Menções negativas a Bolsonaro nas redes sociais chegam a 64%. Esses números traduzem parte da crueldade de um governo cruel.

Bolsonaro e Carluxo, num momento de duro trabalho: tal pai, tal filho; tal filho, tal pai.

Bolsonaro, teu nome é crueldade.
Bolsonaro, teu nome é vergonha para o País.
Bolsonaro, teu nome é incompetência e inapetência para exercer o cargo que exerces.
Bolsonaro, teu nome representa o ridículo.
Bolsonaro, teu nome é negacionismo - burro, imbecil, irracional, carregado de um fanatismo patológico.
A crueldade, a vergonha, incompetência e irracionalidade que Bolsonaro expressa estão traduzidas em números.
O Antagonista está divulgando que Jair Bolsonaro segue em queda livre nas redes sociais. Menções negativas ao presidente bateram nesta quarta-feira (14) no patamar dos 64%, contra apenas 36% de citações positivas.
Os números, segundo o Antagonista, são da AP Exata, cuja análise contempla dados geolocalizados, em 145 cidades, de todos os estados. Segundo o levantamento diário, a imagem do governo ainda é ruim ou péssima para 37%, bom ou ótima para 35,1%. - e 27,9% consideram regular.
Se você não está acreditando nesses números, está com toda a razão.
Porque, sinceramente, eles devem ser muito maiores.
E se juntarmos os números de Bolsonaro com de Eduardo Pazuello, o nosso biruta de aroporto, aí mesmo é que a tragédia será maior.
Mas, certamente, não será maior que a tragédia que tem sido o governo Bolsonaro.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2021

Trump, hoje, será o Bolsonaro de amanhã?

Bolsonaro, parece, está batendo em retirada com sua tropa das redes sociais mais frequentadas.
Não deixa de ser alentador que esse personagem se mostre propenso a não mais exibir suas maluquices para a grande maioria das pessoas testemunharem a degradação de um governo que é a própria cara, o próprio perfil, a própria alma, o próprio caráter e a própria personalidade do presidente da República.
Em verdade, não se descarta que uma lufada de medo esteja assustando Bolsonaro.
Depois que Twitter e Facebook, duas das redes sociais com maior número de adesões em todo o Planeta, baniram Donaldo Trump - o Bolsonaro dos Estados Unidos -, é muito provável que Bolsonaro - o Trump do Brasil - ponha as barbas de molho.

E por aqui, quando mesmo?

 

Aí está, gente.
Também no Vaticano já está começando.
E por aqui, nada.
Mas já temos dia e hora, como vocês sabem.
Pazuello é quem disse.

terça-feira, 12 de janeiro de 2021

Pazuello já tem tradutor. Agora sim, eu haverei de compreendê-lo. "Sóquinão".


O ministro-general - ou seria general-ministro - Eduardo Pazuello já insculpiu (para os mortais comuns, seria inscreveu) seu nome num monumento erigido para marcá-lo como o pior ocupante do Ministério da Saúde em cinco séculos de história no Brasil.
Mas o general-ministro parece que foi mesmo talhado para quebrar parâmetros, para quebrar limites.
Agora, já pode ser considerado o único ministro na história do País que precisa de um tradutor para que possamos compreender o que ele quer dizer.
O general, como sabe, já anunciou que a vacinação começará "no dia D, na hora H".
Entenderam?
Nem eu.
Aliás, ninguém entendeu.
À exceção de Alexandre Garcia, agora alçado à condição de tradutor emérito de Pazuello.
Agora, depois da explicação do tradutor, eu continuei a não entender.
Mas vocês, é certo, entenderão.

A Ufopa e a Ufra pretendem "furar a fila" da vacinação. Se a lei lhes permite fazer isso, será legítimo que assim o façam?

No apagar das luzes do ano passado, a Fiocruz lavou a alma nacional ao negar pedido do Supremo Tribunal Federal (STF) e do  Superior Tribunal de Justiça (STJ) para reservas de vacinas contra a Covid-19.

A instituição informou em nota que a produção é destinada "integralmente" ao Ministério da Saúde. E destacou que a estratégia visa atender à demanda do Programa Nacional de Imunização (PNI).

"A produção dessas vacinas será, portanto, integralmente destinada ao Ministério da Saúde, não cabendo à Fundação atender a qualquer demanda específica por vacinas", argumentou a Fiocruz, justificando sua decisão de negar o pedido dos dois tribunais.

Por que a Fiocruz lavou a alma nacional?

Porque privilégios são inaceitáveis.

E neste momento, em que o País enfrenta uma tragédia sanitária em que mais de 200 mil pessoas já morreram de Covid-19, a simples intenção - ou pretensão - de garantir privilégios para certos segmentos soa como ofensiva e indecorosa.

Mas, ao que parece, a Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa) e a Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra) não conseguiram desvencilhar-se do animus de valer-se de privilégios discutíveis, para não dizermos inaceitáveis, nestes tempos de pandemia.

As duas universidades registraram, junto ao Instituto Butantan, a intenção de comprar doses de vacina contra a Covid para imunizar, segundo dizem, parte de suas comunidades acadêmicas. A Ufra pretende comprar 12 mil doses e a Ufopa, 10 mil.

Trecho de notícia divulgada no site da Ufopa diz o seguinte: "De acordo com o reitor da Ufopa, Hugo Alex Diniz, a compra está ancorada na Medida Provisória nº 1.026, de 06/01/2021, que permite a instituições da administração pública realizar a compra direta da vacina para combater a Covid-19. "Assim que foi publicada a medida provisória, que permite que possamos comprar diretamente a vacina, tomamos a iniciativa”, afirmou Diniz.

Nem tudo que é legal é legítimo. A intenção da Ufopa e da Ufra de adquirirem vacinas, sob a alegação de que o fazem escorando-se em permissivo legal, deve ser submetida a outros crivos, a outros critérios a que devem subordinar-se os administradores, sobretudo os que atuam no setor público.

No caso, é indispensável que a Ufopa sopese a permissão legal que lhe faculta adquirir a vacina com outros critérios, como a da coveniência, do tratamento equânime que deverá ser garantido à população que se encontra fora do ambiente acadêmico e da parcimônia com que devem ser geridos os recursos públicos.

Se a ideia é que o plano de imunização interno da Ufopa "esteja alinhado com o plano estadual e o nacional", conforme dito na notícia disponível no portal da Universidade, por que não comprar as vacinas e doá-las ao SUS, para que as secretarias de saúde dos municípios encarreguem-se de aplicar o imunizante de acordo com o calendário nacional de imunização?

Tem mais um detalhe, que é tão relevante quanto objetivo: a pretensão das universidades, se consumada, vai ignorar as faixas etárias que serão consideradas na aplicação da vacina em todo o País - primeiro as populações vulneráveis e profissionais de saúde, depois os idosos, em seguida os portadores de comorbidades etc.

Em resumo: o intento das universidades, em reservar vacinas para imunizar primeiro os seus, inevitavelmente vai criar uma situação em que teremos cidadãos de segunda classe (todos os que vão para a fila, esperar a vacina do SUS) olhando, desalentados, os de primeira (integrantes das comunidades acadêmicas) sendo vacinados antecipadamente. É como se os privilegiados estivessem furando a fila.

Está certo isso? Privilégios como esses serão toleráveis? Serão aceitáveis? Serão convenientes? Serão legítimos, muito embora as universidades invoquem a legalidade de seus procedimentos?

E a questão do dinheiro público? Tanto a Ufopa como a Ufra dispõem de orçamento próprio. O dinheiro que as sustenta é da União, proveniente de impostos de contribuintes - eu, tu, ele, nós, vós, eles. Todos nós, portanto, deveríamos ser iguais. Por que, então, uns deverão ser mais iguais que os outros?

Ainda está na hora de tanto a Ufopa como a Ufra ponderarem sobre questões como essas.

Se não revirem suas intenções, resta ao Butantan negar a reserva das vacinas pretendidas pelas duas universidades, da mesma forma que a Fiocruz negou ao STJ e ao Supremo.

Assim deve ser, para que os privilégios não preponderem nesta hora tão tormentosa que todos enfrentamos.

Linda. E no frescor de seus 405 anos!

Os afagos que Belém merece A posse de um novo prefeito é, sempre, momento especial de renovo das esperanças de um...

Publicado por Francisco Sidou em Segunda-feira, 11 de janeiro de 2021

segunda-feira, 11 de janeiro de 2021

O Remo será sempre grande, até mesmo nos momentos em que muitos o imaginam pequeno. Por isso, sempre será glorioso.


O Remo está de volta à Série B.

Aí está uma frase de apenas 23 letras, com sujeito, verbo e predicado.

Mas nós, remistas, esperamos 13 anos para proclamarmos isso, de forma altissonante, com muito orgulho.

Esperamos 4.745 dias para lavrarmos esta sentença gloriosa - O Remo está de volta à Série B - de apenas 23 letras.

Esperamos, sim.

Mas não esperamos inertes.

Nem tampouco passivos.

Nunca esperamos rendidos à crença de que o acaso, apenas o acaso, tiraria o Remo do ocaso para alçá-lo de volta à Série B.

Não.

A torcida remista esperou lutando, a cada dia, com o próprio time.

Esperou brigando - muitas vezes de forma exagerada - com o próprio time.

Esperou sabendo renovar suas energias, mesmo após cada revés.

Esperou ajudando o clube a superar-se financeiramente.

Esperou mobilizando-se por várias causas que se mostraram necessárias para manter o Remo grande e vivo, apesar de constrangido por participar de divisões inferiores, inclusive a Série D.

Esperou sendo a grande responsável pela reforma do Baenão, que neste ano deve estar completamente apto a sediar partidas, inclusive pela Série B.

Enfim, a torcida remista esperou com a certeza de que este dia - o dia de o Remo voltar à Série B - chegaria.

E chegou neste domingo (10), com a vitória sobre o rival por 1 a 0 (a terceira vitória remista nos quatro últimos jogos entre os dois, não esqueçam), no Mangueirão. Com o empate do Londrina-PR com o Ypiranga-RS, o Leão subiu com uma rodada de antecipação.

E aí?

E aí que despeitados, seja por despeito, seja por ignorância, seja pela simples obsessão de não reconhecer méritos dos adversários, permitem-se o despeito de debochar desse momento glorioso do Remo, atribundo a explosão de alegria dos remistas a um jejum de 13 anos de Série B.

Mas é claro, meus caros.

É justamente a espera - não uma espera passiva, devo repetir - que apimenta, que tempera, que dá mais sabor a este momento tão prazeroso.

Agora, é olhar para um futuro que está logo ali, bem à porta.

E o futuro exige, de imediato, que se faça um planejamento realista, responsável e inteligente, com base nas receitas que o Remo passará a auferir ao disputar a Série B. Pelo que já demonstrou, a gestão do presidente Fábio Bentes dispõe de todas as condições para seguir administrando o clube com responsabilidade.

O futuro exige, de imediato, que o Remo monte uma equipe competitiva, mas de padrões salariais compatíveis com o novo perfil financeiro que o clube passará a assumir.

O futuro exige, de imediato, que se comece a pensar num centro de treinamento.

No mais, é continuar acreditando num fato que nem os despeitados conseguirão negar, ainda que tentem: o Remo será sempre grande, até mesmo nos momentos em que muitos o imaginam pequeno, quase desaparecido, praticamente imperceptível.

Por isso, o Remo é glorioso.

Sempre será glorioso.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2021

Afinal, ele está ou não está?


Essa é a capa da mais nova edição da revista Crusoé.
E então, ele está ou não está?
Eis uma pergunta que não quer calar.
Uma pergunta que há muito, mas há muito tempo permeia o debate sobre o caráter, a personalidade e o temperamento desse personagem.
Um pergunta que, para ser respondida, exigiria necessariamente um diagnóstico psiquiátrico.
Enquanto o diagnóstico não chega, convenhamos que o mais trágico de tudo é o seguinte: independentemente das respostas a essa pergunta, é inquestionável que o personagem segue fazendo e falando loucuras. Todo dia, o dia todo.
Segue com uma insensibilidade à flor da pele.
Segue ignorando o comedimento, a moderação, o apreço e o aprumo ético que se exigem do exercente do cargo de presidente da República.
Isso não é uma loucura?

Pazuello, o bom aluno do marketing político, está inspirador. Então, vamos "interpretar" o general-ministro Pazuello.

Bolsonaro e Pazuello: o primeiro não sabe o que faz e nem o que diz; o segundo não sabe
nem o que diz e muito menos o que faz. Para ambos, nem o marketing político salva.

Com todo o respeito aos que discordarem, mas acho que devemos, nós brasileiros, ter orgulho de viver num País que tem como ministro da Saúde um general como Eduardo Pazuello.

Aqui no blog, já chamamos Pazuello de biruta de aeroporto, pela frequência com que muda de opinião e posturas conforme os surtos de seu chefe, o digno e mítico presidente Jair Bolsonaro.

Mas, pensando bem, até mesmo a ciclotimia das opiniões de Pazuello deve obedecer - sabe-se lá - a algumas técnicas experimentais de marketing político que, conforme a Imprensa tem divulgado, vêm sendo empregadas ultimamente no Ministério da Saúde como uma tentativa heroica de minimizar a tragédia que tem sido a gestão do general.

Mas por que devemos nos orgulhar de ter Pazuello gerindo a Saúde, uma pasta estratégica, fundamental e essencial para coordenar e executar ações vitais, como a vacinação contra a Covid-19, pandemia que já matou mais de 200 mil brasileiros?

Por quê?

Porque Pazuello, como bom aluno do marketing político inovador, criativo, verdadeiro, sensitivo e prospectivo (hehe), está nos inspirando a interpretar - exatamente isto que vocês leram, interpretar - o general Pazuello.

Em coletiva nesta quinta-feira (07), Pazuello abriu o coração. Alguns interpretam sua reação como um surto. Mas quero crer que o general cumpriu alguma orientação de seu marketing político. Quero crer nisso. É tudo uma questão de interpretação.

Durante a entrevista, o ministro caiu de pau na Imprensa. E disse o seguinte, em português de Portugal - e do Brasil: “Quero assistir à notícia e ver o fato que aconteceu, deixem a interpretação para o povo brasileiro, para cada um de nós. O senhores [jornalistas] não têm essa delegação”, completou.

Viram?

Pazuello acha que jornalismo é reportar fatos. Apenas e tão somente fatos. Acha que jornalismo não embute a interpretação do fato, ou seja, explicá-lo, esmiuçá-lo, contextualizá-lo, aproximá-lo de realidades que devem ser mais facilmente compreendidas por cidadãos nem sempre abastecidos de informações suficientes para formar seus juízos.

Interpretar, conforme a interpretação de Pazuello, é com o povo brasileiro.

Então, se é com o povo, e somos povo, vamos interpretar o general e sua gestão à frente do Ministério da Saúde.

Interpretemos objetivamente, como a seguir.

Pazuello é o pior ministro da Saúde que o Brasil já teve em cinco séculos.

Nos próximos cinco séculos, talvez não surja um ministro tão incompetente como Eduardo Pazuello.

Sua gestão tem pegado no tranco. É preciso que a Imprensa (aquela mesma que não deve interpretar fatos) dissemine fatos clamorosos para que o ministério de Saúde sinta-se compelido a agir.

A gestão de Pazuello não demonstra a menor capacidade de planejamento. Por isso é que estamos atrasados nos procedimentos para o início da vacinação contra a Covid.

Precisamos interpretar com uma certa elasticidade, digamos assim, as ações de Pazuello para não concluirmos que sua gestão sequer conseguiu, a tempo e hora, conduzir um processo licitatório para a compra de seringas, obrigando o governo a requisitar esse instrumento junto aos fabricantes.

Com sua gestão catastrófica, Pazuello nos oferece amplos - amplíssimos - elementos para concluirmos, interpretativamente, que a tragédia causada por essa pandemia seria muito, mas muito menos pior se ele não tivesse assumido o Ministério da Saúde.

Pronto.

Eis as nossas interpretações sobre a gestão de Pazuello.

Interpretações expostas, ninguém esqueça, com o estímulo e com a licença do general Pazuello.

Viva ele!

quarta-feira, 6 de janeiro de 2021

Por que, afinal de contas, Bolsonaro não consegue fazer nada?

Enfim, uma confissão expelida, expurgada das entranhas - sabe-se lá quais - de Bolsonaro.

Mas, afinal de contas, por que esse cidadão não consegue fazer nada?

Porque, em tese, é um líder; mas não lidera nada.

Porque, desde o primeiro dia em que assumiu o mandato, atirou o Brasil no rídiculo, condenando-o ao risco de afundar-se no isolacionismo, o que já está acontecendo.

Porque tem envergonhado, todo dia, o dia todo, o Brasil e os brasileiros.

Porque sequer compreende o que precisa, de fato, fazer.

Porque é um imoderado - inclusive quando protagoniza alocuções irresponsáveis diante de fanáticos que o aplaudem sem sequer saber por que o estão aplaudindo.

Porque é incompetente para governar.

Porque, na prática, não governa (é um fantoche de outros que o fazem por ele, inclusive quando o mandam calar a boca para evitar a eclosão de crises e mais crises).

Porque é um fanático - negacionista - travestido de presidente da República.

Porque não consegue intuir que é o presidente do Brasil, e não de facções que o cercam.

Porque não consegue alcançar as dimensões - políticas, inclusive - do cargo que ocupa.

Porque transformou o exercício da presidência num desonroso esporte em que se compraz em debochar de tudo.

Porque debocha da realidade.

Porque debocha do País.

Porque debocha das pessoas.

Porque apartou-se de sentimentos construtivos e internaliza, a cada dia, posturas e sentimentos de crueldade, como o de não conseguir demonstrar compaixão por quase 200 mil pessoas que já morreram de Covid-19 no Brasil.

Enfim, Bolsonaro não consegue fazer nada porque, convenhamos, nunca, jamais, em tempo algum, conseguiu fazer nada como homem público, a não ser escabujar verbalmente os mais tenebrosos horrores.

É por tudo isso - ou também por tudo isso - que Bolsonaro nada consegue fazer.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2021

Agência Belém apaga matérias sobre inaugurações da gestão anterior, diz jornalista

Da jornalista Dedé Mesquita, por e-mail:

----------------------------------------------------

Neste sábado, 2, eu precisei de informações sobre uma inauguração feita pelo ex-prefeito de Belém, Zenaldo Coutinho (PSDB), nas duas últimas semanas de dezembro de 2020. Evidente que recorri à Agência Belém.

Para minha surpresa, todas as reportagens publicadas na Agência Belém sobre essas muitas inaugurações foram APAGADAS do site www.agenciabelem.com.br. Coincidentemente, no segundo dia de governo do novo prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues (PSOL).
O que o prefeito ED 50 talvez ainda não saiba é que a Agência Belém é uma agência pública de notícias, que tem a missão de informar a todos, imprensa, inclusa, sobre o trabalho realizado pela Prefeitura de Belém. A Agência Belém NÃO é uma agência de divulgação do PREFEITO Edmilson Rodrigues, e sim, da Prefeitura de Belém.
Antes de ser um ato antidemocrático, o trabalho (mesquinho) de apagar as postagens sobre as inaugurações do prefeito anterior é um completo desrespeito com os profissionais que trabalhavam na Comus/ Agência Belém.
Eu esperava mais do novo prefeito. Sinceramente. Não esse ato que emula os atos ditatoriais da antiga União Soviética que, ao subir mais um déspota ao poder, os mandatários de antes eram apagados de fotos e documentos. Quem estudou um pouco de História sabe disso.
Ou que o novo prefeito não fizesse cover da ex-governadora Ana Júlia Carepa, cujo TODO arquivo de fotos da gestão dela foi apagado ANTES que o ex-governador Simão Jatene assumisse o governo do Pará, novamente, em 2011. A Agência Pará, agência [pública] do Governo do Estado, NÃO tem uma única fotografia do governo de Ana Júlia Carepa. Nenhuma.
Enfim, fica aqui a minha solidariedade aos meus ex-colegas de Comus/ Agência Belém, cujo trabalho foi dizimado apenas por uma vaidade do "prefeito cabano".

sexta-feira, 1 de janeiro de 2021

O aborto de Jair Bolsonaro

Em setembro de 2020, Bolsonaro segura um cachorro, no momento em que sancionava lei
aumentando a pena para quem comete maus-tratos contra animais. Cuidado você aí: desconfie
sempre de atos de extrema benemerência como esse. Desconfie mesmo!

Como já dito aqui, quando vocês virem Bolsonaro engatando um discurso de paz e amor, podem contar que ele tomou calmantes em excesso.

Por isso é que, quando vejo Bolsonaro fazendo algum ato de altruísmo em favor de cachorros e animais em geral, fico logo desconfiado.

E quando vejo Bolsonaro elevar sua voz cheia de ternuras e complacências em favor da preservação da vida de inocentes, chego a temer pelos inocentes. Sinceramente que eu chego a temer.

"Lamento profundamente pelas vidas das crianças argentinas, agora sujeitas a serem ceifadas no ventre de suas mães com anuência do Estado. No que depender de mim e do meu governo, o aborto jamais será aprovado em nosso solo. Lutaremos sempre para proteger a vida dos inocentes!", disse Bolsonaro há uns dois dias, ao se pronunciar sobre a legalização do aborto na Argentina.

Essa declaração edificante, construtiva, altruísta e benemerente desse heroico defensor da vida e paladino dos bons costumes, Jair Bolsonaro, contrasta flagrantemente com o Bolsonaro que até hoje, 1º de janeiro de 2021, não expressou um monossílabo sequer que expresse sua mais remota compaixão pelos quase 195 mil brasileiros inocentes que já morreram de Covid-19.

Entre os 195 mil estão jovens, idosos, ricos, pobres, bolsonaristas e não bolsonaristas. Ah, sim, e também estão crianças (ainda que em ínfima quantidade, porque elas, como se sabe, estão menos sujeitas a contrair essa doença).

Para cada um dos mortos, vamos calcular, por baixo - mas muito por baixo mesmo -, que dez pessoas muito próximas a cada um ficaram muito abaladas (parentes e amigos, por exemplo).

Então, pode-se estimar que cerca de 2 milhões de brasileiros encontram-se neste momento bem abalados, impactados fortemente, com suas esperanças destroçadas por eventos causados por essa pandemia mortal.

E Bolsonaro? Nem tchum, como se diz.

Continua o mesmo Bolsonaro - insensível, debochado, cruel, negacionista, achando que Covid-19 é gripezinha, que todo mundo vai morrer um dia e que tomar vacina pode fazer a gente virar jacaré.

Então, meus caros, quando vocês virem esse homem fazendo um discurso em favor da preservação da vida de "inocentes", podem contar que ali está um Bolsonaro abortando mais uma de suas incoerências e de suas mentiras.

Um aborto pela boca, é certo.

Mas aborto, de qualquer forma.