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A música popular americana deu origem a três ídolos incontestáveis no século passado. Frank Sinatra foi... Frank Sinatra. Elvis Presley foi a cintura e o topete do rock. Michael Jackson, o terceiro, inventou a música pop – e não há exagero nessa afirmação. Ele derrubou uma das últimas barreiras que restavam entre brancos e negros nos Estados Unidos, desde o movimento dos direitos civis nos anos 60. Em vez de música para brancos e música para negros, agora havia sua fusão revolucionária de duas tradições. Jackson elevou formas de dança das ruas à categoria de arte. Assombrou com seu estilo extravagante de se vestir, que definia, afinal, o que é um ícone pop: alguém que vive em um mundo em que as únicas regras a seguir são as próprias regras. Vendeu 750 milhões de discos, 100 milhões deles de Thriller, o álbum de maior sucesso da história da discografia mundial. Na quinta-feira passada, Michael Jackson morreu, aos 50 anos, depois que seu médico e os paramédicos de Los Angeles falharam em ressuscitá-lo de uma parada cardíaca. Estava longe dos palcos havia anos. Era visto como a personificação das deformações que a fama é capaz de imprimir, até mesmo fisicamente, em quem vive dela. Numa paráfrase da frase célebre de Winston Churchill, Jackson continuará sendo uma lenda envolta em mistério, dentro de um enigma. No momento de sua morte, contudo, voltou a ser o que foi na maior parte da vida: um ícone.
O cantor foi socorrido na mansão alugada onde vivia em Los Angeles por volta das 12h20 da quinta-feira. Jackson havia recebido os primeiros cuidados de seu médico particular, Conrad Murray (figura que logo se tornou uma incógnita: ele teve seu carro apreendido pela polícia, que queria interrogá-lo mas não o encontrava; em seguida, veio à tona que onze dias atrás o médico havia anunciado seu desligamento da profissão). Paramédicos o encontraram sem respiração e sem pulso. Levaram-no, em estado de coma, para o hospital da Universidade da Califórnia, a poucas quadras. Mal haviam chegado e a notícia de sua morte iminente – finalmente declarada às 14h26 – já causava comoção global. O tráfego do serviço de microblogs Twitter dobrou. O Google entrou em pane, tantas as buscas. O serviço de mensagens instantâneas da AOL também sofreu um colapso nos Estados Unidos. O iTunes e a Amazon, as maiores lojas virtuais de música do mundo, registraram um aumento extraordinário nas vendas de discos e canções de Jackson. No caso da Amazon, o volume de vendas cresceu incríveis 700 vezes.
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