quarta-feira, 3 de junho de 2009

Walter canta a última nota

No AMAZÔNIA:

No palco, com muita música e alegria. Assim foi velado o cantor Walter Bandeira, que morreu ontem, às 12h20, aos 67 anos, em um hospital particular de Belém. Ele havia descoberto recentemente o câncer no pulmão, em estado avançado, quadro que foi se agravando nas últimas semanas, deixando amigos e fãs preocupados.
Depois de ter sido desenganado pelos médicos na segunda-feira, ontem, Walter não resistiu. De certa forma repentina, a morte do grande intérprete paraense deixou a cidade mais triste ontem à tarde. Do hospital, o corpo foi levado para o Teatro Waldemar Henrique às 17 horas de ontem, onde foi realizada uma série de homenagens ao artista, incluindo apresentação do Coro Carlos Gomes e de artistas que dividiram o palco com ele ao longo de seus 40 anos de carreira.
O cantor será enterrado hoje no cemitério de Santa Izabel, no Guamá, às 10h30. Um palco iluminado foi montado no Waldemar Henrique para representar a alegria e o bom humor do artista. Segundo amigos, ele não queria tristeza, por isso surgiu a ideia de montar o palco durante o velório.
'O Walter não queria que ninguém chorasse. Por isso, choramos por dentro. Não é um espetáculo, na verdade é uma forma de mostrar a alegria em que o Walter sempre viveu. Não era só uma voz, um cantor, era um talento. Os amigos agradecem o fato de ter convivido com ele, que sempre foi muito disciplinado, organizado, inteligente e acima de tudo um grande profissional', disse a amiga Mônica Marques.
Foi com muita tristeza que parentes e amigos receberam a notícia da morte do cantor, que completaria 68 anos de idade no dia 31 de agosto. Após a divulgação da notícia, muitas pessoas próximas ao cantor e fãs passaram pelo hospital, na tentativa de obter informações sobre o ocorrido.
Segundo Yeye Porto, que era comadre de Walter e amiga há mais de 30 anos - o cantor era padrinho da filha de Yeye -, ele não perdeu o bom humor nem mesmo ao descobrir a gravidade da doença. Ela diz que ele ainda estava consciente e brincava até o último domingo pela manhã, quando o quadro começou a piorar e ele foi levado para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do hospital. 'Ele foi embora sereno, tranquilo e não perdeu o bom humor, que era sua forte característica', diz.
Ainda segundo ela, o cantor não se queixava de nada. Mas, a partir do momento que descobriu a doença, passou a permanecer mais tempo em casa. Ela contou que tinha acabado de sair da visita ao cantor, e aguardava um parecer do médico, quando recebeu a triste notícia da morte de Walter Bandeira.
'Ele descobriu e partiu. Tudo aconteceu muito rápido', contou. Walter Bandeira estava internado desde o dia 28 de maio, e na última semana já respirava com ajuda de aparelhos.
Ao longo da tarde de ontem, quando a notícia do falecimento de Walter Bandeira se espalhou, diversas personalidades paraenses do meio artístico e de fora dele, além de órgãos governamentais, expressaram o pesar pela perda de Walter Bandeira. A Secretaria de Cultura do Pará (Secult) emitiu uma nota de pesar onde afirmou que a cultura paraense perdia um dos seus maiores expoentes, que representou o que há de melhor na cultura paraense.
Walter é considerado um dos maiores cantores das noites de Belém, interpretando grandes compositores paraenses e nacionais. Para o secretário de Cultura Edilson Moura, o talento de Walter Bandeira ficará para sempre marcado na cultura e no imaginário da população do Pará. 'Walter deixará uma lacuna irreparável na música e no teatro paraense', afirma. 'Sua voz e sua irreverência são inigualáveis. Era essa imagem de felicidade e amor à vida que sempre será lembrada.'

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