sábado, 14 de junho de 2008

O Mr. X da bolsa


Na VEJA:

O empresário Eike Batista é conhecido por suas superstições. Entre outras esquisitices, todas as suas empresas têm o nome terminado com a letra X, símbolo da multiplicação, e todas as cifras de suas transações comerciais têm de conter a dezena 63, porque era esse o número de seu barco quando foi campeão mundial em corrida de lancha. Agora, Eike tem bons motivos para considerar que o 13 é seu novo número da sorte. Na sexta-feira, a oferta pública de ações (IPO, na sigla em inglês) de sua empresa petrolífera, a OGX, captou 4 bilhões de dólares. É a maior operação desse tipo já feita no país. No fim do dia, as ações fecharam com alta de 8,3%, tendo elevado o valor de sua empresa ao patamar de 23,6 bilhões de dólares, dos quais 60%, ou 14 bilhões, são seus – uma montanha de dinheiro que vai se somar aos outros 6,6 bilhões de dólares de seu patrimônio, segundo a revista Forbes. A operação surpreende pelo valor, mas sua singularidade tem outro motivo: a empresa que tanto atraiu os investidores tem apenas um ano de existência e nenhuma reserva de petróleo provada. Em um só dia, Eike criou uma companhia petrolífera com quase 7% do valor de mercado da Petrobras, empresa com mais de cinqüenta anos de história, que produz 1.918 barris de petróleo por dia e dispõe da mais refinada tecnologia de extração em águas profundas.
O sucesso de Eike deriva de uma confluência de fatores objetivos extremamente favoráveis: a obtenção do grau de investimento pelo Brasil, a alta do petróleo no mercado internacional e a enorme expectativa de prosperidade proporcionada pela nova fronteira de exploração, na camada do pré-sal que se estende pela costa brasileira. Tudo isso forma o cenário definido por um experiente analista do mercado de capitais como "alinhamento dos astros". Graças a esse alinhamento e a uma eficiente capacidade de contratar as pessoas certas, Eike manteve o rumo nos momentos ruins e disparou nos bons. Isso não explica completamente o sucesso alcançado pela OGX. Para compreender o que se passou na Bovespa na sexta-feira, é preciso levar em conta um fator subjetivo, que vem sendo chamado de "efeito Eike".

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