No AMAZÔNIA:
Devido ao péssimo estado da estrada, tornou-se um negócio lucrativo nivelar a buraqueira com aterro dos lados da pista. Entretanto, a atividade, a princípio feita só por adultos, passou ocupar o horário vago de meninos e meninas com menos de 12 anos, que vivem em área próxima do município de Moju.
É difícil acreditar que três irmãos, de 10, 11 e 12 anos, trabalhem desacompanhados no quilômetro 45 da Alça Viária. Durante a tarde de ontem, eles estavam sós e ainda admitiram que costumam fazer isso diariamente há quase duas semanas, sem auxílio de adultos. Eles garantem que não são obrigados pelos pais ao serviço. Dizem que a ideia foi deles próprios, ao ver que outras pessoas ganhavam dinheiro com a atividade. Como resultado, ajudam nas despesas de casa com cerca de R$ 15 por dia, dinheiro entregue para a mãe deles.
'A mamãe fica preocupada, mas deixa a gente vir todo dia. Agora que não está tendo aula na escola, a gente fica direto', conta a garota, mais nova do trio. Cada um tem uma pá, com a qual carrega terra para dentro dos buracos. As ferramentas, dizem, eram do pai, que não mora mais com eles. Todos dizem estudar em escola de Moju; como não tem aula nos últimos dias, sobra mais tempo para o trabalho.
Não muito longe desse ponto, no quilômetro 38, havia mais uma criança em trabalho infantil. A função desta, porém, era diferente. A responsabilidade de pegar na enxada e tapar os buracos é do tio e do irmão do garoto, de 11 anos. A ele, cabe apenas recolher os trocados que os motoristas distribuem, pois, com a presença infantil, o ganho tende a crescer. 'O trabalho não é novidade para ele. Em época de safra do açaí, ele também nos ajuda', afirma o primo, Edvaldo Viana, que trabalha na extração do fruto com o pai, Miguel Gonçalves da Silva. 'O que a gente faz agora, de cobrir os buracos, é só para garantir a renda na entressafra', explica.
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