O jornalista Carlos Mendes revelou ontem, em seu programa Jogo Aberto, na Rádio Tabajara – coapresentado (pela nova ortografia) pelo também jornalista e articulista aqui do blog Francisco Sidou - algumas das razões que levaram à queda do comandante-geral da Polícia Militar, coronel Luiz Ruffeil, a primeira cabeça a rolar em meio à violência que engolfa a (in)segurança pública no Pará.
Sim, Ruffeil (na foto acima, de Eliseu Dias, da Agência Pará, ele aparece ao lado da governadora Ana Júlia Carepa) é a primeira cabeça a rolar. Porque outras, ao que se espera, deverão rolar mais à frente. Convém aguardar.
Mendes, jornalista com boas fontes na área da Segurança Pública e mais ainda na área militar, contou tudo.
Ruffeil, disse ele, pediu para sair antes de ser arrancado do cargo pela governadora Ana Júlia Carepa.
Ruffeil saiu para não ser saído.
Pediu para pular do cavalo, antes que o cavalo o atirasse no chão e lhe aplicasse um coice.
O ex-comandante-geral da Polícia Militar, segundo Mendes, vinha enfrentando fortes pressões, inclusive no âmbito familiar, para que se afastasse da Polícia Militar e, em consequência, do comando-geral da corporação.
As pressões, segundo o jornalista, intensificaram-se bastante nas últimas semanas, e desta vez emanaram de segmentos da própria sociedade, desde que a onda de violência começou a crescer de forma avassaladora.
Às pressões que acuavam o coronel e sinalizavam sua saída, some-se um outro fator que, segundo Mendes, já não vem de agora: o encastelamento, o enclausuramento, o isolamento do coronel Luiz Ruffeil no seio de um pequeno grupo de oficiais.
Politicamente, isso revelou-se desgastante para o coronel, que rompeu seus laços com o restante da tropa e, na condição de comandante – e comandante-administrador -, passou a ser refém de visões e percepções bastante limitadas, esparsas, dispersas e, portanto, complicadoras para a consecução de ações exigidas numa área tão crucial, tão nevrálgica e tão difícil como é a segurança pública.
Aumento da violência foi a gota d’água
O Espaço Aberto também consultou, ontem à tarde, algumas fontes credenciadas próximas à área da Segurança, duas delas muito ligadas à Polícia Militar.
O aumento da violência, o crescimento do banditismo e os últimos acontecimentos de grande repercussão em Belém – como as mortes do advogado do Líder, do médico Salvador Nahmias e do procurador municipal Marcelo Castelo Branco Iúdice – representaram apenas, segundo essas fontes, a gota d’água para a queda do coronel Luiz Ruffeil do comando-geral da PM.
Outros fatores contam – e muito.
Um deles é a falta de transparência nas ações da PM. Ninguém tem acesso a dados precisos, detalhados, discriminados e verazes sobre ações concretas para adequar a Polícia Militar às ações eficazes que dela se esperam como instância que deve agir preventiva e repressivamente no combate ao banditismo em todas as frentes.
Não é possível, garante uma fonte ligada à Polícia Militar, aferir-se com precisão as afirmações do coronel Ruffeil de que, dos mais de 1.500 policiais militares que estavam postos à disposição de outros órgãos, cerca de 800 já teriam retornado à corporação para juntar-se aos colegas que estão na guerra contra o banditismo.
Tem mais: confirmando o que apurou o jornalista Carlos Mendes, o desgaste de Ruffeil perante a tropa agravou-se sobretudo nos últimos meses de 2008, em decorrência, entre outros fatores, da falta de pagamento de diárias a policiais militantes deslocados para ações de urgência no interior do Estado.
Esse assunto, aliás, foi amplamente debatido e noticiado aqui no blog – veja aqui, aqui, aqui e aqui - e por várias vezes exigiu a intervenção do promotor militar Armando Brasil Teixeira, para compelir a cúpula da Polícia Militar a explicar por que não atendeu a um direito líquido e certo de PMs, muitos dos quais chegaram a passar por necessidades diante da falta de pagamento das diárias.
- Para os PMs que foram para o interior, faltou o pagamento das diárias, mas para os coronéis, nunca faltaram diárias pagas em dia – desabafou ontem à tarde uma fonte próxima à Policia Militar.
O novo comandante-geral da PM, seja que for, terá muitos cacos a juntar.
Terá que juntá-los e refazer o que foi desfeito.
Esse é o grande desafio.
Um comentário:
Não tem nada disso, esse jornalista tá por fora.
Ele saiu por questões políticas, contrariou interesses do PT, no poder.
O engraçado é que quem assumiu (Cel Dário) era ligadíssimo ao PSDB, fez até campanha na última eleição. Além de ser um déspota na PM.
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