No AMAZÔNIA:
O corredor do Fórum Social Mundial, no território da Universidade Federal e Rural da Amazônia, virou um camelódromo. O cardápio é tão variado quanto a multiplicidade de raças que percorre o asfalto rumo às tendas. Dizendo-se dividido entre os debates na Tenda Indígena e uma tenda armada à margem do corredor prinicipal, o caiapó Bep, ontem à tarde, tinha uma fila de interessados em pintar em alguma parte do corpo desenhos indígenas. Cada pintura custava R$ 5.
Bep está em Belém desde domingo, com mais 60 caiapó da aldeia Kokocuedan, localizada às margens do Rio Branco, em Ourilândia do Norte. A aldeia dista 100 quilômetros do centro da cidade. A primeira diferença sentida foi o clima. 'Muito quente. Ruim mesmo', avaliou, abanando uma criança ao colo.
Se o clima é quente e ruim para o caiapó de Kokocuendan, a comida que lhe é servida no abrigo construído dentro da escola Mário Barbosa 'é pior ainda'. 'Muita carne com coisa ruim dentro. Índio não gosta disso. Nossa refeição é rica', afirmou, receitando a boa refeição da aldeia: 'Muita batata doce, macaxeira, banana e peixe'. Revelou que muitas crianças e adultos, por causa do cardápio servido, já apresentaram problemas de diarréia ou outro mal-estar.
Com o clima e comida ruins, a vida no FSM para o Bep e sua tribo é amenizada pelo faturamento às margens do corredor. Ele e mais três índias reservam parte do tempo na produção de pinturas próprias do seu povo. Algumas se limitam a traços simples. Faturam com os gringos. Não revelou o montante, mas diz que o arrecada serve para pagar despesas na cidade, feitas com a compra de coisas pessoais. O pagamento pode ainda ser feito com doação de algum pertence do cliente, como sandálias. As pinturas são feitas com o insumo do genipapo ralado e queimado, misturado com água e carvão do mato. Dura de 7 a 15 dias.
As laterais do corredor ostentam ainda barracas de artesanatos, comidas típicas, lanches e outros variados tipos de objetos, coisa parecida com a feira do artesanato na Praça da República.
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