quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Adeus ao som do carimbó

No AMAZÔNIA:

O carimbó tocado por mestre Verequete marcou o velório e cortejo fúnebre do início ao fim, ontem. Açougueiro que se tornou compositor, cantor e símbolo do ritmo paraense, ele recebeu várias homenagens dos amigos, admiradores, artistas e autoridades. As palavras de reconhecimento foram acompanhadas da esperança de que a morte dele não faça o carimbó também perecer.
O corpo de Verequete foi velado desde terça à noite até o início da tarde de ontem no Teatro da Paz. Dezenas de pessoas estiveram lá para prestar as homenagens, dentre elas os integrantes de nove grupos folclóricos que há anos têm suas apresentações animadas pela música dele.
O refrão de uma delas, o 'chama Verequete' foi repetido exaustivamente durante o cortejo que saiu do teatro até um cemitério de Marituba, seja pelo músico Bibi da Amazônia, pela caixa de som carregada em uma bicicleta ou pelo mestre Curica, das Guitarradas.
Mestre Curica cantou com sua banda durante todo o percurso, em carro aberto que acompanhou o carro dos Bombeiros onde o corpo foi levado. Ele contou que atendeu um pedido de Verequete, considerado um pai e exemplo de respeito, educação e humildade. A lealdade o fez prometer que tocará com a banda Uirapuru sempre que for necessário. 'Enquanto vida eu tiver, o carimbó não vai morrer', disse.
Se depender de outros artistas e admiradores de Verequete, também não. Alguns, como o cantor Eloy Iglesias, até acreditam que a morte servirá para impulsionar a valorização do ritmo e, quem sabe, a titulação do carimbó como patrimônio cultural do país.
Para Iglesias, a morte é triste, mas há a felicidade pelo legado que ele deixou. 'Ele era uma pessoa humilde, simples, que virou estrela, símbolo, bandeira do Pará. Vai fazer falta como compositor, mas a obra é tão grande que não podemos ficar completamente tristes', comentou.

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