No AMAZÔNIA:
A exemplo do que foi feito com a soja em 2006, quando foi instituída a 'moratória da soja', em vigor até hoje, e que proíbe o comércio de grãos plantados em áreas desflorestadas da Amazônia, o ministro Carlos Minc, do Meio Ambiente, pretende propor a 'moratória da carne', no setor agropecuário. O objetivo é reduzir a cadeia nociva da degradação de áreas verdes da Amazônia para a criação de gado e ainda a atuação dos matadouros ilegais, que respondem por mais de 50% de todo o abate de gado no Pará. Minc discutiu o assunto ontem com o ambientalista Paulo Adário, coordenador na Amazônia da organização Greenpeace, durante sua visita ao navio da ONG, que está aportado no cais do Porto de Belém, ao lado da Estação das Docas.
O ministro também conheceu o mapa do desmatamento feito pelo Greepeace, que já concluiu o levantamento detalhado no estado do Mato Grosso. O mesmo será feito no Pará, mas os recursos ainda estão sendo negociados com o Ministério. Segundo Minc, um dos planos para este ano será intensificar as ações contra o desmatamento.
Na ocasião ele citou como exemplo das ações do Ministério a operação 'Boi pirata', deflagrada no ano passado para apreender gado em território ilegal e áreas de desmatamentos. A operação já causou um certo freio no desmatamento da Amazônia, segundo estudo detalhado do Instituto do Homem e Meio Ambiente na Amazônia (Imazon). 'Não são dados nossos, do Ministério, mas de uma organização com um estudo detalhado, e esses dados apontam que a moratória poderia ser um caminho para um ajuste de quem quer permancer no mercado da pecuária, e que terá de buscar o caminho da legalidade, que exige o cumprimento de regras', avalia o ministro.
Minc afirma que, sendo aprovada ou não a moratória da carne, este ano serão deflagradas outras operações semelhantes à 'Boi pirata', com participação dos serviços de inteligência da Polícia Federal e de órgãos governamentais. Entre as soluções apontadas para o setor, Paulo Adário destacou a importância da criação de financiamentos para a recuperação de pastagens e o manejo de pastos, para evitar novas áreas desmatadas.
Belo Monte - Carlos Minc confirmou que está em andamento o processo de licença para a construção da usina hedrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu, região Oeste do Pará. Apesar de considerar os impactos do alagamento de 442 quilômetros quadrados de área, Minc afirma que essa área, obtida com a reformulação do antigo projeto da usina, é 80% menor que a área que se pretendia alagar anteriormente.
Ele disse ainda que vários estudos estão sendo feitos, junto com propostas orçamentárias, para investimentos em formas de energia limpas e com menor impacto, como a solar e a eólica, em especial na região Nordeste, onde estudos já apontaram a viabilidade da produção de energia eólica. 'São investimentos muito altos, já que os próprios equipamentos têm uma carga tributária alta, se comparados, por exemplo, ao chuveiro elétrico, um alto consumidor de energia que é isento de impostos. Não é possível pensar em políticas de meio ambiente de forma separada dos tributos e investimentos', afirmou.
Para Paulo Adário, do Greenpeace, muitas questões ainda precisam ser respondidas acerca de Belo Monte, inclusive o potencial de geração energética, para uma avaliação da relação custo-benefício.
'Mesmo porque, para produzir todo o potencial esperado, o rio Xingu precisaria ter duas outras usinas associadas a Belo Monte', declarou.
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