No AMAZÔNIA:
A existência de coletes à prova de balas vencidos e trabalho em escala extra não remunerado são algumas das denúncias feitas pela Associação em Defesa dos Direitos dos Militares do Pará (Addmipa) e por alguns policiais militares que estão trabalhando nas ruas de Belém. O presidente da associação, Major da reserva Walber Wolgrand, reclama que alguns problemas relacionados à falta de condições de trabalho têm dificultado o trabalho dos policiais militares nas ruas.
O primeiro problema apontado por ele para o bom desempenho do trabalho da corporação é o fato dos coletes à prova de balas estarem vencidos. 'Desde a gestão do ex-governador Almir Gabriel esses coletes já estão vencidos. Agora, existe a promessa de que mais de três mil foram comprados e serão entregues aos PMs, mas até agora a situação continua a mesma', disse.
Para Wolgrand, mesmo que esses coletes novos cheguem e sejam entregues aos PMs, ainda estão muito aquém de atender ao efetivo policial que está nas ruas. De acordo com ele, existem, atualmente, cerca de 12,5 mil homens na PM. Desse total, ele estima que cerca de oito mil estejam nas ruas (atividade fim). 'O colete à prova de balas é um equipamento pessoal e não deve ser dividido com ninguém. Cada PM deve ter o seu. Portanto, esse número de coletes que está sendo prometido ainda é insuficiente', argumentou Wolgrand que, em 2005, realizou um levantamento sobre os setores onde estão trabalhando todos os PMs do estado.
De acordo com o presidente da entidade, uma lei criada em 2006, instituiu a escala extra de serviço, na qual o policial, após o seu plantão normal de trabalho cumpre uma escala extra de seis horas, só que remunerada. Pelo dispositivo legal, segundo Wolgrand, o limite máximo de escalas de cada policial deve ser de oito plantões extras por mês. Porém, o ponto mais polêmico apontado por ele nessa questão é que a lei determina que o trabalho em escala extra deve ser em comum acordo com o policial, não podendo ser uma imposição e muito menos gerar punição.
Ocorre que, de acordo com Wolgrand, muitos PMs têm denunciado na associação que estão sendo obrigados por seus comandantes a cumprir a escala extra. E mais: estariam sendo punidos e/ou ameaçados de punição, em caso de descumprimento. 'E muitos deles estão nos procurando para dizer que não estão sendo remunerados pelos plantões extras ou recebendo apenas uma parte do pagamento pelos plantões que fizeram. Há sempre uma promessa de que será pago depois e até agora nada', ressaltou.
“Plantão extra” aumenta desgaste
Um cabo da Polícia Militar, com 14 anos de atuação na corporação, contou à reportagem que já fez vários plantões extras e que não recebeu nenhum pagamento por eles. O cabo, que pediu para não ter o nome e nem a imagem revelada, com receio de receber alguma punição de seu comando, contou que existe a promessa de que no próximo salário, do mês de junho o serviço seja pago.
O problema maior, segundo o policial, é que essa escala extra aumenta ainda mais o desgaste físico e o estresse. 'Nós trabalhamos em plantões muito cansativos. O serviço de rua é muito estressante. E ainda somos obrigados a fazer mais um de seis horas. Isso é uma imposição do nosso comandante para nós. Não temos o direito de dizer se queremos ou não, como a lei prevê', disse o policial. 'Desde fevereiro faço esses plantões extras e ainda não recebi nada', complementou.
De acordo com ele, muitos colegas de batalhão estão passando pela mesma situação, mas não denunciam porque tem medo de serem punidos pelos seus comandantes. O pior nesse caso, segundo o major Wolgrand é que os PMs não têm direito a cópias das escalas de serviço, o que seria fundamental para comprovar a prestação do serviço extra. 'Na escala, eles não colocam que aquele plantão é extra. Registram lá como se fosse um plantão normal', acrescentou Wolgrand.
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