domingo, 10 de maio de 2009

A procura pelos culpados

No AMAZÔNIA:

O final precoce da temporada para o Remo, que não disputará competições oficiais até o início do próximo ano, vai ficar marcado pelo dia 26 de abril de 2009. Entretanto, uma análise detalhada sobre a história do clube demonstra que a queda teve sua origem há muito mais tempo do que se imagina. O passaporte para o ostracismo foi, na verdade, a mais lamentável consequência de uma grave crise que o clube amarga há décadas.
As dívidas trabalhistas, os atrasos dos salários de jogadores e de funcionários, além dos bloqueios de rendas, foram vividos por ex-presidentes e ex-jogadores há pelo menos 20 anos - eles mesmos contaram à reportagem do jornal Amazônia. Com tantos problemas acumulados, a vergonha de se transformar em clube 'fora de série' parecia ser inevitável. Era só uma questão de tempo.
Um paciente gravemente doente, internado em uma Unidade de Terapia Intensiva, a UTI. Usando uma metáfora, talvez essa seja a melhor maneira de descrever o Clube do Remo. Não apenas o de hoje, mas sim o que padece há anos, por causa da grave crise financeira que o acomete. Se existem culpados, esses são os gestores, que muitas vezes oscilaram entre individualistas e irresponsáveis, em detrimento à saúde do clube. Quem chega a essa conclusão são os próprios ex-presidentes.
Evitando adotar a linha do tipo caça às bruxas, eles alegam que seus mandatos foram comprometidos por problemas do passado. Há até quem faça mea culpa. Mas há também quem veja nesta postura o maior erro da atual gestão azulina.
Raimundo Ribeiro esteve à frente do Leão Azul em dois momentos distintos. Primeiro, de 1992 a 1995. Mais recentemente, no biênio 2007/2008, acabou sendo responsabilizado pelo birebaixamento - primeiro à Série C e depois à Série D. Segundo ele, o cenário encontrado no início da sua segunda administração já demonstrava que o clube estava mergulhado em um mar de dívidas.
'Eu tive coragem de aceitar o cargo de presidente quando ninguém mais queria. O Remo não tinha dinheiro e estava mergulhado em dívidas. Tentei fazer o melhor, mas infelizmente os problemas foram maiores e não tive o apoio que esperava da comunidade azulina', recordou.
Licínio Carvalho lembra que, em 2001, mal sentou na cadeira do executivo e se deparou com dívidas trabalhistas que ameaçavam colocar a sede em leilão. 'As ações apareciam a todo momento. Algumas se arrastaram durante anos e estouraram no meu colo. Por causa delas, em vários jogos, tivemos rendas bloquedas. Na época, toda a diretoria entendeu que era preciso pagar essas dívidas', relembrou.
Carvalho até arrisca um palpite sobre o que pode ter acarretado tantas dívidas. Para ele, as inúmeras gestões que comandaram o Remo acabaram gastando mais do que o limite dos cofres do clube, na ânsia de conquistar um título dentro de campo - ele se inclui na lista. 'Todo mundo quer ser campeão, porque futebol mexe com a emoção. Não tinha preço que pagasse o bicho. Todo mundo fez isso', disse.
Já Raphael Levy, que dirigiu o clube de 2005 a 2006, considera um erro justificar os problemas de uma administração com base no que foi feito no passado. Ele acredita que esta atitude, que vem sendo repetida pelo presidente Amaro klautau, é um tiro no pé da atual diretoria. 'Acredito que este discurso de culpar os que vieram antes é que vem dividindo o Remo. Quando assumi o clube, não fiquei procurando culpados. Com isso, em poucos meses, já contava com o apoio de todos', frisou.
'Também não aceito ser taxado de culpado pelo momento atual do clube. É claro que cometi alguns erros na minha administração, mas pequei o Remo na Terceira Divisão e conquistei um título nacional que o clube ainda não tinha e o entreguei na Série B. Por isso, depois de tanto trabalho e sacrifício, eu é que teria razão para reclamar das adminitrações que me sucederam. Mas acho que isso não nos levará a nada. Cada um tem que assumir os seus erros e tem que haver humildade. Precisamos nos unir em torno do Clube do Remo, que é muito maior do que qualquer um de nós', ressaltou Levy.

Um comentário:

Anônimo disse...

O Remo estava na UTI e a diretoria tratou-o como se estivesse apenas resfriado.
O Remo tinha de ganhar o Campeonato Paraense (ou ser vice) pois era única chance de continuar a ter agenda em 2009 e garantir 2010.A diretoria sub-avaliou a situação, tinha uma única bala e...atirou errado.
O Remo sómente se erguerá quando tiver diretoria que entenda a GRANDEZA que essa bandeira tem!
Lamentável ver agora as várias diretorias tragédias tirando o corpo fora e torcendo contra, como tem sido ultimamente.