quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Gêmeos morrem por falta de leitos na UTI da Santa Casa

No Portal ORM

Uma médica da Santa Casa foi detida, na manhã desta terça-feira (23), acusada de omissão de socorro. Ela teria negado atendimento a uma mulher grávida de gêmeos. Os bebês morreram. Um deles teria nascido em uma viatura do Corpo de Bombeiros na porta do hospital. O caso está sendo apurado pela Polícia Civil. A Santa Casa nega a omissão no atendimento e diz que a médica não recebeu a paciente por falta de leito na UTI neonatal do hospital. A assessoria da Santa Casa também nega que ela tenha sido detida. Segundo a Santa Casa, a médica se apresentou na delegacia espontaneamente.
Segundo informou o Ciop, a mulher, que faria tratamento de pré-natal na Santa Casa de Misericórdia, teria vindo de Outeiro, onde mora, por volta das 4h da manhã, com fortes dores e procurado atendimento primeiramente na Santa Casa. Com a negativa, ela teria se dirigido ao Hospital das Clínicas. 'Como os médicos se recusaram a atendê-la nos dois hospitais, o marido dela acionou os Bombeiros através do Ciop e pediu apoio', explicou a capitã Mônica Figueiredo.
Segundo a oficial, os bombeiros só souberam que a paciente já vinha da Santa Casa, onde teria tido atendimento negado, quando chegaram no HC. De lá, decidiram retornar ao primeiro hospital, onde a mulher teve, novamente, o atendimento negado. 'Não deixaram que a nossa viatura entrasse no hospital e um dos nossos oficiais ficou cerca de vinte minutos tentando convencer a médica a atendê-la. Quando percebeu, a mulher já estava tendo um dos bebês dentro da viatura', contou Figueiredo.
Ainda segundo ela, o primeiro bebê nasceu morto e, depois disso, a médica do plantão, Cíntia L., teria decido apela internação da mulher, que teria perdido o segundo bebê em seguida. Foi então que policiais militares que acompanhavam a ocorrência deram voz de prisão à médica e a encaminharam à seccional do Comércio.
Sindicância - O Conselho Regional de Medicina informou que teve conhecimento do caso pela imprensa e que vai abrir uma sindicância para apurar os fatos. 'Mesmo tendo conhecimento pela imprensa, já consideramos uma sindicância aberta', informou o conselheiro federal pelo CRM, Antônio Pinheiro.
Ele explica que, a sindicância começa com a chamada da médica e da presidente da Santa Casa para prestar esclarecimentos sobre o caso. 'Primeiramente vamos saber mais detalhes como o nome completo da médica, endereço, para que ela receba o comunicado, através de correspondência, para comparecer ao CRM para ser ouvida', explicou Pinheiro.
Ainda segundo o Conselheiro, as envolvidas terão garantido o direito de ampla defesa. Caso o fato seja comprovado, elas estão sujeitas às cinco penalidades previstas pelo Conselho que são: a advertência confidencial, advertência pública, censura pública, suspensão de 30 dias ou cassação da licença.
Outro lado - Em entrevista coletiva na manhã de hoje a presidente da Santa Casa, Maria do Carmo Lobato, negou que a obstetra do plantão tivesse negado atendimento a paciente Vanessa do Socorro Costa. Segundo ela, tudo não passou de um mal entendido. Vanessa estava grávida de 30 semanas, era paciente do hospital, mas segundo Lobato, não fazia pré-natal lá.
A médica teria explicado aos bombeiros que não podia receber mais uma paciente porque o hospital estava superlotado, sem vagas na UTI de neonatologia. 'Mas o bombeiro entendeu que ela não estava querendo atendê-la e deu voz de prisão à médica', explicou. A questão da superlotação, segundo Lobato, já teria inclusive sido informada às secretarias municipal e estadual de saúde.
A presidente do órgão falou da gravidade da situação de leitos na UTI neonatal. 'Hoje temos 123 recém nascidos de alto risco, mas a nossa capacidade é de 107. Então estamos realizando um trabalho sobre-humano para atender essa demanda', desabafou.
Desde a última sexta-feira, a Santa Casa têm restringido o acesso de pacientes que ainda não completaram 9 meses de gestação, ou seja, estão em gestação de risco.  Ainda segundo a presidente da fundação, a paciente teve atendimento. O parto foi realizado, mas os bebês nasceram mortos. Vanessa ainda está internada com quadro estável e recebe todo o atendimento necessário.
Os corpos dos bebês foram encaminhados ao Centro de Perícias Renato Chaves, onde devem passar por necropsia.Sobre a médica, a presidente da fundação explicou que ela e a enfermeira do plantão não foram presas, mas se apresentaram espontaneamente na delegacia, acompanhadas de advogados da Santa Casa.
A direção da Santa Casa informou que vai abrir procedimento administrativo para apurar o caso. Mas a médica não será afastada, porque, a fundação acredita que ela não cometeu nenhum crime, estava apenas realizando seu trabalho. 'É uma injustiça esse mal entendido', declarou Lobato.

5 comentários:

Anônimo disse...

"O Estado errou. É preciso ter coragem de assumir. Não se pode ficar transferindo responsabilidades", disse o governador Simão Jatene ao exonerar a presidente da Santa Casa. Concordo, mas aí o governador tinha que auto-exonerar-se também, porque se a Santa Casa opera com superlotação na área da prematuros e não pode receber mais prematuros, a responsabilidade, inequivocamente, é dele, governador, que não dá condições para a Santa Casa receber um maior número de prematuros. E não é só a Santa Casa, também o Hospital de Clínicas funciona nessas condições. A responsabilidade é do Simão e do Hélio Franco. Inequivocamente. Transferir a responsabilidade para subalternos é um ato de extrema covardia. O governador e o secretário de saúde tinham que assumir a sua parte nesse latifúndio, e não só retoricamente, oras! E o bombeiro que queria prender a médica? Por que não prende seu próprio comandante? Por que não prende a si mesmo? Como é que os bombeiros saem numa ambulância para socorrer uma parturiente em trabalho de parto sem ter na equipe um oficial obstetra? Omissão por omissão, a omissão é GENERALIZADA!

Anônimo disse...

Belém é uma cidade repleta de contradições sociais, com os piores indicies de desemprego, desenvolvimento humano e de distribuição de renda do país. Belém é uma cidade que entrou em colapso há tempos, junto com suas instituições falidas, hoje apenas agoniza. Uma cidade onde “naturalmente” convivem próximos e pacificamente famílias ricas, morando em apartamentos de luxo e taperas entupidas de trapos humanos. Uma cidade suja, barulhenta com avenidas entupidas de carros onde circulam lado-a-lado refrigeradas BMW, hillux, pajeros e ônibus sujos e lotados. A maioria do povo de Belém está na linha da pobreza ou abaixo dela, submersos na ignorância cultural e religiosa. Nesta cidade a infância e a juventude é violenta e violentada em seus direitos, seja pela desestruturação familiar, seja pela banalização sexual, seja pela falência das políticas públicas. A rotina de crimes que acontecem em Belém como pirataria, exploração sexual infantil, de jovens vitimas do tráfico de drogas, trabalho escravo, dos assaltos com reféns, da corrupção patrocinados por políticos e servidores públicos bandidos, dos assassinatos de bebês, continuarão sendo destaque no noticiário da imprensa nacional e da imprensa nativa, esta última, eivada de sensacionalismo barato e comandada por seus cacófonos e raivosos“pitt-bull”, que chutam, mas depois acariciam, graças ao “jabáculê” e propagandas enganosas que os sustentam. Paladinos da moralidade, que, na hora do almoço, arrotam e “enchem as telas ou plasma” com “ informações” direcionada a um povo inebriado de violência e infantilizado de futilidades. Esbravejam, depois “soltam um tecnobrega” pra aliviar, ou babam ovo de políticos corruptos, cartolas falidos e jogadores perna-de-pau. Essa á pobre Belém.

Anônimo disse...

O estado tem a maior parcela de culpa pelas mortes de crianças nas portas e dentro dos hospitais públicos. Isso por falta de investimento tanto na assistência como na infra-estrutura em saúde. Tem de ser responsabilizado o governador e seus secretários, assim como a ex-governadora e seus asseclas, pois essa chaga se tornou sistemática. Agora, as famílias e profissionais de saúde têm de ser responsabilizados sim, por uma série de fatores que vão desde a falha ou falta de orientação (hoje as maternidades estão cheias de meninas que engravidam precocemente), comodismo, perda de valores como a solidariedade, apego financeiro, piora de qualidade de vida e na convivência social. E o que é mais grave nisso tudo é a exclusão social e econômica da população deste estado, já que existindo pobreza e ignorância, lamentavelmente haverá essas chagas sociais.
A mãe dessas duas crianças mortas é de Outeiro. Assim como em casos passados de mortes em massa ocorridas na Santa Casa, a maioria das vitimas eram oriundas do interior do estado ou de Icoaraci, outeiro, Pratinha, Marituba e Ananindeua. Pô! Por que esses municípios ou distritos continuam encaminhando grávidas e doentes pra Belém?! Porque não tem investimento em políticas preventivas e de orientação em saúde assim como na infra-estrutura de hospitais e maternidades nessas regiões, se há, são frágeis,agonizam ou faliram. Indo além nesse tema, o foco não é a saúde pública, muito menos a educação da juventude. Então se morrerem mais 10, 50, 100 crianças filhos de trabalhadores, pouco importa para esses governos de plantão que só pensam em suas castas. E o que é mais grave que não houve punição até agora, isso reforça e reproduz tais crimes, sejam velados ou expostos, até que se atinja o estado de naturalização dessa mazela social, tornando-nos impotentes e apáticos a tudo isso. Se esses país fosse sério, muitos políticos e figurões envolvidos nesses casos estariam presos.

Anônimo disse...

Ofereço um bela musica do Mosaico de Ravena para todos aqueles adultos que perderam ou estao perdendo a sensibilidade e a ternura do que é ser criança. Ela se chama Crianças e é de de coração.

Crianças

Mosaico de Ravena
As crianças não devem chorar
Mil crianças representam mil sorrisos
O mundo ainda não entende
E mata, e mata e mata suas crianças

As crianças não devem morrer
Não antes de poderem sorrir
Não antes de poderem nascer

Nunca as crianças teriam fome
Se os soldados não existissem,
Pois esqueceram de lembrar
Que não são mais crianças
Pra faze-las chorar

As crianças não devem sangrar
As crianças não devem ter câncer
Elas, não!...
Crianças não devem chorar


Para ouvi, acesse:

http://letras.terra.com.br/mosaico-de-ravena/271176/

Anônimo disse...

Adorei a parte da mídia (só faltou fazer referência aos proprietários). De resto, onde assino?