segunda-feira, 27 de fevereiro de 2023

"Avenida Doca", "Travessa Generalíssimo" e Avenida "25 de Setembro": Belém precisa ser apresentada ao jornalismo

A Avenida Nazaré, em imagem do Google Maps: seria admissível alguém chamá-la
de Rua Nazaré ou de Travessa Nazaré? Ou de Alameda Nazaré?

Repórteres de vários veículos de Belém precisam, com todo o respeito, ser apresentados solenemente, com fanfarras e tudo mais, à cidade onde moram.
Saber o mínimo sobre a cidade onde cada um mora significa, por exemplo, saber que travessa é travessa, rua é rua, avenida é avenida, viela é viela, passagem é passagem e alameda é alameda.
Isso pode até parecer um mero, um antipático detalhismo, mas não é. Porque o bom jornalismo deve ter na informação precisa um de seus requisitos básicos para preservar a credibilidade.
Por isso é que seria intolerável, por exemplo, alguém chamar a Avenida Nazaré ou a Avenida Almirante Barroso de, por exemplo, Travessa Nazaré ou Passagem Almirante Barroso.
Em São Paulo, alguém chamaria a Avenida Paulista de Rua Paulista? No Rio, é admissível chamar-se a Avenida Atlântica de Travessa Atlântica?
Pois é.
Mas ainda há pouco, em matéria sobre obras na Travessa Doutor Moraes, uma das mais conhecidas do bairro de Nazaré, a via foi chamada várias vezes de Avenida Doutor Moraes.
Há poucos dias, li num texto de jornal que a "Avenida 25 de Setembro passa próximo ao Estádio Baenão", do Remo. A "25 de Setembro" não é mais "25 de Setembro" há muito tempo, mas Avenida Romulo Maiorana.
A Travessa Padre Eutíquio, volta e meia, é tratada majestosamente como avenida.
E a Avenida Visconde de Souza Franco, conhecida como Doca, já virou mesmo, inapelavelmente, Avenida Doca de Souza Franco.
Como a Avenida Generalíssimo Deodoro, não raro, vira travessa.
E, por fim, o clássico dos clássicos em matérias jornalísticas que mencionam vias de Belém: Avenida Boulevard Castilhos França para o Boulevard Castilhos França.
Isso pode?
Isso tudo é mero detalhe?
Chora, Belém!

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2023

Cidadão extremamente pobre, e com fome, vai à Justiça contra o governo do Estado e a Prefeitura de Belém. Continuará extremamente pobre. E com fome.

Trechos da decisão: nem Estado, nem Prefeitura têm programas de distribuição de alimentos

Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa.

Uma coisa são os discursos eloquentes - e grandiloquentes - de governantes magnânimos, dadivosos, cheios de amor pra dar, plenos e prenhes de preocupações com o social e diligentes em divulgar números sobre realizações destinadas, supostamente, a minimizar os efeitos cruéis da exclusão em que se encontram enormes contingentes populacionais.

Outra coisa é a realidade, quando mostra a sua cara. Mostrando-se sem retoques, a realidade derruba toda a grandiloquência, desmente todos os discursos e mostra a verdadeira face de corações generosos.

É o caso de cidadão que, definindo-se em situação de "extrema pobreza", impetrou mandado de segurança para obrigar o prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues, e o governador Helder Barbalho a garantirem que ele, desprovido de condições dignas de sobrevivência, tivesse acesso aos benefícios previstos na Lei de Segurança Alimentar (Lei nº 11.346/2006). O processo, com consulta aberta a qualquer cidadão, foi atuado sob o número 0807792-39.2022.8.14.0000 e pode ser acessado no site do Tribunal de Justiça do Estado do Pará.

A Lei nº 11.346/2006, invocada pelo peticionante, determina que a União, Estados e Municípios promovam a criação do Sistema Nacional de Segurança Alimentar (Sisan), que não teria sido instalado até agora por inércia dos entes públicos.

Por essa razão, e destacando que seu pleito possui amparo na Constituição Federal e na legislação extravagante, o cidadão extremamente pobre requereu a concessão de tutela antecipada, ou seja, de uma liminar, para que o governo do Estado lhe promova assistência alimentar imediata por meio da Secretaria de Estado de Assistência Social, Trabalho, Emprego e Renda do Estado do Pará. Da Prefeitura de Belém, o requerente pretende receber assistência da Fundação Papa João Paulo XXII (Funpapa).

Pois nem um, nem outro. Nem governo do Estado, nem Prefeitura de Belém estarão obrigados a socorrê-lo. O cidadão extremamente pobre, que bateu às portas da Justiça para implorar que, pelo menos, tenha comida para sobreviver, cotinuará extremamente pobre e precisando de comida.

Por quê?

Distribuição de alimentos - Porque, no entender do relator da ação, desembargador Jose Maria Teixeira do Rosário, como Estados e Municípios não integram a ADA - Ação de Distribuição de Alimentos a Grupos Populacionais Específicos (ADA), regulamentada pela Portaria nº 527/2017 do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) -, o direito líquido e certo do impetrante ao recebimento da assistência alimentar, com base na Lei Orgânica da Segurança Alimentar e Nutricional, somente restaria configurado na hipótese de existência de programa de distribuição de alimentos no âmbito dos referidos entes públicos, no caso o Estado do Pará e o município de Belém.

Diz mais, o relator: que "nem a Lei Estadual nº 7.580/2011 nem a Lei Municipal nº 9789/2022 trazem qualquer previsão nesse sentido, tampouco o Decreto Estadual nº 929/2008, o Decreto Municipal nº 61.124/2009 (revogado), o Decreto Federal nº 6.040/2007 ou a Portaria nº 58/2020 do Ministério da Cidadania, apontados pelo impetrante em sua petição inicial".

Lembra ainda que, muito embora a Lei Federal nº 11.346/2006 mencione a entrega de cestas básicas no âmbito da Sisan, "importa ressaltar que tal medida depende da criação de política pública específica, com a definição dos critérios aplicáveis e a previsão orçamentária para seu financiamento".

Se nem o governo do Estado, nem a Prefeitura de Belém são responsáveis em socorrer um cidadão extremamente pobre que precisa de alimentação básica para sobreviver, então quem é?

Responde o relator: "Desta feita, não resta evidenciado o descumprimento de dever estatal por parte do Estado do Pará ou do Município de Belém a ensejar a intervenção do Poder Judiciário no presente caso, uma vez que o direito constitucional à alimentação deve ser garantido pelo Governo Federal mediante o pagamento de renda básica familiar, na forma do art. 6º, parágrafo único, da Constituição Federal."

Qual o fim dessa novela?

A novela, no âmbito do Judiciário, seguiu com uma apelação cível impetrata pelo cidadão extremamente pobre. A apelação foi negada pelo relator, por considerá-la inadmissível.

O autor da ação ingressou, então, com um agravo de instrumento, que também nem foi conhecido pelo relator, por ser inadmissível, eis que o recurso correto seria um agravo interno.

No âmbito do Judiciário, portanto, a parada está aí.

Já no âmbito da realidade, os pobres, como o o autor da ação, continuarão extremamente pobres, com fome, excluídos e maltratados. Em contradição completa com discursos eloquentes - como também grandioloquentes, magnânimos e dadivosos - que pregam o tudo pelo social.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2023

Jornalista faz avaliação positiva do governo Lula e viraliza. Mas por que essa avaliação viraliza?

Bolsonaro, o foragido, destruiu o Brasil em quatros anos de desgoverno.

Bolsonaro, em quatro anos, devastou o Brasil.

Dilapidou-o.

No concerto das Nações, reduziu-o à condição de pária.

Se considerados esses considerandos, a rigor não haveria por que ninguém, em são consciência, assustar-se com uma avaliação positiva feita por qualquer cidadão sobre estes 46 dias do governo Lula.

Portanto, não deveria haver justificativa para espanto diante do vídeo acima, que está viralizando nesta sexta-feira (17).

Nele, a jornalista Miriam Leitão chega a classificar de "impressionantes" as diferenças entre o desgoverno Bolsonaro e o governo Lula.

E relaciona, para sustentar sua avaliação, uma série de realizações em menos de dois meses, entre eles o combate ao desmatamento e a atenção para com os provos indígenas.

Por que o vídeo viraliza?

Talvez porque Miriam seja uma jornalista de renome, que trabalha em veículos do grupo editorial de maior audiência no País e sobretudo porque, no exercício crítico que a profissão de jornalista exige, sempre atraiu a ira de petistas durante os quatro governos do PT, quando chegou, uma vez, a ser acossada e ofendida dentro de um avião.

Mas, como dito e redito, avaliar positivamente o governo Lula diante do desgoverno de Bolsonaro é uma percepção tão óbvia como distinguir-se que água é agua, pedra e pedra, que a terra redonda é uma e a plana (da ficção bolsonarista), outra.

Em síntese: se Lula, nestes 46 dias, não tivesse feito nada, absolutamente, já teria feito mais, muito mais do que o desgoverno Bolsonaro em quatro anos.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2023

Fisiológico e suspeito de corrupção, um ás do Centrão vira bolsonarista e passar a ver o "bem" onde só existiu a tragédia


Ciro Nogueira (PP-PI), um dos ases do Centrão, sempre foi tido e havido como a expressão pura e completa da essência do Centrão: o fisiológico por excelência e mérito.
Essa fama, ele a carrega desde sua fase pré-bolsonarista.
Também nessa fase, notabilizou-se como suspeito, para não dizer suspeitíssimo, de estar envolvido diretamente em práticas escancaradas de corrupção, que os bolsonaristas, puros e imunes a quaisquer pecados, sempre condenaram.
Tanto é assim que, em abril do ano passado, a Polícia Federal concluiu que Ciro recebeu propinas do grupo J&F e cometeu os crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro para que seu partido apoiasse a campanha de reeleição da então presidente Dilma Rousseff (PT). O relatório conclusivo foi enviado ao Supremo Tribunal Federal, onde continua tramitando.
Como já dito, o Ciro fisiológico e suspeito de corrupção incorporou novas qualidades, quando passou a vestir a máscara e a armadura do bolsonarismo.
Entre as qualidades do Ciro bolsonarista, que se mantém bolsonarista mesmo após o governo Bolsonaro - o mais nefasto da história do Brasil -, estão a de mentiroso, negacionista, inábil e o de ter perdido qualquer capacidade de discernimento. Tanto que ele vê o "bem" onde só existiu a tragédia.
Para você conhecer o Ciro bolsonarista, leia o tuíte acima, que ele postou nesta quarta-feira.
A título de condenar declarações do presidente Lula, Ciro exalta o governo Bolsonaro.
"Governo é para fazer o bem e não para ficar falando mal", ensina Sua Excelência.
Então, vão ver que Ciro acha um "bem" o genocídio cometido pelo desgoverno Bolsonaro durante a pandemia.
Acha um "bem" o genocídio contra os indígenas yanomâmis, há cerca de três semanas revelado para espanto do mundo inteiro.
Acha um "bem" a corrupção deslavada no desgoverno Bolsonaro.
Acha um "bem" as tentativas de golpe gestadas e paridas entre o bolsonarismo, algumas delas com fortes e robustos indícios de envolvimento do próprio Bolsonaro.
Acha um "bem", enfim, a dilapidação promovida pelo pior governo que o País já teve.
"1 mês depois, o Brasil ainda aguarda a posse do novo governo", emendou o Ciro bolsonarista.
Ainda que isso fosse verdade, Lula só tem, de fato, pouco mais de um mês como presidente.
E Bolsonaro, que passou quatro anos e sempre agiu não como presidente, mas como um pernóstico, debochado, fascista e fortemente suspeito da práticas criminosas?

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2023

No Mundial de Clubes, um exemplo didático da injustificável soberba brasileira

Al-Hilal comemora a vitória por 3 a 2 sobre o Flamengo: os brasileiros soberbos não contavam
com isso. Isso é um problema do futebol? Não. É um problema dos brasileiros soberbos.
Não tenhamos dúvidas: em termos de futebol, nós, brasileiros, evoluímos - ou seria involuímos? - de vira-latas para arrogantes, de vira-latas para excelências da soberba.
Foi o tricolor Nelson Rodrigues quem, no final dos idos da década de 1950, reclamou que os brasileiros sofriam do que ele chamou de "complexo de vira-latas", um complexo espantoso de inferioridade que precisavam superar.
Superamos. E assumimos uma soberba incrível. Além de incrível, uma soberba antipática e injustificável.
Como todo bom telespectador compulsivo de programas esportivos, assisti atentamente, em vários canais, aos debates que antecederam o Mundial de Clubes, disputado agora no Marrocos.
Em todos os debates, com as exceções que confirmam a regra, o Flamengo era considerado, era referido, digamos assim, como o finalista do Mundial, muito provavelmente contra o Real Madrid. Tipo assim: será o Flamengo e outro. Era mais ou menos assim.
Alguns coleguinhas, mais comedidos, ou menos rubro-negros, se quiserem, ainda se permitiam alertar:
- Mas olhem, o Al-Hilal é um bom time, é uma espécie de Real Madrid do Oriente Médio e da Ásia. O Flamengo precisa ficar esperto.
Pois é. O Flamengo não ficou esperto. Tomou uma peia de 3 a 2 do Al-Hilal e agora precisa ficar esperto para não perder a disputa do terceiro lugar e voltar zerado para a terra dos soberbos.
Isso aconteceu apenas com o Flamengo?
Não.
A mesmíssima coisa, ou seja, a derrota ainda nas semifinais, já foi um feito alcançado por Internacional, Atlético-MG e Palmeiras.
Então, por que, afinal de contas, brasileiros soberbos agem, pensam, torcem e formulam suas especulações como se fosse quase automático os times brasileiros chegarem à final do Mundial de Clubes?
Por que, afinal de contas, brasileiros soberbos se consideram como a excelência do futebol mundial? Não temos mais essa excelência. Não temos mais essa supremacia. Infelizmente, não.
Então, fiquemos espertos e não nos deixemos trair pela soberba.
Se continuarmos assim, seremos vítimas da própria soberba.
O Flamengo que o diga.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2023

Marcos do Val: o senador que tem uma credibilidade à altura do melhor bolsonarismo

Marcos do Val e Bolsonaro, o foragido: eles se merecem
A revista Veja disponibilizou, em seu portal, um áudio em que o senador Marcos do Val, do Podemos, confirma claramente que Bolsonaro teve voz ativa durante reunião ocorrida em dezembro do ano passado, em que o parlamentar, o então presidente e o ex-deputado Daniel Silveira teriam discutido um plano de gravar clandestinamente o ministro do STF Alexandre de Moraes, primeiro passo para um golpe.
O áudio contraria claramente, peremptoriamente, indesmentivelmente versão depois difundida por Do Val, de que Bolsonaro, durante toda a reunião, permanecera calado.
Sinceramente, desde o primeiro momento em que li ontem de manhã essa "denúncia" de Do Val, sobre o suposto golpe que vem sendo chamado de Operação Tabajara, preferi esperar os desdobramentos. Porque tinha certeza de que Do Val iria revelar-se o que sempre foi: um bolsonarista que, como todo bolsonarista que se preza, é mentiroso, irresponsável, inconsequente e, portanto, indigno da mais ínfima credibilidade.
Vejam os pontos principais da história que ele contou.

Sobre o papel de Bolsonaro
Primeiro, Do Val disse à Veja que o então presidente se manifestou claramente durante a reunião; depois, disse que ficou calado.

Sobre o local da suposta reunião, no dia 9 de dezembro
Do Val já disse que ela ocorreu no Palácio da Alvorada. Em seguida, informou que foi no Palácio do Jaburu. Em outra oportunidade, na Granja do Torto. Confrontado com a imprecisão, o cara alega que não se lembra direito. Mas ele não se lembra onde foi uma reunião ocorrida há pouco menos de dois meses? Só mesmo um mentiroso como Do Val pode mentir assim.

Sobre a renúncia
Primeiro, tomado de indignação contra bolsonaristas que o criticavam por supostamente ter traído os bolsonaristas na eleição de Rodrigo Pacheco para a presidência do Senado, Do Val anunciou que renunciaria ao mandato. Depois, voltou atrás.

Quais as verdades na história que ele contou?
Primeiro, que a reunião, ao que tudo indica, realmente aconteceu. Não se sabe se em Brasília, no Afeganistão, em Belém ou em alguma paragem da Terra Plana. Mas ocorreu.
Segundo, que nela se discutiu a gravação clandestina de Moraes, o que se depreende por prints de mensagens enviadas por Silveira.
Terceiro: que Moraes, conforme ele mesmo confirmou nesta sexta (03), foi informado por Do Val do plano para gravá-lo ilegalmente.
Quanto aos outros detalhes, inclusive sobre o nível da participação de Bolsonaro na Operação Tabajara, é muito difícil saber se Do Val disse mesmo a verdade.
Porque, como dito, o senador, como todo bolsonarista que se preza, é mentiroso, irresponsável, inconsequente e, portanto, indigno da mais ínfima credibilidade.
Veja, abaixo, a transcrição do trecho da entrevista em que Do Val afirma que Bolsonaro participou ativamente da Operação Tabajara.



Ciclistas trabalham sem capacete: quem paga por essa afonta a direitos trabalhistas?


Ciclistas que integram o grupo Pedal 100 Choro, um dos maiores de Belém, estão aí com uma campanha: arrecadar capacetes para doá-los a entregadores que, às centenas, usam a bicicleta para trabalhar, mas correm riscos porque trabalham desprotegidos de equipamentos de segurança.
A campanha, ressalte-se logo, é das mais meritórias. Mas ela esconde a dura realidade: se uma campanha está sendo feita nesse sentido, é sinal de que trabalhadores estão operando de forma precária, sem a garantia de direitos mínimos, inclusive e sobretudo os relacionados à segurança no trabalho.
As empresas que empregam os entregadores estão sendo cobradas para que contemplem os direitos de seus colaboradores?
Qual é o índice de acidentes de trabalho entre os entregadores, em decorrência da omissão das empresas em fornecer-lhes os meios adequados para trabalharem?
Esse é um tema dos mais urgentes para que o Ministério Público do Trabalho entre em campo para averiguar situações como essas.
Se já entrou, é preciso ver por que as empresas ainda continuam se omitindo em observar o cumprimento de obrigações que as leis imputam a todas elas.
O que não pode são trabalhadores continuarem trabalhando em qualquer proteção.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2023

Naka, Sarda, Dapi, Lili e Guedinho: esses jornalistas, que não são íntimos da gente, deixam-nos constrangidos


Na CNN, Daniela Lima é Dani, Eduardo de Tal (responsável pelas legendas) é Edu, Leandro Resende é e Fernando Nakagawa é Naka ou Nakinha. Em algumas situação, Dani, a apresentadora, chama os colegas de meus meninos e as colegas, de minhas lindas. Fofura total! 
Na GloboNews, Octávio Cardoso é Guedinho, Arthur Dapieve é Dapi, Eliane Cantanhêde é Lili, Nilson Klava é Nilsinho e Fernando Gabeira é Gabeirinha. Quando ainda estava por lá, Carlos Alberto Sardenberg era o Sarda.
Esses todos são jornalistas de duas emissoras jornalísticas, às quais eu assisto muito e que praticam um bom jornalismo, sem dúvida.
Mas, convenhamos, o excessso de coloquialidade, intimidade e informalidade que jornalistas demonstram no tratamento entre eles próprios, em programas de televisão, é extremamente inconveniente, inapropriado e inadequado para quem, como os telespectadores, não são íntimos de Naka, Sarda, Dapi, Lili Guedinho.
Eu, como telespectador, me sinto muito, mas muito mesmo, incomodado e constrangido ao deparar-me como jornalistas, íntimos uns dos outros, tratando-se entre si, como Naka, Sarda, Dapi, Lili Guedinho.
É que Naka, Sarda, Dapi, Lili Guedinho são íntimos uns dos outros, mas não têm qualquer intimidade comigo.
Sinto-me, sinceramente, um estranho, um intrometido, como se fosse alguém convidado para frequentar uma mesa de 20 pessoas, em que 19 tratam-se intimamente, enquanto apenas eu fico de fora daquela interação toda, porque não sou íntimo de ninguém.
Não consta do manual de quaisquer dessas emissoras que, para demonstrarem informalidade, é completamente desnecessário Naka, Sarda, Dapi, Lili Guedinho tratarem-se, perante telespectadores, como Naka, Sarda, Dapi, Lili Guedinho?
Se não consta, deveria constar.
Agora, se você, telespectador, é íntimo de Naka, Sarda, Dapi, Lili Guedinho, então pronto, parabéns pra você!

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2023

Documentos reforçam que exterminar os yanomamis sempre foi um projeto explícito de Jair Bolsonaro



Bolsonaristas de todos os naipes - os fanáticos, inclusive - têm inundado as redes sociais de postagens mentirosas, todas elas voltadas à tentativa de livrar Bolsonaro de responsabilidades pelo genocídio que seus desgoverno perpetrou contra os povos indígenas yanomamis.
Argumentam que a invasão da área por garimpeiros, o saque sistemático das riquezas que lá existem, a malária e a desnutrição avassaladora são mazelas que provêm de décadas, e não apenas dos últimos quatro anos, em que Bolsonaro dilapidou o Brasil.
Erram, ou melhor, mentem deslavadamente bolsonaristas de todos os naipes quando tentam isentar o foragido de responsabilidades diretas pelos crimes perpetrados contra os yanomamis.
A Agência Sportlight resgatou documentos que demonstram a longa, insistente e radical militância de Bolsonaro no sentido de escancarar a Terra Indígena Yanomami para o saque sistemático. Desde seus primeiros anos de mandado como deputado federal, ainda na década de 1990, Bolsonaro notabilizou-se como uma voz criminosa em defesa da exploração das riquezas minerais encravadas na área, sob a justificativa de que mantê-las intocadas atrairia a cobiça de potências estrangeiras e poderia resultar na perda da área pelo Brasil. Coisa de malucos com mania persecutória, como Bolsonaro.
Vejam, por exemplo, o documento que está no alto desta postagem.
Em 8 de março de 1992, Bolsonaro, então deputado federal, propôs na Câmara o Projeto de Decreto Legislativo (PDC 170/1992), propondo a revogação da portaria que demarcou a reserva Yanomami.
"Outrossim o índio, melhor do que ninguém, é o mais autêntico dos brasileiros, e assim questionamos se o total de indígenas 'encontrado' pela Funai é realmente de brasileiros ou venezuelanos?", escreve o antropólogo e humanista Bolsonaro, na justificativa da proposição.
Vejam também o outro documento, acima.
É um discurso que Bolsonaro que está nos anais da Câmara, com data de 23 de novembro de 2016. Na ocasião, ele defendeu a necessidade de acabar com as reservas para que se possa explorar a mineração e para que "não se tornem novos países dentro do Brasil".
Em discurso anterior, transcrito no Diário da Câmara dos Deputados, na edição de 16 de abril de 1998 (vejam imagem ao lado), Bolsonaro cravou: "Até vale uma observação neste momento: realmente a cavalaria brasileira foi muito incompetente. Competente, sim, foi a Cavalaria norte-americana, que dizimou seus índios no passado e hoje em dia não tem esse problema no país".
Apenas esses elementos, além de uma fartura de tantos outros, produzidos durante o desgoverno bolsonarista, são suficientes para indicar que o genocídio dos povos yanomamis sempre foi um projeto declarado, explícito e pessoal de Bolsonaro.
Um projeto, portanto, criminoso.
E por ser criminoso, precisa ser investigado com o rigor da lei.