domingo, 10 de maio de 2009

Mães que passam por várias gerações

Por GUTO LOBATO, do AMAZÔNIA:

Que a expectativa de vida do cidadão brasileiro aumentou, isso todo mundo já sabe. Da mesma forma que nos países do Primeiro Mundo, a evolução da medicina tem resultado em cada vez mais idosos saudáveis nos censos populacionais do Brasil - situação que se estende ao Pará, cuja população feminina vive em média 75 anos, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Pois é: depois de duas décadas, este 'envelhecimento saudável' já produz efeitos em uma das datas mais marcantes para o sexo feminino, o famoso Dia das Mães, celebrado hoje. Nas famílias, não é difícil ver até quatro gerações comemorando a data juntas - um sinal positivo do avanço da medicina no prolongamento da vida.
Avanço que, aliás, já mexeu com a estrutura familiar de muita gente. Se, antes, ser avó e conseguir ver os netinhos crescerem já parecia bênção divina, o que fazer quando estes têm filhos que, por sua vez, crescem e têm ainda mais filhos? Parece confuso, mas certamente é algo a se comemorar - e é por isso que o Dia das Mães é a data preferida da paraense Alice Santos Souza, que, do alto de seus 92 anos de idade, acumula os 'títulos' de mãe, avó, bisavó e trisavó com muito orgulho.
Matriarca de 16 filhos, 26 netos, quatro bisnetos e quatro trinetos, dona Alice já se aproxima do centenário de nascimento, mas ostenta uma lucidez que causa inveja até nos filhos sexagenários. 'Para a gente, é até normal ver como a vida pode se estender até os 90, 100 anos (risos). A mamãe é tão esperta que às vezes fico até pensando: quero ser que nem ela quando ganhar mais umas décadas de vida', comenta a aposentada Leonor Souza Rodrigues, de 68 anos, filha primogênita de dona Alice.
Atualmente, a 'tataravó' vive com alguns dos filhos em uma residência no bairro do Marco, em Belém. A casa é grande, mas nem por isso consegue comportar a família inteira, conforme explica Leonor. 'Quando chega essas datas, tipo Dia das Mães, Páscoa ou Natal, a gente costuma fazer reuniões separadas, porque não cabe todo mundo numa casa (risos). O jeito é fazer várias festas, mas manter o contato e às vezes alternar os lugares em que se comemora', brinca.
Para chegar aonde chegou, no entanto, dona Alice enfrentou várias adversidades. Ficou viúva após mais de 40 anos de casamento, viu os filhos crescerem e deixarem o conforto do lar e até enfrentou um câncer de estômago em 2001, contra o qual lutou por vários meses. 'O melhor é que quem olha para ela nem imagina tudo por que ela passou. A mamãe tem uma alegria de viver que é impressionante, gosta de dançar, andar em brinquedo de parque de diversão', comenta Leonor.
E qual a fórmula para mantê-la tão animada, afinal? 'Nossa vida, minha e de todos meus irmãos, é garantir a unidade que ela deu a nossa família. Sempre estamos por perto, presenteando ela, falando de sua importância, seu valor e da beleza de sua história de vida. Todos moram em Belém, então é fácil estar sempre perto, dando atenção. Nesse Dia das Mães, por exemplo, já está tudo organizado!', conta. 'Vai ter festa aqui em casa e na casa dela também. Já botei a maniva para cozinhar desde o início da semana', completa dona Leonor.

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