Tensão ainda domina fazenda

No AMAZÔNIA:

A situação na fazenda Maria Bonita, localizada em Eldorado dos Carajás, no sul do Pará, está cada vez mais crítica. A fazenda está invadida desde 25 de julho do ano passado e pertence a agropecuária Santa Bárbara, que tem o ex-banqueiro Daniel Dantas como um dos donos. Na tarde do último sábado, um novo conflito agrário por pouco não terminou em tragédia. O tumulto começou por volta de meio-dia, quando seguranças da propriedade trocaram tiros com integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST).
Dois veterinários chamados para avaliar a saúde do gado, após suspeita de que os invasores estavam matando os animais, teriam ficado no meio do fogo cruzado. A polícia foi acionada, mas quando chegou ao local a situação já tinha se normalizado. Segundo informações dos próprios agricultores, três sem-terra foram atingidos pelos tiros, mas todos passam bem. O clima no local é tenso, por ser a Maria Bonita um verdadeiro 'barril de pólvora' na região: na hora do confronto, cerca de 400 pessoas estavam no acampamento do MST, e, como a sede do imóvel foi anteriormente ocupada pelos trabalhadores rurais, os administradores da propriedade convivem com a preocupação de uma nova ocupação no setor administrativo.
O confronto armado de sábado está sendo apurado pela Delegacia de Conflitos Agrários (Deca), sediada em Marabá. Nos depoimentos a serem prestados na Deca ao longo desta semana, serão analisadas possíveis imagens feitas pelos seguranças da fazenda flagrando os trabalhadores rurais durante o abate de gado na propriedade.
Espírito Santo - A Agropecuária Santa Bárbara pediu à Secretaria de Segurança Pública da Pará a manutenção de policiais militares na fazenda Espírito Santo, localizada entre os municípios Xinguara e Eldorado dos Carajás. No último dia 18 de abril, pelo menos cinco pessoas ficaram feridas durante confronto entre integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra) e seguranças da Santa Bárbara.
Segundo a Santa Bárbara, os sem-terra ameaçam invadir novamente a fazenda e outras propriedades da região assim que os policiais militares do Comando de Missões Especiais deixarem Xinguara. No documento, a empresa ressalta que a fazenda é produtiva e que a Justiça do Pará já determinou a reintegração de posse da propriedade.