Governadores de Estados da região amazônica, senadores, deputados federais, empresários, instituições de pesquisa, representantes de instituições financeiras e lideranças sociais se reúnem nesta terça e quarta-feira (29 e 30), em Londres, com o Príncipe Charles para um amplo debate sobre a sustentabilidade da Amazônia.
O encontro, que será realizado na residência do Príncipe (Clarence House, Palácio Saint James), discutirá temas como Agricultura e Meio Ambiente; Infra-Estrutura; Finanças e Saúde e Educação. Cada painel será apresentado por um governador ou seu representante. Estão confirmadas as presenças da governadora Ana Júlia Carepa (PT/PA); Waldez Góes (PDT/AP) e José de Anchieta Júnior (PSDB/RR). O Acre e o Amazonas estão representados pelos senadores Tião Viana (PT) e Arthur Virgílio (PSDB), respectivamente.
De acordo com o organizador do evento, Jorge Pinheiro Machado, o Príncipe Charles, que no final do ano passado criou uma instituição voltada para a proteção das florestas tropicais do mundo (Rain Forest Forest), se propõe a ser um interlocutor entre as personalidades brasileiras envolvidas nas questões amazônicas e lideranças britânicas interessadas na proteção da maior floresta tropical do planeta.
Segundo Machado, o Príncipe Charles quer promover a aproximação entre as vozes das regiões detentoras de florestas nativas e o mundo, que precisa desses remanescentes, no sentido de remunerar os serviços ambientais que as florestas prestam à humanidade. Por isso um dos itens do debate propõe a melhoria da qualidade de vida dos povos da floresta, para que eles se transformem em seus guardiões.
Levantamentos feitos por Machado apontam que a comunidade britânica estaria
disposta a desembolsar cerca de 10 bilhões de libras esterlinas (mais de R$ 50 bilhões) para remunerar os serviços ambientais prestados pelas florestas. Os brasileiros pretendem captar algo em torno de 5 bilhões de libras para a Amazônia (R$ 25 bilhões). Os dirigentes da Amazônia no entanto, exigem que o aporte financie a inclusão social da população local. A Amazônia concentra perto de 25 milhões de habitantes e possui 60% do território brasileiro. Os governantes são categóricos: não há como defender apenas a conservação da floresta sem incluir sua população.
O grupo pretende discutir formas de captar esses recursos, seja por meio do pagamento de bolsas-florestas, pelo aporte direto aos fundos estaduais de meio ambiente ou em projetos específicos. Outros mecanismos de financiamento também serão discutidos pelo grupo durante o evento.
Diversidade - A governadora do Pará Ana Júlia Carepa considera que o desafio da Amazônia envolve não só a conservação como também a valorização da floresta. A Amazônia constitui-se em um imenso território protegido em unidades de conservação. São mais de 100 milhões de hectares entre Terras Indígenas, Territórios de Comunidades Tradicionais e outras categorias destinadas à conservação e à promoção do uso sustentável dos recursos naturais.
“A efetiva proteção desses territórios só será possível se formos capazes de promover a valorização dos produtos oriundos dessas áreas e dos serviços ambientais providos por esses ambientes protegidos”, enfatiza a governadora, que lidera um movimento nacional pelo pagamento dos serviços ambientais prestados pela floresta.
O Pará, o segundo maior Estado da Amazônia, com 1,2 milhão de km2 e 7,1 milhões de habitantes, é pressionado pela expansão econômica que visa, sobretudo os recursos naturais, em atividades que envolvem intensa ocupação, conflitos e uma indústria de grilagem de terras que fomenta toda forma de ilegalidade ambiental e fundiária.
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