Da advogada Mary Cohen, presidente da Presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB-PA, sobre a postagem Resolve responder à barbárie com barbárie?:
Estamos assistindo, assustados, aos acontecimentos estampados na mídia.
Jovens e velhos, todos com medo da violência cada vez mais próxima, cada vez mais cruel (como se toda violência já não o fosse).
Li, estarrecida, a execução sumária, segundo noticiário da mídia, de cinco jovens entre 20 e 24 anos de idade, pela polícia do Estado do Pará. Fiquei tão chocada como quando vi o corpo do médico Salvador Namhias, abatido por assaltantes em plena luz do dia, próximo a um dos meus locais de trabalho, ou quando soube, por telefonema de uma colega advogada, que o advogado Marcelo Castelo Branco havia sido assassinado próximo à sua residência.
A diferença entre essas mortes é que, quando uma barbaridade se abate sobre uma vítima fora do contexto da pobreza, o choque de realidade segue implacável rotina. Governantes ostentam sua indignação e solidariedade com as famílias das vítimas, legisladores ameaçam votar projetos de lei a toque de caixa, passeatas clamam pela paz...
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“Matar suspeitos, deixando livres os chefes do crime, saciar a sede de vingança não trará paz. Ao contrário, alargará ainda mais a insegurança, enganando a população até a próxima temporada de guerra, incompetente, ao crime.”
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E o que muda, de verdade?
Nada, ou melhor, muda muitas vezes para pior. O que está acontecendo, com a morte desses acusados, não vai contribuir, como muitos podem, ingenuamente, pensar, para conter a onda de violência.
Ninguém quer enfrentar o desafio de fazer um debate aprofundado sobre a prevenção da violência, por isso é entediante demais, frio diante da tragédia.
Já a retórica do sangue é ágil, combina docemente com a sede de vingança. Encontra eco até nos cidadãos de bem, desesperançados diante da insegurança que não lhes garante o retorno vivo para casa.
Falar de prevenção da violência e reforma da polícia (estrutura intocada desde a ditadura), apurar adequadamente crimes cometidos por agentes do Estado, assegurar plenamente o acesso à Justiça, mencionar eficiência e transparência ao divulgar informações sobre criminalidade e ação policial, proteção das vítimas etc. dá trabalho e rende pouquíssimo Ibope.
Matar suspeitos, deixando livres os chefes do crime, saciar a sede de vingança não trará paz. Ao contrário, alargará ainda mais a insegurança, enganando a população até a próxima temporada de guerra, incompetente, ao crime.
Mary Cohen
Presidente da COmissão de Direitos Humanos da OAB/PA
6 comentários:
um militar sargento da marinha ao se identificar ontem para a rotam levou tapa na cara, veja bem um militar como eles, e o comando como vai agir, se fosse um civil ele matava.
A violência -insegurança- questão não enfrentada de modo sério por governos anteriores no Estado,está sendo enfrentado de modo correto pelo atual governo. Sabe-se que não é tarefa das mais fáceis, mas está sendo enfrentada.Lamentável, é que pessoas façam dos problemas relacionados à violência urbana e rural palanque político-eleitoral para ganhar notoriedade e se candidatar a presidência da OAB-PARÁ para as próximas eleições em outubro 2009.
Truculância gera truculência.
Pior vai ser para a população, que não tem como se defender da raiva dos bandidos. Ou será que a polícia pensa que a raiva deles é diferte da nutrida pelos bandidos?
Violência será respondida com violência, essa é a lei.
É por essas e outras que o sistema não vai melhorar.
Aliás, o fato revela total falta de controle sobre as polícias.
Demitir essa gente e começar tudo de novo seria uma das medidas para melhorar a segurança. Fora disso, é chover no molhado.
Ei, das 08:39, tá morando onde?
Nova York?
Ou apenas está tentando defender o indefensável?
O que era ruim ficou péssimo e ainda acha que está sendo enfrentado corretamente?
Acorda, companheiro, já se vão 2 anos e até agora...nada.
Só propaganda.
Amigo das 11:12,você mora mesmo em Belém, no Pará? Você quer mesmo que Belém fique melhor? Ou você é daqueles do quanto pior, melhor? Você quer ver o circo pegar fogo, para depois tirar dividendos políticos? Afinal, você é daltônico? Ou você é daqueles que diante das promessas políticas, traduzidas em ações concretas, quer impedir que aquelas se concretizem? Qual a sua real intenção? O bem-estar do povo ou outra totalmente apartada do bem estar dele?
Anônimo das 13:39.
Vai dormir....vai.
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