quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022

Desta vez sóbrio, Monark vai passear no Museu do Holocausto: "F... demais"

Na entrada do Museu do Holocausto, em Curitiba, a voz de uma de suas vítimas.
(Foto: divulgação)

Após proclamarem barbaridades assustadoras, nada como um dia atrás do outro para que seus autores se mostrem capazes, no mínimo, de refletir seriamente sobre a gravidade de suas condutas.
Há duas semanas, Monark, o youtuber que defendeu a legalização de um partido nazista no Brasil. Quando fez isso, estava bêbado - conforme ele mesmo confessou.
De nada adiantou a desculpa de que os efeitos de uma eventual embriaguez eximiriam suas culpabilidades, porque tal desculpa não é acolhida nem pelo bom senso e nem pelo Código Penal Brasileiro.
Enfim, Monark foi demitido pelo Podcater Flow, banido do YouTube, xingado, linchado moralmente e chegou a proclamar-se um injustiçado, ao julgar que as reações foram desproporcionais à sua conduta.
Mais eis que, nesta terça-feira (22), um seleto grupo de 13 pessoas fez um visita guiada ao Museu do Holocausto, em Curitiba. E lá estava ele - incógnito, discreto, calado, silencioso, recolhido intimamente ao impacto do que via e ouvia. E lá estava ele - desta vez, sóbrio.
Lá estava Monark, que reagiu assim quando lhe foi perguntado sobre a visita ao museu: “Foda demais”.
Tomara que outros como Monark não precisem ser linchados, xingados, banidos e cancelados para só então caírem na real depois da visita a um museu.
Tomara!
Leia, a seguir, a reportagem do jornal Plural, que acompanhou com exclusividade a visita de Monark ao Museu do Holocausto.

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Na tarde do último dia 22 de fevereiro um grupo de 13 pessoas fez uma visita guiada comum ao Museu do Holocausto, em Curitiba. Com exceção da reportagem do Plural e da equipe da instituição, os demais visitantes não notaram que entre eles estava o youtuber Bruno Aiub, conhecido como Monark. O comunicador de 31 anos deixou o podcast Flow depois de dizer que o partido nazista deveria ter o direito de existir.

“Cancelado”, Monark foi convidado pelo Museu a ir visitá-lo. “A gente achou que essa abordagem seria mais construtiva”, explicou ao Plural o coordenador-geral do Museu, Carlos Reiss. O próprio Reiss conduziu a visita, que começou num pátio externo, com a explicação de que a missão do local é desmistificar alguns mitos em torno do nazismo e do holocausto e mostrar os elementos que foram compondo o contexto que permitiu que essa tragédia – e muitas outras – acontecesse.

Logo no início da visita o coordenador de História do museu, Michel Ehrlich, explicou que os nazistas chegaram ao poder pelo voto. “Eleições não são garantia de democracia”, ressaltou. E explicou os riscos de permitir que um grupo que é contrário aos valores democráticos participe do processo eleitoral. Na sala, uma pilha de livros lembra a censura nazista à literatura (e que não se restringiu a ela) e um painel expõe o conteúdo antissemita promovido pelos nazistas.

Entre vários cartazes, Ehrlich destacou um que mostra uma reedição dos Protocolos dos Sábios de Sião, um texto antissemita falso criado no século XIX e que promovia a ideia de que havia um pacto judeu de dominação mundial. Segundo Ehrlich, o texto foi criado pela polícia secreta russa no século XIX, mas foi importante na propaganda antissemita nazista, num contexto de crise econômica e de busca de “culpados”.

“Quem escreveu, desenhou, falou pode não ter colocado ninguém na câmara de gás, mas tem responsabilidade. Palavras têm responsabilidade”, disse diante de um Monark calado, com as mãos nos bolsos do bermudão preto. Ao lado da capa da reedição nazista do Protocolo dos Sábios de Sião, livros infantis e propaganda antissemita. Tudo ajudando a sedimentar a ideia de que os judeus eram um mal.

Em outras salas e durante todo o tour, Reiss e Ehrlich insistiram em como a demonização dos judeus e a liberdade com que o discurso nazista circulava foram construindo condições para quem milhões fossem exterminados. “Não começa com a estrela amarela na roupa, com os trens para campos de concentração”, disse em outro momento Ehrlich. “Começa com a agressão verbal, a desumanização”.

Diferente de outros museus do Holocausto, o de Curitiba não apresenta instalações destinadas a sublinhar a enorme dimensão do massacre perpetuado pelos nazistas (no museu do Holocausto em Washington, um corredor de milhares de sapatos de pessoas mortas nas câmaras de gás impacta o visitante logo na entrada). O foco aqui é em histórias individuais, de quem morreu e de quem sobreviveu.

A exposição acaba num painel que aponta outros genocídios da história recente e episódios de alerta. Antes de agradecer a todos pela visita Reiss disse que “se vocês saírem achando que isso não ter nada a ver com vocês, a gente falhou”. E resumiu que o objetivo é que as pessoas entendam que “têm responsabilidade por aqueles que estão em volta”.

Sem ser reconhecido pelos demais visitantes, Monark ouviu em silêncio as apresentações, interagiu com alguns itens e não fez nenhuma pergunta. Ao lado dele, um motorista de aplicativo disse querer saber mais sobre a história para “entender o momento que estamos vivendo”.

O casal Raquel Pereira dos Santos e Francisco Santos Lima só soube do colega de tour célebre quando a reportagem do Plural os abordou na saída. Para Raquel, a reação ao comentário de Monark é justificada. “Tem que cancelar mesmo, é um absurdo”. A advogada explicou que foi fazer a visita “para entender o momento político”. “É um tema muito latente”, completou.

Ao fim da visita, a reportagem do Plural perguntou a Monark o que ele tinha achado. “Foda demais”, respondeu e explicou estar num período de silêncio. O youtuber, que no Instagram disse estar curtindo “férias forçadas de cancelamento”, agradeceu a recepção e os livros que ganhou de presente da instituição (um deles, com respostas a dúvidas frequentes sobre o Holocausto). “Sinto que eu precisava”, concluiu antes de ir embora.

Serviço: Para visitar o Museu do Holocausto é preciso fazer cadastro e agendamento aqui.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2022

Há algo de novo sob o sol: o PSOL condenando o ato de uma ditadura

Daniel Ortega: um ditador nefasto, nefando e cruel. Mas, para muitos, um ditador do bem.

Entre as esquerdas, há algo de novo sob o sol.
E o novo atende pelo nome de PSOL.
Inesperadamente, curiosamente, surpreendentemente e, sabe-se lá, ineditamente (entre outros mentes que a criatividade de cada leitor poderá acrescentar), o PSOL apresenta-se como uma voz dissonante entre os partidos de esquerda brasileiros, que, infelizmente, veem-se na obrigação de externar publicamente seu apoio a ditadores, mesmo que isso cause vergonha e constrangimento às agremiações partidárias.
E como os partidos de esquerda se acham obrigados a apoiar ditadores atrozes, acabam dando a impressão de que há ditaduras do bem (as de esquerda) e ditaduras do mal (as de direita).
Por esse viés, espelham-se deploravelmente nos segmentos mais nefastos de direita, para os quais ditadores do bem são os conservadores - como esse animalesco Viktor Orbán, que Bolsonaro saudou como irmão -, enquanto os ditadores do mal são os de esquerda.
Representa, portanto, algo novíssimo debaixo do sol que o PSOL tenha divulgado, no dia 11 de fevereiro passado, uma discretíssima nota em que se manifesta preocupado "com a condenação da companheira Dora Maria Téllez e de outros militantes históricos e jovens ativistas nicaraguenses".
O PSOL criticando uma perseguição promovida pelo governo do ditador nicaraguense Daniel Ortega?
Pois é. Se você não acreditava, acredite que o PSOL fez isso. Ainda que possa tê-lo feito constrangidamente. Mas fez, ora bolas.
E ao fazê-lo, torna-se uma voz dissonante do PT, cujo líder maior, o ex-presidente Lula, chegou a minimizar a ditadura nicaraguense, comparando o tempo em que Ortega e, ora vejam só, a então chanceler alemã Angela Merkel ficaram no poder.
“Temos que defender a autodeterminação dos povos. Sabe, eu não posso ficar torcendo. Por que que a Angela Merkel pode ficar 16 anos no poder e Daniel Ortega não?”, disse Lula durante entrevista, em novembro do ano passado.
Pois é.
Na ocasião, não perguntaram a Lula se Angela Merkel, alguma vez, elegeu-se mediante pleitos fraudados, se mandou prender dezenas de opositores, empastelou veículos de comunicação, agrilhoou o Poder Judiciário para atender a seus interesses e protagonizou tantas outras barbaridades.
Daniel Ortega fez e faz tudo isso, mas, vocês sabem, é um ditador do bem, não é?
Não. O PSOL começa a sentir que não, que Ortega é simplesmente um ditador. Pronto. E ponto.
Ao dissentir dos demais companheiros aqui no Brasil, o PSOL dá uma edificante demonstração de que pode estar começando (apenas começando, vejam bem) a considerar que ditaduras, sejam lá de que espectro ideológico forem, são abjetas, nefandas, nefastas e incondizentes com os mínimos princípios que as democracias devem seguir.
Abaixo, vejam a íntegra da nota do PSOL.

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O PSOL – Partido Socialismo e Liberdade vem a público expressar sua preocupação com a condenação da companheira Dora Maria Téllez e de outros militantes históricos e jovens ativistas nicaraguenses.

Dora Téllez foi uma das principais mulheres na liderança da Revolução Sandinista e teve papel importante na tomada do Palácio Nacional de Manágua em 1978, sendo ainda Ministra do governo Ortega. Hoje ela responde a um processo jurídico arbitrário motivado pela perseguição política do governo Ortega/Murillo.

Defendemos o direito de autodeterminação dos povos, a soberania frente ao imperialismo e também a livre manifestação do povo nicaraguense. Nos solidarizamos com o povo nicaraguense que luta em defesa dos princípios originais da Revolução Sandinista.

Executiva Nacional do PSOL
11/02/2022

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2022

Josué Bengtson, a própria rainha da Inglaterra, tenta arrastar o PTB para uma aliança com Helder. É tempo de fazer apostas!

Bengtson e Elizabeth II: ambos são rainhas. Mas há uma diferença fundamental entre ele e ela.

O até agora presidente estadual do PTB, Josué Bengtson, ex-deputado federal condenado por corrupção em 2018, é a própria rainha da Inglaterra do partido. Ele reina, mas não governa.
Há uma diferença fundamental, porém, entre Elizabeth II e Josué Bengtson: mesmo que não governe, ela sempre deteve, e já lá se vão 70 anos, o respeito, a credibilidade, a afeição e o carinho dos súditos.
E Bengtson, o que dizer dele?
Depois da muvuca petebista que se viu no último sábado, em que foi vaiado pelos próprios súditos, ou melhor, pelos próprio filiados ao partido, Bengtson é a cara, o focinho e a feição de uma rainha decaída, desacreditada, decadente, desprestigiada e ridicularizada por suas próprias contradições.
O estadista Roberto Jefferson, maior liderança do PTB e imagem
vívida da temperança, da sabedoria e higidez moral: ele
admitiria uma aliança com Helder, que os bolsonaristas odeiam?
As contradições petebistas, diga-se, foram expostas de forma bizarra pelo próprio presidente estadual petebista na muvuca de sábado, ao proclamar, sob os apupos de filiados presentes, que seu apoio (dele, Bengtson, fique bem claro) é para a reeleição do governador Helder Barbalho (MDB) no Pará e para a do Negacionista a presidente da República, mesmo sabendo-se que os bolsonaristas - do Pará e d'além fronteiras - odeiam os barbalhistas.
Lances muito mais palpitantes ainda estão por vir. E boa parte deles converge justamente para o PTB, que agora tem entre seus filiados a figura de Everaldo Eguchi, o delegado federal bolsonarista que surpreendeu meio-Pará e chegou ao segundo turno na disputa pela Prefeitura de Belém, em 2020, quando teve como adversário Edmilson Rodrigues, que se elegeu.
Façam suas apostas - A condição formal de petebista, assumida por Eguchi, agora filiado à agremiação, é um convite para que as apostas sejam oferecidas à mesa: o delegado, assumidamente e fanaticamente bolsonarista, admitiria candidatar-se, mesmo a um cargo proporcional, caso o PTB se alie ao MDB de Helder?
Tem mais: tudo indica que o novo presidente do PTB no Pará será Roberto Jefferson Filho, que mora em Belém e é filho do tresloucado das armas Roberto Jefferson, condenado no mensalão e atualmente em regime de prisão domiciliar decretado pelo ministro do Supremo Alexandre de Moraes, com base no inquérito que apura a atuação de uma milícia digital que atenta contra a democracia. Alguém acredita, sinceramente, que a direção do PTB, pós-Bengtson, haverá de chancelar os acordos do pastor (se é que houve acordos) com a família Barbalho para apoiar a reeleição de Helder?
Anotem outra: o ex-governador Simão Jatene, que recentemente se desfiliou do PSDB e atualmente procura um partido, volta e meia é apontado como estando na iminência de filiar-se ao PTB. Vocês acreditam que, caso ingresse mesmo no partido de Roberto Jefferson, Jatene admitiria uma aliança estadual com Helder Barbalho?
Como já dito aqui, vamos aguardar os próximos lances para sabermos como vai se comportar o PTB nas eleições de outubro.
Mas é certo que, até lá, teremos ainda edificantes e incomparáveis lições de coerência política.
A ver!

sábado, 19 de fevereiro de 2022

Na muvuca petebista, o presidente do partido, o condenado Josué Bengtson, é vaiado pelos próprios filiados



O que era para ser um mero ato - protocolar, burocrático, modorrento e chato - de acolher novos filiados se transformou numa muvuca codimentada por cenas patéticas, mostrando um presidente de partido pronunciando um discurso desarticulado, ao mesmo em que era vaiado com estridência pelos próprios filiados.
Foi assim a reunião que o PTB realizou na manhã deste sábado (19/2), num hotel no bairro de Nazaré, para acolher vários novos filiados, entre eles o delegado federal Eguchi, que concorreu a prefeito de Belém nas eleições de 2020, um filho do ex-deputado federal Wladimir Costa, o ex-deputado tucano José Megale; Evaldo Bichara, ex-coordenador estadual de Saúde Bucal no governo de Simão Jatene, e o ex-prefeito de Oriximiná Delegado Fonseca, entre outros.
Entre os presentes estavam o ex-governador Simão Jatene, que recentemente se desfiliou do PSDB, partido no qual figurava como um dos fundadores no Pará, e os deputados estaduais Delegado Toni Cunha (PTB ) e delegado Caveira (PP), além de outros opositores do governador Helder Barbalho na Assembléia Legislativa, que hoje se mostra como a mais dócil a um governo nos últimos 950 mil anos.
O momento, digamos assim, mais palpitante, foi quando o presidente estadual do PTB, o ex-deputado federal Josué Bengtson, foi brindado com uma sonora vaia ao anunciar que seu apoio aqui no Pará, nas eleições de outubro, será para a reeleição do governador Helder Barbalho (MDB) e do presidente Jair Bolsonaro (PL).
Vaias - A manifestação de Bengtson (assistam no vídeo do alto) não deixa de ser, por si só, das mais curiosas e extravagantes. É que Helder é odiado por bolsonaristas no Pará e, presume-se, também os odeia. Mas, tudo indica, Bengtson será exceção à regra a esse ódio incontrolável, já que, conforme sua própria alocução, está fechado com a reeleição do governador.
Ao discurso do presidente do PTB, contraponha-se o do ex-governador Simão Jatene (veja no vídeo acima), que voltou a fazer duras críticas ao governo Helder Barbalho, acusando-o de "não ter projeto, não ter realização" e de "perseguir jornalistas", menção a operações que a Polícia Civil realizou em 2020, em Belém, que tiveram como blogueiros como alvos, além de jornalistas.
"Pureza" ética - Se não se pode coerência ideológica de Bengtson, muito menos se lhe pode cobrar "pureza" ética. Como se sabe, o ex-deputado, que também é pastor, foi condenado pela Justiça Federal à perda do mandato, em 2018, por enriquecimento ilícito em esquema de desvio de recursos da saúde no Pará, conhecido como "Máfia das Ambulâncias". Ele também teve os direitos políticos suspensos por oito anos e foi multado em cerca de R$150 mil em multas e devolução de recursos.
Segundo denúncias do Ministério Público Federal (MPF), o pastor direcionava verbas a municípios, onde licitações eram fraudadas e o dinheiro era depositado na conta dele e da igreja que faz parte, a Igreja do Evangelho Quadrangular.
No mais, é aguardar os próximos lances para sabermos como vai se comportar o PTB nas eleições de outubro, uma vez que seu até agora presidente, confesso bolsonarista e barbalhista, terá que se ombrear com o delegado federal Eguchi, igualmente bolsonarista, mas também irascível, convicto e radical antibarbalhista.
Teremos ainda, pela frente, meses de edificantes lições de coerência política.
Acompanhemos.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022

"Numa guerra, a primeira vítima é a verdade." Não sei quem disse. Mas, quem o disse, não fez mais do que dizer a verdade.

Imagens divulgadas por Estados Unidos e Otan mostram tropas russas que estariam
estacionadas na área fronteiriça com a Ucrânia. A Rússia diz que é mentira. Quem diz a verdade?

Numa guerra, a primeira vítima é a verdade.

Essa máxima foi dita há uns 100 anos. Todo mundo, eu acho, conhece-a.

Sei lá quem a disse. Muitos a atribuem ao senador americano Hiram Johnson (1866-1945).

Mas, se não foi ele, quem a disse não fez mais do que cunhar uma verdade.

Há mais de dois meses, acompanho atentamente as informações sobre essas tensões - perigosíssimas, vamos admitir - entre Rússia e Ucrânia.

Há dois meses, todo dia, o dia inteiro, deparo-me com afirmações que, de tão contraditórias, implausíveis e inadmissíveis (algumas vezes, até risíveis), têm toda a aparência de ser mentiras; ou por outra, são informações que esmagam a verdade e a tornam a grande vítima nesse estado belicoso.

Agora mesmo, no Jornal Hoje, temos a informação de que separatistas russos estão saindo em massa de Donetsk, que se autoproclama uma república pró-Rússia, porque garantem que uma invasão da Ucrânia é iminente.

O que diz a Ucrânia? Que não tem a intenção de invadir Donetsk.

Nas últimas três semanas, países ocidentais, sob as vozes dos Estados Unidos e da Otan, a aliança militar pró-Ocidente, têm anunciado como iminente uma invasão de tropas russas à Ucrânia. Algumas informações chegam a marcar dia e hora.

O que diz a Rússia? Que não pretende invadir a Ucrânia.

Há mais de uma semana, com base em imagens de satélite, EUA e Otan acusam a Rússia de aumentar suas tropas e seus contingentes às próximidades da fronteira com a Ucrânia.

O que faz a Rússia? Exibe imagens de seus comboios militares voltando para casa.

Há umas três semanas, a Rússia acusa a Otan de estar fazendo justamente aquilo que a Otan acusa os russos de fazer: estaria aumentando contingentes nos países fronteiriços à Rússia.

O que dizem os EUA e a Otan? Que é mentira.

Há umas quatro semanas, EUA e Otan sustentam que a Rússia está à procura de um pretexto, nem que seja falso, para invadir a Ucrânia.

E os russos, o que dizem? Que essa acusação não se sustenta. E contra-ataca: os EUA e a Otan, eles sim, é que estariam criando um clima de histeria para estimular a guerra.

Nesta quinta-feira (17), autoridades ucranianas informaram que um grupo de separatistas pró-Rússia, apoiados pelas forças armadas de Vladimir Putin, atacaram uma escola infantil em Luhansk, localizada no leste ucraniano e dominada por rebeldes separatistas.

Quem atirou primeiro? Para os rebeldes, foram os ucranianos; para os ucranianos, foram os rebeldes.

Numa guerra, a primeira vítima é a verdade.

Sei lá quem disse isso.

Mas, quem o disse, não fez mais do que dizer a mais pura verdade.

A história é uma farsa. E aos olhos da pós-verdade, cada um constrói sua própria versão da história.


Leio no Portal Uruá-Tapera artigo assinado por jovem estudante do Colégio CEI, que se diz apaixonado por literatura, cinema e política.
Chama-se João Paulo Duarte Marques da Cruz.
No artigo, intitulado A história é uma farsa, sustenta o autor que vivenciamos um contexto em que as verdades, os fatos, as evidências são o que menos importam; ou melhor, que nada disso importa. Importa mesmo o que "é conveniente aos olhos" de cada um.
Em outras palavras, é a tal da pós-verdade, não é? A pós-verdade que eu sempre traduzo assim: A verdade não existe; a minha verdade, essa sim, existe. E ninguém mexa com ela.
Reproduzo aqui no blog a abordagem de João Paulo por duas razões.
Primeiro, porque o tema abordado é extremamente atual, neste cenário em que muitos jovens, como esse energúmeno Monark e milhares de outros, nutrem-se da mais tenebrosa alienação e vão para as redes sociais externar suas verdades imutáveis e intocáveis, que incluem, por exemplo, negar o holocausto, pregar o negacionismo, defender o terraplanismo ou escolher entre ditaduras do bem e ditaduras do mal.
Segundo, porque é muito alentador vermos um jovem interessar-se por esses temas e externar suas opiniões de forma serena, ponderada e fundamentada, sem que tais opiniões, evidentemente, sejam defintivas. Porque nenhuma opinião é. A não ser para os aderentes à pós-verdade.
Abaixo, a íntegra do artigo de João Paulo.

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“Se a gente matar um monte de judeu e se apropriar do poder econômico dos judeus, o Brasil enriquece. Foi isso que aconteceu com a Alemanha pós-guerra!”, atalha o jornalista José Carlos Bernardi na Jovem Pan, em face da notícia de que o ex-presidente Lula fora aplaudido após discurso a Parlamentares Europeus. Allan dos Santos, blogueiro bolsonarista e entusiasta antivacina, disse que “omitir o uso da cloroquina é o mesmo que deixar judeus na dúvida entre chuveiro e câmara de gás”.

Para o atual Deputado Federal e filho do atual Presidente da República, Eduardo Bolsonaro, ações que vieram a tirar o então Presidente da República, João Goulart, do poder ocorreram por conta do Congresso e, ademais, com o amplo apoio popular; não caracterizando, então, um golpe. Segundo o ex-presidente da república, Luiz Inácio Lula da Silva, o ditador Daniel Ortega é comparável à chanceler alemã Angela Merkel; afinal, “por que que a Angela Merkel pode ficar 16 anos no poder e Daniel Ortega não?”. E a lista continua.

Trinta e sete anos após a Ditadura Militar – símbolo, em tese, de repressão, perseguição, histórica e cultural, e de censura -, no instante presente, grande parte do que hoje compreendemos como Ocidente vivencia a leviandade dos fatos que ocorreram; não apenas no Brasil, é claro; todo o Ocidente, contudo, vivencia a leviandade de quaisquer verdades em troca do que é conveniente aos olhos.

Diz o senso comum de que o que os olhos não veem, o coração não sente. Mas será mesmo? A prisão, em escala, de presos políticos nas respectivas ditaduras citadas, além de outras minorias, foi afastada do debate político e público pelos dois pólos majoritários do Brasil. Em suas práticas e técnicas, o mal está nos outros, não tendo espaço, portanto, para o reconhecimentos de seus próprios erros. Em suas práticas e técnicas, o inferno são os outros.

Derek Thompson, autor de “Hitmakers: Como nascem as tendências“, explicou os termos “neofílicos” e “neofóbicos”. Para o escritor, somos, mutuamente, neofílicos e neofóbicos; ou seja, gostamos do que é novidade, novo; mas precisamos também daquilo que é familiar. As ideologias polarizantes do Brasil parecem ter estudado sobre isso quando o assunto trata-se de “fake news histórica“. Em dado momento, pensa-se que todos já conhecem o tão comentado termo “fake news“; entretanto, o que hoje se experimenta é um método ainda mais eficaz utilizado pelos negacionistas históricos. Perceba a estrutura: leva-se até o debate um fato que todos conhecem, – e que, na maioria das vezes, é verídico -, que seja, o Holocausto; e, após todos de imediato já entenderem do que se trata, puxa-se para a conversa um fato não tão conhecido assim, como a situacao economica alemã no pos-guerra, por exemplo; desse jeito, de pouquinho em pouquinho, pode-se falar o que bem entender-se, por mais ridículo ou até criminoso que seja, sobre o segundo fato que ainda será visto como certeiro; em casos extremos, genial.

Ainda sobre livros, George Orwell abrange, mais uma vez, em seu livro “1984“, o grande tema das distopias: a liberdade. O protagonista é um homem chamado Winston Smith, o qual trabalha em um ministério do governo, onde este edita reportagens de jornais antigos, alterando os fatos para que o passado esteja de acordo com as convicções do governo. Toca, portanto, Orwell em uma grande ferida da sociedade: Ainda há de se ter liberdade se a verdade histórica nos é privada?

Trinta e sete anos depois, ainda há quem veja o golpe militar como uma resposta do povo e uma resistência ao comunismo. Trinta e sete anos depois, ainda há quem veja, ignorando também todas as ditaduras precedentes, equivalência possível entre um ditador que prende opositores políticos e uma defensora ferrenha da democracia. A eles, deve-se pôr no braço a vacina da verdade; a eles, deve-se lembrar que a história nunca será reescrita.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2022

Miséria, abandono, pobreza menstrual. É o Pará nas manchetes.


O Pará está nas manchetes.
O tema é miséria, abandono, pobreza. Pobreza menstrual, inclusive, aquela que condena milhões de brasileiras a uma condição tal que não dispõem de meios sequer de adquirir absorventes higiênicos apropriados.
A Folha de S.Paulo estampa em sua primeira página desta terça-feira (15) a foto acima, chamada para matéria que ocupa a página B1 inteira, no caderno Cotidiano.
O jornal mandou ao Pará as repórteres Victoria Damasceno e Karime Xavier.
Elas assinam uma excelente reportagem mostrando que no município de Curralinho, na região da Ilha do Marajó, a pobreza é tão grande que muitas mulheres, quando chega a menstruação, são obrigadas a recorrer a pedaços de pano para garantir o mínimo de higiene íntima.
Curralinho, mostram as jornalistas, foi escolhida como o microcosmo humilhante dessa realidade porque está no Norte do Brasil, região em que 36% das mulheres já passaram por períodos em que não puderam comprar produtos de higiene menstrual. Em segundo lugar está o Nordeste, com 33%. Os dados são da pesquisa "Impacto da Pobreza Menstrual do Brasil", feita pela marca Always em parceria com a plataforma de pesquisa Toluna.
E pensar que estão vindo as eleições por aí, um momento único para que a demagogia se aproprie de discursos oportunistas ora para desviar o foco de realidades deploráveis, ora para iludir corações e mentes com promessas (impossíveis) de torná-las menos deploráveis.
Que horror!

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2022

Bolsonaro, apontam fortes indícios, prepara armação para seguir como vítima e culpar adversários por atentado que sofreu

A campanha, oficialmente, ainda nem começou.
Mas Bolsonaro, que, supunha-se, só iria externar demonstrações de desespero nos últimos minutos da prorrogação, caso sua derrota se mostrasse iminente nas eleições de outubro vindouro (conforme projetam as pesquisas), exibe publicamente suas armas de desesperado. E isso a oito meses do pleito presencial.
Na última quinta-feira (10/2), em conversa com fanáticos mesmerizados por suas mentiras, Bolsonaro voltou a falar em ditadura e disse que “algo” irá acontecer nos próximos dias para “salvar” o Brasil. Um dia antes, portanto na quarta-feira, o filho 03 do presidente, deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), publicou vídeo fazendo várias críticas ao pré-candidato petista à presidência, Luís Inácio Lula da Silva, dizendo que vão dar um “golpe que vai acabar com o Lula”.
Ao que parece, os "próximos dias" preditos por Bolsonaro já começaram nesta segunda-feira (14).
Há cerca de 1 hora, em seu perfil no Twitter, o cidadão apresentou esse vídeo aí, que vocês podem ver no alto. É um vídeo que, conforme ele próprio afirma, "nem sabia que existia" e que diz ser de 2018. A gravação, da "noite do dia 6 ou já madrugada de 7 de setembro de 2018", segundo Bolsonaro, foi feita após a cirurgia em decorrência da facada que levou durante a campanha eleitoral daquele ano em Juiz de Fora (MG).
A coincidência entre a queda livre de Bolsonaro nas pesquisas, seu irremovível inconformismo com o arquivamento de dois inquéritos da Polícia Federal (apontando a autoria solitária de Adélio Bispo no atentado, sem vinculação, portanto, com qualquer partido político) e, além de tudo isso, as afirmações que o Capitão fez na última quinta-feira e o vídeo de agora, que ele acaba de postar, todos esses elementos, portanto, sustentam as especulações, em curso nas redes sociais, de que foi dada a largada na estratégia bolsonarista de atribuir ao PT a responsabilidade pelo atentado que o cidadão sofreu quando era candidato, em 2018.
E tem mais: no último sábado (12), o perfil Anonymous fez uma publicação no Twitter afirmando que "Adélio Bispo prestou depoimento gravado pela PF dizendo que a facada teria sido encomendada pela campanha de Haddad em 2018", informação que carece de confirmação.
Pelo sim, pelo não, o termo Adélio está no momento nos TTs, com 15,9 mil menções - e crescendo.
Sigamos vendo essa marcha de insanidades do bolsonarismo, cujo limite, é o fundo do poço.
A questão é que o poço já não tem mais fundo.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2022

"Isso aqui, querendo ou não, você sendo formado ou não, isso aqui é um programa jornalístico, porra!" Monark, sóbrio, não seguiu essa advertência.

Bruno Aiub, o Monark, podcaster que assustou e causou justas e virulentas indignações ao defender a existência de um partido nazista no Brasil, reclama em suas redes virtuais que está sendo vítima de um "linchamento desumano", após ter feito o que fez. E insiste: equivocou-se, excedeu-se, exacerbou-se nos comentários porque estava bêbado; mas não é defensor do nazismo, conforme sustenta.

Devo confessar que nunca assisti a um podcast desse rapaz. Nunca.

Mas leio por aí, nas nossas redes sociais sempre sensatas, ponderadas e fontes de notáveis saberes, testemunhos indicando que não essa não foi a primeira vez que Monark, bêbado, comandou um podcast pelo Flow.

A ser verdade essa versão, ele já é reincidente em exibir-se embrigado para manifestar-se num meio virtual que atinge milhões de pessoas, considerando que o Flow tem quase 3,7 milhões de inscritos no YouTube.

O certo é que, especificamente sobre a alegação de ter falado as barbaridades que falou por estar bêbado, temos dois aspectos singelíssimos a considerar.

A embriaguez e o crime - O primeiro é que o Código Penal Brasileiro é objetivo quando estipula, no inciso I do artigo 28, que a emoção e a paixão não excluem o crime, bem como a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de efeitos análogos não excluem a imputabilidade penal.

E o inciso II, do mesmo artigo 28, afirma que a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de efeitos análogos, não excluem a imputabilidade penal.

O segundo aspecto é o seguinte.

Advertência - Logo após a repercusão das baboseiras externadas por Monark, circulou nas redes sociais o trecho de uma entrevista (vejam acima) que ele fez, há cerca de um ano, com o cantor e compositor Rogério Skylab.

Na ocasião, Skylab advertiu: "Isso aqui, querendo ou não, você sendo formado ou não, isso aqui é um programa jornalístico, porra. [...] Tem uma multidão vendo", disse o cantor, chamando atenção para o fato de que os entrevistadores, Monark e um outro, não poderiam se permitir falar o que quisessem, da forma como bem achassem conveniente.

E qual o detalhe? Aparentemente, Monark, naquela ocasião, estava sóbrio. Bem sóbrio. Portanto, ouviu perfeitamente as ponderações de Skylab. Se não as seguiu, agora não pode reclamar das consequências de seu ato - idiota, imbecil, criminoso e injustificável.

E não pode, sobretudo, alegar que foi idiota, imbecil, criminoso e inconveniente porque estava bêbado.

Não mesmo.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2022

STF forma maioria para arquivar inquérito de Belo Monte contra Jader e Renan, senadores do MDB

Renan Calheiros e Jader Barbalho: indícios de crime apresentados pelo MP
reduziram-se a gráficos e diagramas, segundo o ministro Edson Fachin

O Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria nesta quinta-feira (10) para arquivar um inquérito da antiga Operação Lava Jato contra os senadores Jader Barbalho (PA) e Renan Calheiros (AL), os dois do MDB. Os parlamentares eram investigados por integrar suposto esquema de propina na construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Pará. O inquérito contra os senadores foi instaurado em 2016 com base na delação do ex-senador Delcídio do Amaral. O teor da decisão foi publicado pelo site Poder 360.
De acordo com o relator da Lava Jato no STF, Edson Fachin, "quando intimada sobre a consolidação dos relatos apresentados por colaboradores no decorrer das apurações, a Procuradoria- Geral da República não se desincumbiu de apontar a existência de justa causa no ponto relacionado à implicação direta dos detentores de foro prerrogativa de função (Renan Calheiros e Jader Barbalho), limitando-se a mencionar os diagramas elaborados em relatórios policiais pretéritos que os apontam como destinatários de pagamentos indevidos".
"Ocorre, porém, que esses gráficos e diagramas expostos no parecer ministerial representam hipóteses explicativas cogitadas em momento anterior da investigação, as quais certamente se sujeitam à confirmação ou refutação com base no resultado das diligências implementadas (oitivas, perícias, diligências de afastamento de sigilo, etc)", complementou.

Fonte: Brasil247

Emedebistas próximos a Elcione Barbalho temem pela cassação do mandato dela. Mas depositam suas esperança em Alexandre de Moraes.


Emedebistas que transitam em círculos próximos, bem próximos à deputada federal Elcione Barbalho (MDB-PA) manifestam-se preocupados com o início, na terça-feira (8/2), de julgamento no Tribunal Superior Eleitoral (acompanhe no vídeo acima) que decidirá pela cassação ou não do mandato da parlamentar. Reeleita em 2018, ela é acusada pelo Ministério Público Eleitoral (MPE) de ter usado indevidamente, na condição de candidata, recursos do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC) nas eleições daquele ano.
Mesmo preocupados, os emedebistas de um modo geral e os barbalhistas em particular, depositam no ministro Alexandre de Moraes todas as esperanças de que ou a conclusão do julgamento seja postergada pelo prazo mais ampliado possível, de modo a não atrapalhar os planos de reeleição de Elcione, ou então que o ministro puxe o chamado voto-divergente, ou seja, um voto contrário ao do relator, Edson Fachin, que já se manifestou favoravelmente ao recurso do MPE e, portanto, à cassação do diploma de Elcione. Além de Fachin, o presidente da Corte, Luís Roberto Barroso, antecipou seu posicionamento (de forma excepcional, diante do término de seu mandato) e também votou pela perda do mandato da emedebista. Portanto, até agora, já está 2 a 0 para o MPE.
Esperanças - Por que as esperanças dos emedebistas em Moraes? Por duas razões básicas.
A primeira, que é de ordem, digamos assim, não jurídica, seria o fato de o ministro ter sido colega do governador Helder Barbalho - filho de Elcione -, quando ambos ocuparam o ministério do governo Temer, Moraes como titular da Pasta da Justiça e Helder, da Integração Nacional. Nesse contexto, na expectativa dos emedebistas próximos à deputada, Alexandre de Moraes poderia analisar com mais acuidade a peça recursal do MP. Mas a tal acuidade, vejam bem, pode ser para o bem ou para o mal, ou seja, tanto pode convencer Moraes de que Elcione deve ser absolvida como pode convencê-lo de que ela deve mesmo ser condenada.
A segunda razão, essa sim com respaldo jurídico-regimental, está no fato de que Alexandre de Moraes, tendo pedido vista dos autos, tem prazo fixo para apresentar seu voto. O Regimento Interno do próprio TSE nada fala sobre o prazo. Mas essa omissão é superada pelo Regimento Interno do STF, que, no seu artigo 134, estipula o prazo de 30 dias para que o ministro que pedir vista dos autos apresente seu voto para o prosseguimento da votação. Esse lapso temporal começa a contar a partir da data da publicação da ata de julgamento, o que deve acontecer, no máximo, até a próxima semana.
Há possibilidade, no entanto, de prorrogar-se esse prazo por mais 30 dias. E não nos esqueçamos que, se o Regimento do Supremo é a referência para resolver casos omissos no Regimento do TSE, então é fato que, no próprio STF, há pedidos de vista que se arrastam por 450 anos, sem que as Excelências se dignem colocar o voto em pauta. Acontecerá o mesmo no caso de Moraes? Sabe-se lá. O tempo, somente o tempo, é que dirá. Mas os emedebistas esperam, ardentemente, que Moraes fique sentado sobre o processo por 500 anos, e não por apenas 450.
O caso - Segundo a denúncia do MPE, apresentada contra acórdão unânime do Tribunal Regional Eleitoral do Pará (TRE-PA), Elcione transferiu para dez candidatos do gênero masculino, a título de doação financeira, recursos da cota de 30% para candidaturas femininas do FEFC, o que configurou gasto ilícito de recursos.
Diante disso, o MPE alega que a gravidade da conduta ficou amplamente demonstrada, tendo em vista que, do valor do FEFC destinado aos concorrentes do sexo masculino (R$ 1.170.000,00), somente R$ 31.067,00 foram revertidos de fato em favor da candidatura de Elcione. Assim, requer a reforma do acórdão do Regional, para condenar a política por captação e gastos ilícitos de recursos de campanha eleitoral, com a consequente cassação do respectivo mandato.
Ao votar pela cassação do diploma da parlamentar, o relator do caso, ministro Edson Fachin, ressaltou que “a perenização de figuras masculinas nos quadros de política, poder e decisão, com impacto no interesse da coletividade, é cenário atual e ainda longe de superação, que concorre para que se acentuem as discrepâncias ainda hoje constatadas”.
Fachin relatou que Elcione, como candidata pelo MDB, recebeu do diretório nacional da legenda o valor de R$ 2 milhões oriundos do FEFC. Segundo análise da unidade técnica do TRE-PA, desse montante, R$ 1.170.000 foram doados para os candidatos citados, o que corresponde a 56,39% da quantia global movimentada na campanha da candidata.
De acordo com Fachin, “o que se constata é uma escolha da candidata em fazer doações para candidatos do sexo masculino que nada reforçou a sua candidatura”. “Descortina-se um estratagema de financiamento ilícito”, destacou Fachin, lembrando que Elcione integra grupo de políticos de uma mesma família e já goza de privilegiada visibilidade nacional e local.
Ainda conforme o relator, “um breve correr de olhos das quantias despendidas em favor da campanha de Elcione em relação às doações recebidas pelos candidatos marca uma desproporcionalidade entre os montantes”. Assim, segundo o ministro, “é impossível desconsiderar que os investimentos foram quase todos empregados em desconexa relação com a campanha feminina responsável pela liberalidade dos recursos”.

TRE cassa o mandato do vereador Zeca do Barreiro. João Coelho, do PTB, conserva o mandato.

O Tribunal Regional Eleitoral (TRE) manteve, nesta quinta-feira (10), o mandato do vereador de Belém João Paulo Albuquerque Coelho, do PTB, ao julgar recurso em que o Ministério Público Eleitoral (MPE) pedia a cassação do mandato do parlamentar, sob a alegação de que ele teria sido beneficiado ilegalmente, como candidato, de recursos do percentual de gênero previsto na lei eleitoral.

Na mesma sessão, ao julgar um outro recurso com pedido semelhante, o TRE cassou o diploma do vereador de Belém José Luiz Pantoja Moraes, o Zeca do Barreiro (ao lado), do Avante. Os votos computados em favor dele serão redistribuídos aos partidos que tenham atingido o quociente partidário, conforme dispõe o art. 109 do Código Eleitoral.

Das duas decisões, ainda cabe recurso ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Outros quatro processos tratando do mesmo tema ainda serão julgados, envolvendo Túlio Neves e Roni Gás, ambos do Pros; Pastora Salete e Josias Higino, ambos do Patriota; e Dona Neves (PSD).

As batalha judiciais que estão sendo travadas poderão favorecer a Bancada Mulheres Amazônidas, candidatura coletiva do PSOL, formada por Gizelle Freitas (Assistência Social), Kamilla Sastre (Luta contra o Capacitismo), Jane Patrícia (Terreiros/LGBTQIA+) e Fafá Guilherme (Movimento Popular da TF). Além delas, podem assumir um mandato na Câmara Municipal Wellington Magalhães (MDB), Eduarda Bonanza (PL), Simone Kahwage (Cidadania), Toré Lima (DEM), Wilson Neto (PV) e Claudia Vinagre (PSDB).

MP recorre de sentença e pede também a condenação de ex-prefeito de Salinópolis

Paulo Henrique Gomes: para o Ministério Público Eleitoral, ele também deve ser punido
por crimes cometidos durante a campanha de 2020, no município de Salinópolis

O Ministério Público Eleitoral recorreu, na quarta-feira (9/2), da sentença que cassou os mandatos do prefeito de Salinópolis, Carlos Alberto Sena Filho, o Kaká Sena (PL), e sua vice, Ana Denise da Silva Monteiro (PDT), acusados da prática do crime de abuso de poder político e econômico cometido por ambos durante as eleições de 2020.
O juiz eleitoral Antonio Carlos de Moitta Koury, que prolatou a sentença condenatória, não viu motivos para impor sanções ao então prefeito Paulo Henrique da Silva Gomes, muito embora o próprio Ministério Público tenha apontado, em parecer, que havia elementos probatórios robustos para condená-lo.
No recurso, o promotor eleitoral Gustavo Rodolfo Ramos de Andrade pede a reforma da sentença para que seja cominada a Paulo Henrique a sanção de inelegibilidade para as eleições que se realizarem nos oito anos subsequentes à eleição em que se verificou o abuso, e não apenas a cassação do registro ou diploma e inelegibilidade de Kaká Sena e sua vice Ana Denise, beneficiários dos atos praticados.
O promotor sustenta sua convicção de que houve abuso do poder político, abuso do poder econômico, utilização indevida dos meios de comunicação, entrega indiscriminada de toneladas de peixes para a população de Salinópolis e captação ilícita de sufrágio pelo ex-prefeito Paulo Henrique, como também pelo atual prefeito e sua vice.
Propaganda ostensiva - Ressalta o MP que, das ações ajuizadas contra os representados, constam várias imagens de publicações das páginas de redes sociais da Prefeitura de Salinópolis e vídeos em que se constata a veiculação da imagem e nome de Paulo Henrique, "gerando o aparecimento exacerbado da imagem do então prefeito, além de entrega indiscriminada de várias toneladas de peixes para a população do município de Salinópolis nos dias 9 e 10 de abril de 2020 (feriado da Páscoa)."
O recurso mencionar ainda que as páginas de redes sociais da Prefeitura de Salinópolis também exibiam propaganda da distribuição de alimentos, peixes e itens de higiene pelo município para combate aos efeitos do Covid-19. Em algumas dessas propagandas, acrescenta o promotor, houve o uso do nome e imagem pessoais do demandado como autor das medidas, sem caráter educativo, informativo, de orientação social ou institucional.
"Frise-se, ademais, que o ex-prefeito Municipal de Salinópolis, Paulo Henrique da Silva Gomes, se tratava da pessoa que encabeçava a campanha de Carlos Alberto de Sena Filho, seu primo, e Ana Denise da Silva Monteiro, tomando partido em várias manifestações eleitoreiras, atuando ferrenhamente em favor dos candidatos eleitos, o que pode facilmente ser comprovado pelas fotografias anexas e pelos depoimentos das testemunhas que foram escutadas na instrução do feito", escreve Gustavo Andrade.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2022

Mereço um troféu da Jovem Pan News: "Ave Bozo, morituri te salutant"

Mathias (o apresentador) e os debatedores bolsonaristas Constantino, Serrão e Costa
contra o antibolsonarista Piperno: na Bozo News, três contra um é o fino da imparcialidade

A Jovem Pan News é um traço de audiência.

Nossa Bozo News, versão nacional-bolsonarista caricata da Fox News trumpista, está mais bolsonarista do que nunca. Por isso mesmo, é um traço.

Neste exato momento, eu devo ser um dos dois ou três, em todo o País - além de Antônio Augusto Amaral Carvalho Filho, para os íntimos Tutinha, CEO da empresa - que estamos assistindo a um programa da tarde, o Três Em Um.

Com todo o respeito à cabotinice, mas eu mereço um prêmio, mereço um troféu da Jovem Pan News. Justamente por ser um dos três brasileiros que, neste momento, tentam levantar a audiência da emissora.

Mas programas como o Três Em Um apresentam um formato que não contribui para esse, digamos assim, esforço de alavancamento de audiência.

A Bozo News bate na tecla de que é o único canal imparcial do País, senão do mundo.

Pois vejam na imagem acima.

O programa de agora, tirante o apresentador Paulo Mathias (primeiro à esquerda), tem quatro debatedores: Rodrigo Constantino, Jorge Serrão, Marco Antônio Moreira da Costa e Fábio Piperno (o último, à direita, na parte de baixo).

Dos quatro, apenas Piperno faz intervenções contrárias ao governo Bolsonaro. Os outros três estão muito próximos de suspender uma plaquinha com os dizeres: Ave Bozo, morituri te salutant - "Ave Bozo, os que estão prestes a morrer te saúdam", nossa versão triunfante da saudação romana para César, o Imperadoe (Ave Caesar, morituri te salutant).

Em vez de Três Em Um, o nome apropriado não seria Três Contra Um?

Talvez não. Porque, na conta imparcial da Jovem Pan News, três contra um representa um equilíbrio perfeito.

Assim, meus caros, não há como alavancar essa audiência.

Mas não desisto.

Continuarei assistindo.

Para fazer jus ao troféu que, acho, mereço plenamente.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2022

Se beber, tenha cuidado. Porque você pode virar um nazista. Ou por outra: se beber, não vá para o Flow.


Vejam aí. Em Berlim, bem no centro da cidade, o local onde funcionou o bunker de Hitler
virou apenas um estacionamento. Com uma pequena placa fazendo a referência histórica.
E Monark, esse maluco, acha que devemos admitir um partido nazista?
(As fotos, de 2014, são do Espaço Aberto)
Monark, o youtuber que tem o número estratosférico de 1,2 milhão de seguidores só no Twitter, defendeu nesta segunda-feira (7), durante edificante entrevista com um deputado e uma deputada no Flow Podcast, a existência de um partido nazista.
Disse-o que o fazia em nome da, vão vendo aí, liberdade de expressão.
Diante da reação negativa de dimensões tsunâmicas ao crime que Monark cometeu (com direito à debandada de patrocinadores), ele veio a público para dizer, com a cara mais deslambida do mundo, que fez o que fez porque estava bêbado. E pediu desculpas por tudo o que fez. Mas já era tarde. Acabou demitido.
Você acredita na justificativa de Monark para cometer o crime que cometeu?
Eu não acredito.
E mesmo que acreditasse, a justificativa é a mais disparatada, implausível, inconsistente e intolerável.
É, literalmente, uma justificativa de bêbado.
Bêbado, posso fazer qualquer coisa? - Isso porque, se acreditarmos que Monark defendeu a existência de um partido nazista apenas porque estava bêbado e perdeu a cabeça, estaremos abrindo margem para justificativar qualquer delito.
Tipo assim: eu, bêbado, posso estuprar e depois pedir desculpas dizendo que só fiz isso porque estava bêbado?
Eu, bêbado, posso matar?
Posso roubar?
Posso proclamar que a Terra é redonda?
Posso considerar que um negacionista é, na verdade, um cientista?
Posso considerar que Bolsonaro é o mais sábio dos homens?
Parem com isso!
Uma coisa é a liberdade de expressão. Outra coisa é o crime.
Uma coisa é a crítica, a discordância, o dissenso - mesmo que externados em termos contundentes. Outra coisa é, por exemplo, fazer ameaças à integridade física de uma pessoa, ameaçar invadir prédios públicos e outras coisas mais.
Mirem-se em Berlim - O caso desse youtuber amalucado me lembra a visita que fiz a Berlim, em 2014.
Chegando lá, incluí no meu roteiro, conhecer o local onde funcionou a Chancelaria do Reich, no subsolo do qual Hitler mandou construir o famoso Führerbunker, bunker onde ele e algumas dezenas de nazistas se mataram, morreram durante os últimos raids aliados ou conseguiram fugir.
Para encontrar o local, foi difícil, muito difícil, muito embora esteja numa área muito próxima ao Portão de Brandemburgo, um dos cartões-postais mais visitados da capital alemã.
Mas eis que, a muito custo, encontrei o local onde funcionou a Chancelaria.
Sabem o que tem lá?
Nada.
Absolutamente nada que identifique sequer um metro do quadro das ruínas do que foi o imponente prédio da Chancelaria.
Para dizer que não tem nada, tem um estacionamento e uma pequena, singela, quase imperceptível placa (vejam nas fotos acima, que fiz na ocasião), explicando que ali funcionou o bunker e apresentando o croqui de suas instalações.
Fiquei impressionado com aquilo.
Não entendia por que um local como aquele, emblemático do ocaso do nazismo, do seu esfacelamento completo, está praticamente invisível, tanto que atrai pouquíssimos turistas, entre os quais eu.
Procurando ler um pouco mais, descobri o motivo: é que os alemães não querem que locais como esse sejam referências que possam estimular neonazistas a cultuar seus ideais.
Entenderam?
A Alemannha é um dos países mais democráticos do mundo.
Pois lá um partido nazista não é admitido.
E até mesmo o local onde existiu a Chancelaria do Reich, coração do poder nazista, virou um simples estacionamento.
Então, se vocês beberem, cuidado para não virarem nazistas.
Muito cuidado.

Tem golpe novo na praça. Em nome de uma suposta "Central Antifraude" do INSS.

Leitor aqui do Espaço Aberto, aposentado do INSS, passou quatro horas desta terça-feira (8) trançando de um lado para o outro, para desenrolar os nós decorrentes de um golpe de que foi vítima na última sexta-feira, 4 de fevereiro.

Naquele dia, por volta das 11h, o aposentado recebeu ligação de uma mulher, que se identificou como "Letícia" e disse que ligava de uma certa "Central Antifraude" do INSS. O número de telefone que aparecia no visor do celular mostrava o código 91, indicando que poderia ser de Belém.

A bandida perguntou se o aposentado autorizara um banco digital a emitir um cartão de crédito consignado, no limite de R$ 43 mil. Ele respondeu que não. E que nunca, sequer tinha ouvido falado no tal banco.

A mulher informou, então, que o interlocutor estava sendo vítima de uma fraude, já que o limite do cartão já fora usado e, por isso, o banco estava descontando o valor de R$ 1.080,00 de seus proventos. Ao mesmo tempo, a fraudadora perguntava se o aposentado autorizava a suposta "Central Antifraude" a cancelar o cartão, bloquear o pagamento das parcelas e depositar na conta bancária dele, em até 48 horas, os R$ 43 mil correspondentes ao limite do cartão.

Diante do oferecimento desse prestimoso serviço, o aposentado, é claro, concordou. Mas, para isso, era necessário confirmar endereço, número do CPF e número da conta bancária e da agência onde o dinheiro seria depositado, dados, aliás, que já estavam de posse da tal "Central Antifraude". Também precisou mandar pelo WhatsApp (número de São Paulo) a foto da carteira de identidade (frente e verso). E olhem só: também fez prova de vida, baixando um aplicativo que capta a imagem do rosto da pessoa.

Pronto. Com tudo isso, a "Central Antifraude" estava com todos os dados suficientes para providenciar o cancelamento do cartão consignado, o bloqueio dos descontos e o depósito dos R$ 43 mil na conta bancária.

Encerrado o atendimento, o aposentado desconfiou e foi consultar seu contracheque do INSS. E viu que os proventos estavam sendo pagos integralmente, sem qualquer desconto, contrariando informação da fraudadora.

Pelo WhatsApp, o aposentado voltou a contactar com "Letícia", a bandida, e explicou esse detalhe. Ouviu como resposta a informação de que, realmente, o desconto não aparecia no contracheque, mas no RMC (Registo de Margem Consignável), documento emitido pelo INSS.

Quando solicitou, então, que a "Central Antifraude" lhe mandasse o RMC, não obteve mais resposta.

Nesta terça-feira, o aposentado entrou em contato com o INSS, pelo número 135, obteve a confirmação de que nenhum desconto fora feito e recebeu a recomendação para jamais atender qualquer ligação de alguém dizendo falar em nome do INSS, porque a Previdência dificilmente se comunica com os inativos por telefone e, quando o faz, é somente pelo 135. Além disso, a atendente orientou o alvo do golpe a lavrar um boletim de ocorrência, o que já foi feito.

Agora, é ficar atento pra saber se os documentos fornecidos aos fraudadores serão usados para algum golpe que exigirá descontos nas contas bancárias do aposentado.

Então, já sabem.

Assim como bancos, a Receita Federal e outros órgãos, o INSS também nunca liga pra você.

Se ligarem em nome do INSS, é golpe.

Ou meio golpe.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2022

Prefeito e vice de Salinópolis têm os mandatos cassados e ficam inelegíveis por oito anos, mas seguirão nos cargos até julgamento de recurso

Kaká Sena: abusos na campanha eleitoral
O prefeito de Salinópolis, Carlos Alberto Sena Filho, o “Kaká Sena” (PL), e sua vice, Ana Denise da Silva Monteiro (PDT), tiveram seus mandatos cassados e ainda ficarão inelegíveis por oito anos, por abuso de poder político e econômico cometido por ambos durante as eleições de 2020. A sentença do juiz eleitoral Antonio Carlos de Moitta Koury foi preferida no dia 6 de fevereiro. Ainda cabe recurso ao colegiado do Tribunal Regional Eleitoral (TRE).

Em parecer, o Ministério Público Eleitoral sustentou que existiam elementos e prova robustos para que o ex-prefeito Paulo Henrique da Silva Gomes também fosse condenado, mas o juízo não viu motivos para condená-lo. É certo que, em recuros a serem impetrados, voltará a ser pedida a condenação de Gomes.

A sentença condenatória foi prolatada no âmbito de ações de investigação judicial eleitoral propostas propostas pelo MP e pela Coligação Majoritária "Salinas Pode Mais" (MDB/Solidariedade/PSD/PROS/PT/PV/PTB /Cidadania/Podemos).

A autora alegou que os investigados praticaram condutas vedadas em razão do uso eleitoral/promocional de programa social de distribuição gratuita de bens e benefícios de caráter social custeado pelo Poder Público municipal durante o ano eleitoral de 2020. Também incorreram em abuso de autoridade por promoção pessoal em publicidade institucional em período vedado.

O abuso teria se configurado na compra de votos, inclusive com distribuição de cestas básicas, eletrodomésticos, além de peixes à população durante a campanha. Quanto ao à época prefeito Paulo Henrique Gomes, também denunciado, o juiz argumentou que, embora ele “negue qualquer irregularidade de sua parte, atribuindo as falhas na distribuição ao seu secretariado, é certo que “não foi provada sua presença física, ao contrário das cestas básicas, na distribuição do peixe”.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2022

Pesquisa boa é a minha. Ou melhor: é a pesquisa que torcedores eleitorais querem que seja boa.

A melhor pesquisa de intenção de votos, com todo o respeito, é a minha.

Pesquisa boa é aquela que eu quero que seja boa. E ponto final.

Essa conclusão sobressai claramente da reação de petistas, bolsonaristas, moristas (ou seria morosistas?) e ciristas a cada pesquisa de intenção de votos que é publicada por aí.

Vejam as redes sociais.

Sintonizem veículos mais, digamos assim, engajados, como essa direitista Jovem Pan News, a nossa Bozo News, versão tupiniquim da Fox News, cidadela do trumpismo nos Estados Unidos.

Tanto nas redes sociais como nos veículos engajados, as pesquisas são tidas como verazes, reais, precisas e definitivas pelos petistas. Para os demais, os números colhidos não passam de invencionices.

E mais: quando os próprios pré-candidatos que estão na rabeira das aferições se pronunciam, normalmente dizem, quando confrontados com as pesquisas que lhes são desfavoráveis: "Não são o que dizem os números que eu tenho". Ou então: "Não é aquilo que eu sinto nas ruas".

Ainda há pouco, expondo a sua abalizada, ponderada e serena avaliação de uma pesquisa na Bozo News, o fanático bolsonarista Rodrigo Constantino, ao comentar números de aferição recente que confirma a liderança de Lula sobre os demais concorrentes, disse que não acreditava na pesquisa. Mas, então, por que não apresenta uma qualquer, encomendada por ele mesmo?

Sinceramente, acho as pesquisas - aquelas feitas, obviamente, por institutos sérios - um ótimo instrumento de referência sobre o andamento de uma campanha eleitoral.

Não me miro nelas como se fossem infalíveis. Até mesmo porque não pode ser infalível uma aferição incapaz de prever as imprevisibilidades decorrentes das emoções e dos juízos humanos. Mas pesquisas sérias, repito, podem nos propiciar bons elementos para avaliar a performance de candidatos a cargos eletivos.

No geral, no entanto, é como se disse no início: pesquisa boa é aquela que os torcedores eleitorais querem que seja boa.