Cremação volta ao caos rotineiro

No AMAZÔNIA:

O número de detentos da Seccional Urbana da Cremação diminuiu para 38. De anteontem para ontem, sete presos foram transferidos e outros dois receberam Alvará de Soltura. A situação ainda é complicada, por conta da superlotação, mas agora nenhum preso é visto em uma sala improvisada, presos a mesa, como estavam sete detentos há pelo menos cinco dias. Os 38 estão todos - amontoados - na carceragem da Seccional, que tem capacidade para no máximo dez pessoas.
A precária situação do sistema penitenciário paraense tomou uma proporção gigante nos últimos meses, mas o caos já vinha sendo denunciado há muito mais tempo. Um relatório completo feito a partir da visita em todas as delegacias dos 143 municípios paraenses, entregue ao governo do Estado há mais de um ano, simplesmente parece não ter sido levado em consideração. A tragédia foi anunciada, e mesmo assim, as providências não chegaram a tempo. O resultado é este que tem sido noticiado diariamente: celas de delegacias e Seccionais, onde os presos deveriam ficar provisoriamente, estão superlotadas e a sensação é de uma bomba relógio, prestes a explodir.
Se por um lado a polícia afirma que tem trabalhado mais, prendido mais bandidos, por outro lado é necessário que se resolva o problema da falta de espaço. Mas a polícia garante que não pode e não vai deixar de prender.
O diretor da Seccional Urbana da Cremação, delegado Marco Antônio Duarte, acredita que os problemas envolvendo superlotação irão se resolver. 'Sabemos que a Polícia Civil, na verdade, é vítima da situação, por ter que custodiar presos, que não é uma função de policiais civis. Mas a gente sabe também que o problema vai ser resolvido, com a abertura de novas vagas. O sistema penal (Susipe) tem se posicionado garantindo a abertura de novas casas penais, e também esperamos pelos trabalhos da Justiça, do Ministério Público, porque é todo um processo. Vamos enfrentar este período de tempestade, mas depois vai melhorar. A polícia tem trabalhado sério, mas é inevitável que problemas apareçam, já que trabalhar com segurança pública não é fácil. Não basta só prender, tem que fazer procedimento, comunicar as prisões, custodiar os presos, apresentar presos em audiências', afirmou.
'Normalidade' - De acordo com ele, com a transferência de sete presos e a liberação de dois, o problema foi solucionado momentaneamente. 'Por enquanto, temos que conseguir soluções, nem que sejam provisórias, para custodiar estes presos. O problema foi que, com o final de semana prolongado (por causa do feriado), os trabalhos acumularam e a quantidade de presos também. Como ficou tudo parado, não tínhamos onde colocar ou para onde transferir os presos. Mas ontem (segunda-feira) já voltou à ‘normalidade’. Ainda está superlotado, mas não tem nenhum preso fora da cela. Além disso, estamos tomando todas as medidas possíveis para evitar problemas maiores. Por isso, revistas que têm sido constantes na cela', complementou.