terça-feira, 4 de novembro de 2008

Crise acelera união de Itaú e Unibanco

Na FOLHA DE S.PAULO:

Em meio à maior crise do setor bancário global, duas das maiores instituições privadas nacionais -o Itaú e o Unibanco- anunciaram ontem sua fusão por meio de troca de ações, criando o maior banco brasileiro e o 17º do mundo.
Na prática, o que hoje é o Itaú predominará na nova empresa, chamada Itaú Unibanco S.A. Ela será controlada por uma holding com participação dividida igualmente entre os dois.
Roberto Setubal, presidente do Itaú, será o presidente do banco, enquanto Pedro Moreira Salles, que comanda o Unibanco, presidirá o conselho da nova instituição.
Eles disseram que a fusão não trará nenhuma alteração na relação dos clientes com os dois bancos e negaram demissões ou fechamento de agências após a operação.
Juntos, os dois bancos somam ativos de R$ 575 bilhões e passam com folga a liderança do Banco do Brasil, estimada em R$ 450 bilhões pela consultoria Austin Ratings. Desbancam ainda a liderança do Bradesco na banca privada, solidificada desde os anos 1950, hoje com ativos de R$ 422 bilhões.
Em entrevista conjunta em São Paulo, Setubal e Moreira Salles disseram que o anúncio da fusão marcava um "dia histórico" em que surgia um "competidor global": "O mercado brasileiro mudou hoje", disse Setubal.
"Estamos fazendo história hoje no Brasil, criando o maior banco do hemisfério Sul. O Brasil precisa ter um banco global. A gente não faria uma transação dessa dimensão se estivesse com medo. Acreditamos na economia e na parceria que estamos formando. A crise talvez tenha criado uma oportunidade de acelerar isso e fazer o projeto acontecer, de ficar mais forte para caminharmos juntos nesse projeto", disse Setubal.
Visto como "eterna noiva" do sistema financeiro, o Unibanco já havia despertado o interesse também do Bradesco e de estrangeiros como Citibank. Moreira Salles revelou que a primeira rodada de negociações com o Itaú ocorreu há dez anos.
Segundo Moreira Salles, as conversas só evoluíram nos últimos 15 meses em parte como resposta à compra do Banco Real pelo espanhol Santander.
"O que vocês estão vendo é fruto da percepção de que o Santander pôde ficar com a operação do Real no Brasil e se formava um outro tipo de concorrente que nós, bancos brasileiros, não conhecíamos ainda. Um concorrente com escala global e com escala local. Os bancos estrangeiros sempre tiveram dimensão no Brasil menor do que os brasileiros", disse Moreira Salles.
O Santander, com ativos de R$ 301,7 bilhões no país, anunciou na semana passada a meta de se tornar o maior banco privado do Brasil.
As ações dos dois bancos puxaram as altas na Bovespa ontem -16,36% do Itaú e 8,95% do Unibanco. Juntos, tinham valor de mercado de R$ 108,747 bilhões no final do pregão.

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