PT considera PMDB “estratégico” para derrotar Duciomar

* Presidente petista considera o prefeito “inoperante”
* PT sonha com um arco de alianças que só exclui dois
* “Priante fez seu papel para viabilizar sua candidatura”
* Debates em distritos dão início à estratégia de campanha

“O PT considera o PMDB estratégico em qualquer aliança para tirar a Prefeitura de Belém da administração inoperante do prefeito Duciomar Costa para devolvê-la ao povo da Capital”. Foi o que garantiu ao blog, no início da noite de terça-feira (22), o vereador Adalberto Aguiar, presidente do Diretório Municipal do PT em Belém.
No morde-e-assopra dos petistas em relação ao PMDB, Aguiar faz o papel de assoprar, depois das mordidas do ex-deputado e pré-candidato do PT à Prefeitura de Belém, Mário Cardoso.
Em entrevista ao Espaço Aberto na última sexta-feira (18), Cardoso fez críticas e acusações ao ex-deputado José Priante e ao PMDB. A acidez das declarações do petista, aliada à decisão do Diretório Municipal de lançá-lo candidato do PT à eleição de outubro, levou o deputado federal Jader Barbalho, presidente regional do PMDB, a anunciar que Priante será o candidato peemedebista à sucessão de Duciomar Costa. Além disso, Jader descartou qualquer tratamento preferencial ao PT em termos de eventuais alianças no segundo turno.
Das avaliações do vereador Adalberto Aguiar, no entanto, sobressaem três certezas: a prioridade do PT em comandar um amplo arco de alianças para destronar Duciomar Costa do Palácio Antônio Lemos; o empenho em estruturar desde agora a campanha de Mário Cardoso a prefeito de Belém; e o extremo cuidado em não desqualificar quaisquer adversários que eventualmente poderão somar-se ao PT no pleito de outubro, em Belém e outros municípios do Estado.

Candidatura não é figuração
Adalberto garante que o lançamento do nome de Mário Cardoso não é um faz-de-conta, não é para fazer figuração. “A candidatura do professor Mário Cardoso é pra valer. O PT vive o seu melhor momento no Estado e no País. Estamos unidos em torno do nome escolhido pelo partido. Não há racha. Não há dissensão. As bases estão dizendo que o partido deve ter candidatura. E por isso é que o PT terá candidatura própria”, reafirmar Adalberto.
Quando conversou por telefone com o blog, o vereador se encontrava inclusive em Mosqueiro, primeiro distrito escolhido pelo PT para dar início a uma série de debates. “Vamos discutir a conjuntura atual, debater táticas e estratégias eleitorais e escolher, em cada um dos oito distritos de Belém, a representação que ficará encarregada de participar da coordenação de campanha do professor Mário Cardoso”, informou Aguiar. O PT, portanto, já começa a pôr na rua seu bloco eleitoral.
O Espaço Aberto perguntou ao presidente municipal do PT por que o partido pretende oficializar já em maio a candidatura de Mário Cardoso, um mês antes do prazo fatal de 30 de junho, previsto pela legislação eleitoral para que as convenções partidárias definam candidatos e coligações. “Nós havíamos marcado uma prévia para 18 de maio, conforme o calendário interno do partido. Mas, com a retirada da candidatura da deputada Regina Barata, sobrou apenas o Mário. A candidatura dele é definitiva. Então, preferimos logo oficializá-la porque entendemos que é melhor o partido negociar com outras agremiações tendo a sua candidatura definida”, explicou Adalberto.

Arco de alianças só exclui dois partidos
O vereador garante que o PT, preferencialmente, pretende comandar um arco de alianças para disputar a prefeitura. Neste pretendio “consórcio” partidário será admitidos todos os partidos, à exceção de PSDB e DEM. “Em outros municípios, até com o PTB [partido de Duciomar Costa] nós estamos abertos para alianças. E com o PMDB a nossa intenção é de manter uma relação de respeito e proximidade. Só não conversaremos com o PTB em Belém, por causa das circunstâncias”, diz o presidente petista.
As circunstâncias que levam o PT a excluir o PTB belenense têm um nome: Duciomar Gomes Costa: “O que temos à frente da Prefeitura de Belém é um engodo chamado Duciomar Costa. Sua administração é inoperante. Ele não concluiu nenhuma obra iniciada pelo governo do PT. Prometeu médicos durante as 24 horas e não fez. Também não concluiu a Avenida João Paulo II [ex-Primeiro de Dezembro] e nem o Residencial Cabano, apenas para citar alguns casos. Por isso é que é importante nos aliarmos para tirar o Duciomar da prefeitura no voto”, diz Adaldberto.
O vereador diz não ter visto nada demais no fato de o ex-deputado José Priante, agora candidato do PMDB a prefeito de Belém, ter propagado amplamente, inclusive por meio de outdoors, que ele seria o candidato preferido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a encabeçar uma chapa à prefeitura, tendo um petista como vice.
“Acho que o ex-deputado Priante está fazendo o papel dele, que é o de viabilizar sua candidatura. Isso é legítimo. Não vejo nada demais nisso. Da mesma forma, é legítimo procurarmos viabilizar a candidatura de quem o nosso partido escolheu, no caso o professor Mário Cardoso”, ressalta Adalberto.
Ele preferiu não se estender em detalhes sobre suposta pressão do presidente Lula sobre os petistas paraenses, para que apoiassem a candidatura Priante, em retribuição ao apoio do PMDB à campanha de Ana Júlia Carepa ao governo do Estado, no pleito de 2006.
“Só quem pode confirmar se isso [as supostas pressões de Lula] é verdade ou não é quem participou das conversas com o presidente. Mas o que é evidente é que Lula, como presidente e liderança maior do partido, tem todo o direito de externar suas opiniões. Ora, se ele dá opinião até sobre o time dele, o Corinthians, e sobre se o Ronaldo [Fenômeno] está gordo ou não, por que ele não pode emitir opinião sobre candidaturas? Mas o certo é que, independentemente das opiniões do presidente, os diretórios estaduais e municipais é que decidem. E, no caso de Belém, o Diretório Municipal já decidiu que Mário Cardoso será o candidato do partido a prefeito”, reforçou Adalberto.