No AMAZÔNIA:
A empregada doméstica Sônia Maria dos Santos Sena, de 41 anos, nem lembra o que sentiu quando acordou em um leito da Santa Casa de Misericórdia e viu, ao seu lado, apenas um dos dois filhos que esperava. Durante toda a gestação - e até o dia do parto, em fevereiro deste ano - ela acreditava carregar na barriga dois bebês. Um exame de ultrassonografia realizado no dia em que ela foi internada no hospital deu à mãe a certeza de que ela voltaria para casa com duas crianças. Mas Sônia teve que se conformar em receber alta do hospital carregando apenas o pequeno Leandro, nascido prematuro no oitavo mês de gestação.
O caso, semelhante ao da dona-de-casa Andresa Soares, de 35 anos, que procurou a polícia para denunciar o suposto desaparecimento após o parto de um dos bebês que esperava, em uma maternidade no município de Ferraz de Vasconcelos, em São Paulo, está registrado no boletim de ocorrência número 00251/2009.000223-2 da Seccional Urbana do Comércio. A mãe, aflita, procurou a delegacia para pedir explicações sobre o desaparecimento de um dos filhos que ela disse esperar. Registrou no documento que foi procurada por uma mulher que se disse enfermeira da Santa Casa, no dia 17 de março, mais de um mês depois do parto. A mulher teria informado que o outro filho permanecia internado na UTI neonatal do hospital, realimentando os anseios em reencontrar uma outra criança. A mãe diz ter procurado a direção do hospital, mas não ter sido recebida.
Sônia procurou a Seccional do Comércio ontem para pedir orientações a um delegado de como cobrar explicações da Santa Casa. Com uma pasta recheada de documentos que, segundo ela, comprovam a gestação gemelar, ela voltou a peregrinar entre a delegacia e o hospital onde deu à luz o pequeno Leandro. 'Eu quero que se faça justiça. Receber uma explicação certa do que aconteceu', diz Sônia.
Uma ultrassonografia feita na Santa Casa no dia 11 de fevereiro de 2009 aponta a gestação de dois fetos. O primeiro, estaria com 3.219g e o segundo, menor, com 2.227g. O exame aponta até as diferenças de batimento cardíaco e das dimensões corpóreas dos dois bebês.
A mãe conta, ainda, que só ouviu dos médicos que esperava apenas um bebê após o parto, no leito do hospital. 'A médica chegou e disse, ‘olha, mãezinha, é só um bebê’. Mas eu disse são dois, são dois. Depois, eles me deram uma injeção e eu dormi', conta. 'Depois, quando eu voltei para casa, eu passei muitos dias deprimida. Disse também que foi procurada pela médica que fez a primeira ultrassonografia e que ouviu, dela, um pedido de desculpas. 'Ela disse que não podia ter cometido aquele erro'.
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