No AMAZÔNIA:
A Polícia Federal prendeu, ontem, um delegado e cinco investigadores da Polícia Civil lotados no município de Altamira, no sudeste do Estado. Eles são acusados de formação de quadrilha, associação para o tráfico de drogas, concussão (a extorsão praticada por servidor público), abuso de autoridade e corrupção passiva, entre outros crimes. Além deles, também foram presos outros dois homens.
Segundo a PF, a 'Operação Crash', como a ação foi batizada, teve como objetivo desarticular uma quadrilha composta por policiais civis, traficantes e receptadores de veículos furtados. O delegado preso se chama Luiz Roberto Nicácio da Silva, que já foi escrivão e trabalhou em Belém. Na casa dele os policiais apreenderam oito revólveres calibre 38, um revólver calibre 32 e oito espingardas.
Iniciada na manhã de ontem, a operação contou com o apoio de policiais da Força Nacional de Segurança Pública e da Corregedoria Geral da Polícia Civil. Ao todo, foram cumpridos oito mandados de prisão preventiva e dez mandados de busca e apreensão, expedidos pelo juízo criminal da Justiça Estadual da Comarca de Altamira.
Detalhes - Os mandados de foram expedidos contra o delegado, cinco investigadores e dois homens acusados de fazer parte do esquema criminoso. Autoridades da Polícia Federal e da Polícia Civil não deram entrevistas aos jornalistas. Mas, por meio da assessoria de imprensa, a PF divulgou nota em que fornece detalhes sobre a operação. De acordo com a PF, a investigação começou há quatro meses, durante a qual foi apurada a participação de policiais civis em diversos crimes. Informa a nota que, 'com a ajuda de viciados e da concorrência no mercado de entorpecentes', os policiais (os que foram presos) identificavam pontos de distribuição de drogas e 'extorquiam altas quantias para não prender e autuar o traficante em flagrante'.
As investigações da PF também identificaram casos em que os policiais forjavam flagrantes para a prática de extorsão; em outras situações, 'apenas uma pequena parte da droga era apreendida, sendo o restante desviado para ser revendido em benefício da quadrilha', ainda segundo a PF.
Carros - Outro esquema descoberto pelos federais envolvia veículos furtados e que eram recuperados pelos policiais. Com a ajuda de um receptador, os carros, em vez de serem devolvidos aos seus legítimos donos, eram vendidos no mercado, 'por preço vil' - ou seja, bem abaixo do que de fato valiam.
Em seguida, o lucro obtido era repartido entre os envolvidos no esquema. Ainda de acordo com os agentes federais, as vítimas de furtos de veículos, basicamente motocicletas, também se viam obrigadas a pagar para que os policiais empreendessem diligências em busca do produto do furto e a compensá-los em caso de sucesso. Caso contrário, segundo a Polícia Federal, o veículo, provavelmente, não era encontrado ou então seria vendido no comércio.
A PF informa que todos os presos terão suas condutas individualizadas no encerramento da investigação. Mas que, a princípio, eles devem ser indicados pelos crimes de formação de quadrilha, associação para o tráfico de drogas, peculato, concussão (a extorsão praticada por servidor público), abuso de autoridade, prevaricação e corrupção passiva.
O artigo 312 do Código Penal Brasileiro tipifica o crime de peculato, definindo-o como 'apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio'. A prevaricação, crime previsto no artigo 319 do CPB, é 'retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal'. As penas previstas para esses crimes variam entre três anos e dez anos de reclusão.
A PF explicou que 'Crash', uma palavra de origem inglesa, significa romper, colidir, quebrar.
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