sábado, 3 de outubro de 2009

As eleições diretas – internas – no PT

Giuseppe Cocco, Alexandre Mendes e Pedro Barbosa assinam no Blog Leitura Global, interessante artigo em que abordam as eleições internas no PT, marcadas para novembro próximo.
Vale a pena ler.
Tem o título de “Renovar o PT, radicalizar a democracia: uma reflexão teórica sobre o PED”.
PED, para quem não sabe, é a sigla que o PT usa para Processo de Eleições Diretas.
Leia o artigo abaixo.

-------------------------------------------

O Partido dos Trabalhadores é o mais importante partido de esquerda do mundo e, ousamos dizer, aquele que possui a mais potente dinâmica social e política na conjuntura atual: é um partido de massa, democrático que se mantêm ancorado a uma nítida perspectiva de emancipação do trabalho e construção da liberdade.
Apesar de suas profundas contradições, o PT – através de sua experiência de governo – é atualmente o partido que coloca o debate sobre as alternativas ao neoliberalismo no campo da inovação, pensando a democracia para além das experiências socialistas do século XX.
Essa dimensão potente do PT é ainda mais emblemática diante do declínio programático, social e ético – que não parece ter fim – da esquerda mundial em geral e da européia particularmente. Uma exceção ao declínio do camp o democrático e progressista nos países do norte talvez tenha sido a eleição de Barack Obama. Sua candidatura foi inovadora, especialemente, por passar “por fora”dos tradicionais mecanismos de representação do Partido Democrata dos EUA: a base da eleição de Obama foi o movimento independente e progressista – organizado na e pela internet – conhecido como Move On: Democracia em ação e, obviamente, o movimento contra a guerra do Iraque. A particularidade da experiência brasileira nos diferencia também da atual dinâmica vivenciada pela esquerda latino-americana, na qual o ciclo progressista que envolve a quase totalidade dos governos não pode se apoiar e contar com a realidade política e partidária do PT brasileiro. A única exceção é o MAS (Movimiento al Socialismo) boliviano. Contudo, inclusive nesse caso, não encontramos os efeitos de acumulação política e expressiva experiência de movimento e governo que caracterizam o PT.
Esse é o Partido que hoje tem pela frente um grande desafio: consolidar, aprofundar e radicalizar as conquistas de sua história e da experiência dos dois governos Lula.

Limites da experiência e produção de novas sínteses
O reconhecimento desta dinâmica virtuosa nos possibilita organizar uma balanço extremamente positivo dos dois mandatos do Presidente Lula. No entanto, não pode nos impedir de reconhecer os limites e, inclusive, os sinais de esgotamento do processo social que alimentou (e ainda alimenta em parte) a dinâmica do PT e a liderança de seu presidente: Lula. Tudo aquilo que fez com que Lula “contasse mais do que o PT” vem, como sabemos, da onda operária do “novo sindicalismo” da periferia industrial de São Paulo. Muitos elementos indicam que, embora as organizações sindicais continuem constituindo alguns dos pilares fundamentais do PT e da esquerda mais em geral (inclusive do governo), essa “onda de movimento” tem perdido sua força e capacidade de construir um referencial social geral.
O PED é o produto ambíguo dessa pujança e desses sinais de esgotamento:
Por um lado, trata-se de uma conquista em termos de radicalização democrática, para além das formas burocráticas típicas dos partidos do século XX e da sociedade industrial. A participação direta dos filiados é um passo decisivo rumo a uma democracia mais participativa e direta. Por sua vez, a massificação das filiações aproxima o partido da sociedade e dá conta de sua amadurecida experiência de governo. Pelo outro, o PED pode ser mais uma manifestação da crise de representação determinada pelas transformações sociais que caracterizam o capitalismo contemporâneo. Algo que alguns intelectuais antes próximos do PT definem como “desaparecimento da política” e que é, na verdade, a crise de uma forma de fazer política.
Resumindo esquematicamente podemos dizer: as virtudes e os vícios do PED dizem respeito a um Partido dos Trabalhadores (PT) que se torna partido de massa sem que os quebra-cabeças do governo pelas massas sejam resolvidos. A filiação – de massa – dos muitos ao PT não se traduz em um Partido governado pelos muitos. Pelo contrário: assistimos – no mesmo movimento – a penetração dentro do PT dos tradicionais fenômenos de privatização da política pelo poder econômico; a própria lógica da representação, ao mesmo tempo esgotada e fixada nos interesses de reprodução dos mandatos, acaba gerando maquinas eleitorais internas que falsificam o jogo democrático. A filiação em massa dos muitos se esgota no poder de poucos. O PED das massas é o terreno de reprodução e produção do poder de poucos, quer dizer de verdadeiras oligarquias fundadas em muitos mandatos e na concentração de poder econômico que esses mandatos precisam e determinam ao mesmo tempo.
Não existe ética sem democratização da decisão, da escolha e da produção das próprias regras definidoras do comportamento ético. A ética, para nos, é uma aventura da liberdade e da igualdade, da renovação continua da democracia.
Renovar o PT dentro da dinâmica do PED e a partir da experiência de governo!
A potência renovadora do PT veio da autonomia operária do ABC paulista: o carisma de Lula é o fruto da relação potente entre lutas operárias e Partido que o “novo sindicalismo” constituiu e Lula encarnou. Esse é o Lula torneiro mecânico e retirante, o líder operário do final dos 1970 e inicio da década de 1980.
Em seguida, a onda operária do ABC paulista se amplificou conectando-se aos outros movimentos sociais (movimentos camponeses e movimentos urbanos) e aos setores da esquerda sobreviventes da heróica resistência à ditadura. Lula já é o líder da nova esquerda brasileira da década de 1980 e da resistência ao neoliberalismo. É o “Lula somos todos”, com suas experiências de governo municipal onde a representação se abriu à participação: o que o Orçamento Participativo de Porto Alegre tornaria em modelo de referência nacional, base do Fórum Social Mundial.

Mais aqui.

Um comentário:

Anônimo disse...

Falando em eleições do PT, as eleições do PT de Ananindeua está dando o que falar, numa mistura das tendências do campo majoritário e a DS, todos rachados no município, o que não é novidade para ninguém porque racha nas “tendência” no PT vem desde do nascimento de cristo, mas agora em Ananindeua chegou há um ponto que o PT PRA VALWER que hoje comenda o partido ter dois candidato atual presidente Pedro Soares e Felipe bastos, este filho de um dos fundadores do PT João Bastos. Nesse imbróglio todo uns repatriados do PT porque um dia foram expulsos tem a idéia de lançar um candidato para direção do Partido, e colocam no tabuleiro o nome do Claudecir Gaspara Freitas, um técnico, Engenheiro Florestal, que tem militância nas periferias do Partido, porem, sem nunca ter almejado algo que passasse disso, e nesse momento começa ser namorado pelas tendências do PT já que ele não pertence a nenhuma delas e não vai pertencer por enquanto, e começa ser motivo de investigação e preocupação dos outros grupos, isso tem colocado em polvoroso os dirigentes da Unidade na Luta PT PRA VALER EDS é preciso anotar bem o nome desse rapaz que pode vir a ser o Presidente do PT de Ananindeua, e mudar completamente o rumo e jogo do PT no segundo colégio eleitoral do Pará, que mesmo tendo uma forte militância tem sido até então coadjuvante ou com candidatos muito fraco ou ficando como vice que não mandam em nada, como agora no caso da Ex-deputada Sandra Batista q eu foi colocada na condição de Vice-Prefeita e logo em seguida foi abandonada pelos grupos que lhe indicaram e fizeram sua transferência de seu domicilio eleitoral de Belém para o município vizinho.