| Santarém, com o Tapajós e Amazonas a banhá-la, sem se misturarem, mas sempre juntos: na crônica dos tempos, em livro reeditado de Lúcio Flávio Pinto (Foto: Espaço Aberto) |
Vai ser lançada neste dia 18, em Belém, a reedição do livro “Memória de Santarém”, que reúne artigos do jornalista Lúcio Flávio Pinto.
Considerado um dos maiores jornalistas especialistas no tema Amazônia, o paraense de Santarém, Lúcio poderia ser o grande ausente dos debates da COP 30; mas, longe dos holofotes, sua participação indireta será marcada pelo evento literário, às 18 horas, no auditório do Ministério Público Federal (MPF), em Belém.
Ambientada a partir de Santarém, “Memória de Santarém” [904 páginas – Editora Letra Selvagem], a obra tem o mérito de ser uma fonte autêntica e segura de informações sobre acontecimentos que marcaram a região do Baixo Amazonas paraense, durante dois séculos; e que extrapolam essa região revelando um conjunto impressionante de fatos personagens. Por exemplo, o desmatamento e o extrativismo mineral, que produz riquezas sem melhoria expressiva das condições de vida das populações nativas.
O livro reúne crônicas e artigos publicados durante 25 anos no jornal O Estado do Tapajós (já extinto) e no portal www.oestadonet.com.br, editado a partir de Santarém pelo jornalista Miguel Oliveira, um dos organizadores da reedição, juntamente com Nicodemos Sena, diretor da editora Letra Selvagem.
O conjunto da obra transita entre o jornalismo e a sociologia, e explica as razões da secular estagnação econômica, social e política da Amazônia, sempre a reboque dos interesses dos governos centrais, desde a Colônia até os dias de hoje.
“O livro não trata exclusivamente dos acontecimentos de Santarém, a rigor, aborda as questões amazônicas desse lugar emblemático na história da região, desde a colonização", diz Miguel Oliveira.
Jornalismo visionário
Nélio Palheta, jornalista que comandou o jornalismo da TV Liberal, quando Lúcio Flávio Pinto foi comentarista do programa "Bom Dia, Pará", ressalta a dimensão do olhar crítico do autor: “Lúcio foi sempre atento, dedicado, estudioso, ousado e dono de um senso crítico profundo sobre muitos fatos que ocorriam e ainda ocorrem na Amazônia. Sem superficialidades ou autocensura, Lúcio apontou sugestões de solução para não reduzir seu jornalismo, a meras críticas. Jornalismo que ainda tem valor como retrovisor de uma visão sobre o futuro da Amazônia que, podemos dizer, não demorou muito para chegar, de maneira destruidora”, comenta Palheta.
Os artigos resultaram de um trabalho de “garimpagem de fatos, dados e personagens em arquivos públicos e privados; em coleções de jornais antigos e outras fontes em que Lúcio mergulhou com paixão, cuidado e ciência” - acrescenta Nicodemos Sena, diretor da Letra Selvagem.
Reconhecimento
Com o reconhecimento de várias instituições nacionais e internacionais, Lúcio Flavio, hoje aposentado, dedicou mais de meio século da sua vida a uma insistente defesa da região. Sua obra, lançada no calor da COP30, é importante para os debates atuais e futura, para que nada seja esquecido. É o corolário de uma trajetória do jornalista visionário, que viu o futuro bem à frente das forças que atuam na região.
“Como repórter de vários jornais, autor de dezenas de livros, Lúcio esteve sempre atento aos problemas ambientais, econômicos e sociais da Amazônia. Seu jornalismo o incansável de repórter investigativo, haverá de reverberar sempre” - observa o jornalista Paulo Roberto Ferreira, que trabalhou O Liberal na mesma época que Lúcio Flávio era articulista e editor da coluna “Repórter 70”.
O lançamento do livro tem o apoio do Sindicato dos Jornalistas do Pará (Sinjor), entidade presidida por Lúcio Flávio no período 1978-1981. Será acontecimento de justa homenagem ao Lúcio, pelo jornalismo sempre atento em defesa da Amazônia, e dos jornalistas paraenses - não raro em conflito com governos e corporações privadas poderosas que, à luz do pensamento e da apuração rigorosa do jornalista, concorreram para o estado de depredação da região.
O lançamento do livro, na sede do MPF [Rua Domingos Marreiros, 690 Umarizal – Belém-Pará], tem significado simbólico do papel do jornalismo profundo, ao lado de instituições que, por natureza ou missão, têm o papel de proteger bioma fundamental para o equilíbrio do clima global, que é a Amazônia.
Fonte: Divulgação

Nenhum comentário:
Postar um comentário