quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Golpe: não há outro nome para o ocorrido em Honduras

Em seu blog Assuntos Candentes, Levi Menezes fez postagem sob o título acima.
Foi estimulado - ou seria desafiado - a fazê-la por este blog.
Aliás, na postagem Levi se refere ao Espaço Aberto como “um blog por aí”.
Bem feito para pessoal aqui da redação.
Quem manda abrir espaços, não é?
Enfim, ao que parece Levi não gosta nem mesmo de mencionar os que se opõem às suas posições.
Mas o pessoal daqui da redação não tem esses pudores, digamos, acendrados.
E tanto é que o Espaço Aberto – este “blog por aí” - destaca aqui o posicionamento de Levi sobre o caso Honduras, sobre o caso Zelaya.
Pois é.
Levi veio aqui – neste “blog por aí”, como ele diz – e fez um comentário discordando de 16 argumentos, ou 16 fatos relacionados pelo jornalista Reinaldo Azevedo, para demonstrar que, em Honduras, Zelaya foi o primeiro a tentar dar um golpe; em conseqüência, sofreu um contragolpe.
Levi fez o seguinte comentário, sobre a postagem:

Era só o que faltava, para consolidar minha percepção de que este blog age abertamente contra a democracia: o apoio ao golpe em Honduras. Santa Maria mãe de Deus, fazer referência ao Reinaldo Azevedo, o maior direitista em atuação no país hoje em dia, justamente quando ele defende um golpe militar, é um absurdo.

O blog – este blog, o “blog por aí” – respondeu a Levi, em comentário que está na caixinha:

O blog direitista faz uma proposta a você.
A postagem do Reinaldo está dividida em 16 fatos.
Você aceita rebater um por um? Rebater com fatos, evidentemente.
Teríamos, de um lado, o direitista Reinaldo e, de outro, o esquerdista Levi.
O blog direitista franqueia a você o espaço.
Você topa?
Teremos, os direitistas do blog, imenso prazer em publicar.
Você topa? pergunto.
Mas só vale se você rebater ponto por ponto.
O blog transcreve cada um dos argumentos do direitista Reinaldo e, logo abaixo, os seus.
Você topa?


Levi topou.
Topou, mas não tanto...
No seu blog – que não é, como este, “um blog por aí”, mas é o Assuntos Candentes -, Levi Menezes não rebateu, conforme propusera este blog – “um blog por aí” – ponto por ponto os argumentos do direitista, do raivoso, do reacionário Reinaldo Azevedo.
Não.
Mas, de qualquer forma, Levi fez uma postagem sobre o assunto, justificando melhor sua opinião de que houve golpe em Honduras.
Leiam abaixo.
Está no Assuntos Candentes, o blog de Levi Menezes.
Uma postagem que este blog o – “blog por aí” – tem o prazer de divulgar.
Sorte, Levi!

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Fui provocado, em uma caixinha de comentários de um blog por aí, a rebater um a um os argumentos do articulista de Veja, Reinaldo Azevedo, defendendo o golpe de estado ocorrido em Honduras. Em seguida, mais um comentarista saudoso da ditadura correu em linkar um artigo de Dalmo Dallari, onde este pretende encontrar na constituição Hondurenha os dispositivos que “legalizariam” o golpe.
Primeiramente, quero deixar claro que não sou jurista, e portanto, não tenho arcabouço teórico para um debate dessa natureza. Logo, procurei fontes onde me amparar. Nesta procura, acumulei elementos que permitem encontrar onde reside a ilegalidade do golpe.
Se o tão citado artigo 374 da Carta Magna hondurenha efetivamente impossibilita reforma constitucional que altere o mandato presidencial ou possibilite a reeleição do titular do respectivo mandato, este artigo não gera a perda de mandato pelo presidente da República, e muito menos dispensa o devido processo legal para tal sanção. Tal item destina-se a punir conduta que proponha recondução presidente e não a mudança do dispositivo para futuros governantes.
O plebiscito proposto por Zelaya, contra o qual se levantaram parlamentares e juízes, previa uma consulta popular sobre se a aceitação de um novo plebiscito, juntamente à eleição geral de novembro, prevendo a instalação de uma assembléia constituinte, que iniciaria seus trabalhos após o final do mandato do presidente Zelaya. Portanto, poderia estabelecer ou não a reeleição para o seu sucessor, e não para ele próprio.
Mesmo assim, outros aspectos da constituição hondurenha foram sumariamente solapados, entre eles garantia do amplo direito de defesa, e do devido processo legal. A Constituição de Honduras, como qualquer Constituição democrática do mundo, reconhece o direito de defesa e o devido processo legal em diversos de seus dispositivos, dentre outros, seus artigos 82, 89, 90, 94 e 95.
Por fim, o artigo 102 da Constituição hondurenha estabelece expressamente que nenhum hondurenho poderá ser expatriado nem entregue pelas autoridades a um Estado estrangeiro. O seu artigo 85 determina ainda que nenhuma pessoa pode ser detida ou presa se não nos lugares determinados pela lei.
Além disso, a expulsão inviabiliza fisicamente o exercício do direito de defesa por Zelaya e a realização do devido processo legal. Desmascara-se assim a verdadeira intenção golpista: depor o presidente por ato violento, sem qualquer processo ou possibilidade de exercício do direito de defesa.
Finalmente, a conduta golpista, além de se basear em um bocado de inconstitucionalidades, constitui crime conforme o disposto no artigo 2º da Carta hondurenha, que tipifica como delito de traição da pátria a usurpação da soberania popular e dos poderes constituídos.
Pior do que isso, é querer justificar a conduta golpista por ter apoio da justiça do país. Às Cortes constitucionais cabe o papel de interpretar a Constituição e não de usurpá-la às abertas. Cabe-lhes defendê-la, não destruí-la. Um Judiciário republicano e democrático, obviamente, não deve exercer a jurisdição de forma imperial, criando normas constitucionais e impondo-as sob o título de interpretar normas vigentes. A isso se chama claramente de golpe de estado.
Segundo o artigo 3ª da Constituição de Honduras: “artigo 3º - Ninguém deve obediência a um governo usurpador, nem a quem assuma funções ou empregos públicos por força das armas ou usando meios ou procedimentos que quebrem ou desconheçam o que esta Constituição e as leis estabelecem. Os atos praticados por tais autoridades são nulos, o povo tem o direito a recorrer à insurreição em defesa da ordem constitucional”.
Logo, o levante popular contra o golpe é legítimo, e lícito. Criminosos são aqueles que, ao arrepio da lei, pretendem impor uma ordem arbitrária, antidemocrática, ilegal e autoritária. Reconhecer Zelaya como presidente legítimo de Honduras e exigir sua imediata recondução ao poder e a punição de todos os golpistas não se trata de uma atitude de esquerdistas, ou chavistas, mas sim de verdadeiros defensores da ordem internacional e da soberania do povo hondurenho.

9 comentários:

Anônimo disse...

Levi, vc não rebateu ponto por ponto as proposições do jornalista Reinaldo Azevedo, conforme propôs o jornalista Paulo Bemerguy.

Depois, chamar o atual blog de "blog por aí" foi deselegante, meu caro.

Pegou mal.

Franssinete Florenzano disse...

KKKKKKKKKKKKK... Paulo, você é um diplomata! O que não o impede, é lógico, de nocautear uns e outros por aí. Com luvas macias e acolchoadas, apenas de efeito moral! Rsrsrsrsrsrs...

Anônimo disse...

Acho que o Levi nem deveria se esforçar tanto para mostrar que o que aconteceu em Honduras foi um golpe. Foi um golpe, e pronto. O Espaço Aberto só publica artigos e entrevistas da Veja. Se quisesse mostrar os dois lados, poderia também postar artigos de outros veículos não alinhados com a direita (Carta Capital, por exemplo). Isso mostraria as duas posições ao leitor. Ao optar por fazer ode aos colunistas da Veja, o glog mostra sua verdadeira cara.É democrático, da voz a todos (?), mas sob um ponto de vista. E tem que assumir isso.

Anônimo disse...

Me põe uma "Cubalibre" ai manô.
Pra comemorar com a esquerda festiva mais um ano de liberdade e felicidade do povo cubano.
Mas tem de ser assim, eles lá e nós aqui, no bembom...haha.

Anônimo disse...

Me expliquem uma coisa.
Por que será que Cuba é assim tão paraiso, regime perfeito e Fidel tão paizão... e pra sair de lá, só FUGINDO?

Anônimo disse...

O Bemerguy está careca-amarela por não admitir o vermelho. Acho que essa situação só pode ser resolvida com uma saída pela esquerda e sangue nas veias.

Cássio disse...

PB, estou esparando ainda os comentários sobre a censura à imprensa em Honduras, após o tal "golpe democrático" ou "preventivo", como alguns preferem. Abs

Anônimo disse...

Gostei do: "foi um golpe e pronto!" Isso, realmente, é um verdadeiro debate. Ainda dizem que o PB tem um lado só. Esqueceram, novamente, a constituição de Honduras.A Democracia se orienta pela constituição. Os Poderes Cosntituídos do País foram eleitos para cumprí-la. Fora disso, fica por conta das ideologias extemporâneas.

Cássio disse...

Anônimo aponte um artigo da Constituição hondurenha que permita censura a um tipo de imprensa por favor? Só isso...