Assaltantes matam Salvador Nahmias

No AMAZÔNIA:

O médico cardiologista Salvador Nahmias, 57 anos, foi assassinado no início da tarde de ontem no bairro do Comércio. Ele não resistiu a um tiro na perna durante uma tentativa de assalto. A bala, de acordo com policiais e peritos do Centro de Perícias Científicas Renato Chaves, atingiu a veia femural da vítima. O médico sangrou até morrer, dentro de seu carro, na esquina das ruas João Diogo e São Pedro, em frente à Praça da Bandeira. Os autores do crime - dois bandidos que estavam em uma motocicleta - fugiram sem roubar nada.
O delegado Paulo Tamer, diretor da Diretoria de Polícia Metropolitana (DPM), acredita que o cardiologista foi vítima de uma 'saidinha'. Era por volta das 13 horas, quando o médico saiu da agência do banco Safra, na avenida Nazaré, de onde sacara R$ 22 mil. Ele não sabia. Mas estava sendo seguido por dois bandidos armados, ambos de capacetes, em uma moto com a placa virada, para não ser identificada.
A vítima foi abordada pelos bandidos armados na esquina da rua Riachuelo com travessa Campos Sales, no Comércio. O médico, entretanto, não entregou o dinheiro. Em vez disso, ele deu uma ré brusca no Chevrolet Captiva que dirigia (placas JVW - 4747, de Belém) e bateu em um poste. Depois disso, tentou fugir, embora o trânsito estivesse conturbado.
Um estudante universitário que mora no local conta que viu o momento em que Salvador Nahmias bateu o carro após ser abordado pelos motoqueiros. O médico continuou dirigindo, enquanto um dos motoqueiros, que usava capacete prateado, desceu da moto e correu em direção ao carro da vítima. Quando alcançou o veículo, que parou no engarrafamento do final da Riachuelo, esquina com a travessa Padre Eutíquio, disparou na direção do médico, correu de volta para a moto e fugiu, na contramão, pela Riachuelo.
Quase todo o depoimento desta testemunha condiz com as informações iniciais da polícia, usadas como base para o início das investigações. A contradição está apenas no número de tiros disparados pelo bandido. 'Eu ouvi só um tiro. Depois disso o cara voltou para a moto e foi embora, sem ter roubado nada', diz o estudante. No entanto, o capô do carro tinha um furo de bala. Além disso, provavelmente foram dados dois tiros, que atravessaram a janela do passageiro da frente. Um dos projéteis acertou a vítima na coxa direita.
Colisão - Mesmo ferido, Salvador conseguiu dirigir por mais alguns quarteirões. Assim que ele saiu da João Diogo para a São Pedro, perdeu o controle do carro, que parou ao bater em um caminhão de uma empresa transportadora, que estava estacionado. Dentro do compartimento de cargas do veículo, o carregador José da Costa Lima diz ter levado um susto ao ouvir o barulho da colisão. 'Quando eu desci, olhei pelo buraco do vidro (por onde o projétil passou) e vi ele se tremendo, salivando. Logo depois, dobrou o pescoço e parou de se mexer', conta ainda assustado.
Minutos depois, a polícia chegou ao local e isolou a área onde estava o carro com o corpo do médico. A família do cardiologista ficou sabendo do homicídio por uma ligação anônima. Uma das empregadas domésticas da casa de Salvador Nahmias, ao atender ao telefone, avisou que alguém não identificado viu o médico morto no centro da cidade. A princípio, a família achou que fosse um trote, mas não demorou muito para que a informação fosse confirmada.
Filho, irmão, mulher, cunhado e outros parentes do médico foram chegando aos poucos ao local do crime. O desespero tomou conta de todos. Ao redor do cordão de isolamento feito pela polícia, vários ex-pacientes de Salvador lamentavam o que consideravam uma tragédia. Vera Miranda Nahmias, a mulher, e Rafael Nahmias, filho, choraram bastante ao ver o corpo sem vida do cardiologista.
Duas horas depois do crime, o delegado Paulo Tamer anunciou que policiais da Seccional do Comércio já haviam iniciado as investigações. Também participa das investigações, policiais do Grupo de Polícia Metropolitana, coordenado pelo delegado Éder Mauro. No local do crime, Éder Mauro reuniu algumas informações e partiu para diligências. 'Neste momento, ainda não há muito o que falar. Não se pode dizer se o médico realmente reagiu ou não, nem especular qual foi sua reação. Apenas tenho certeza que vamos obter sucesso', disse Paulo Tamer, se referindo à identificação e prisão dos assaltantes.