De uma Anônima, sobre a postagem “Belém está sitiada. O Pará está sitiado por bandidos”:
Também já fui assaltada (várias vezes) e perdi tragicamente uma pessoa querida para violência urbana. Um primo querido de apenas 19 anos foi surpreendido por um assaltante dentro de casa, acordou meio atordoado e foi morto a facadas.
Aconteceu em Macapá, e ficamos, todos da família, muito revoltados. Por isso, entendo o sentimento das pessoas que, ao perderem alguém, se revoltam contra “os Direitos Humanos”, essa entidade que para muita gente serve apenas para se preocupar com os bandidos.
Entendo mais: acho que precisamos refletir sobre isso. Não há dúvidas de que Belém está chegando à barbárie completa. É por isso que muita gente já fala sem constrangimentos que “bandido bom é bandido morto”. Daqui a pouco, acharemos normal os linchamentos cada vez mais frequentes na periferia e que, pelo andar da carruagem, logo chegarão aos bairros da classe média.
A pergunta é: será que isso resolve?
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Do Espaço Aberto:
Anônima, seguramente não resolve.
Ao contrário, apenas piora.
E muito.
Responder à barbárie com barbárie é coisa de bárbaros – de um lado e de outro.
Não resolve para conquistamos a paz que todos almejamos.
2 comentários:
O QUE RESOLVE É ISTO AQUI:
Festas com aparelhagem são proibidas durante FSM
Entrou em vigor, ontem (19), a portaria da Polícia Civil que determina a suspensão da emissão de licenças para festas com uso de aparelhagens sonoras de qualquer porte. A determinação é válida para os bairros de Canudos, Condor, Cremação, Guamá, Jurunas e Terra Firme, em Belém. A medida também irá limitar o horário de funcionamento de bares até 22 horas nos seis bairro atingidos pela portaria. A determinação vale até o próximo dia 2 de fevereiro.
SE ISSO FOSSE PERMANENTE E DEFINITIVO, RESOLVERIA METADE DO PROBLEMA.
Ora bolas, bolotas e bolototas! Se a polícia proibiu as aparelhagens nos bairros periféricos citados e está restringindo às 22h o funcionamento de bares, é porque a polícia SABE da estreita relação entre álcool/aparelhagens e a criminalidade. Então, por qual motivo não proíbe essas aberrações de uma vez por todas, para todo o sempre???
Facilitaria em 1000% o trabalho deles mesmos, da polícia.
Paul McCartney Anônimo
Paulo,
Estamos assistindo, assustados, os acontecimentos estampados na mídia.
Jovens e velhos, todos com medo da violência cada vez mais próxima, cada vez mais cruel (como se toda violência já não o fosse).
Li, estarrecida, a execução sumária, segundo noticiário da mídia, de cinco jovens entre 20 e 24 anos de idade, pela polícia do Estado do Pará. Fiquei tão chocada como quando vi o corpo do médico Salvador Namhias, abatido por assaltantes em plena luz do dia, próximo a um dos meus locais de trabalho ou quando soube, por telefonema de uma colega advogada, que o advogado Marcelo Castelo Branco havia sido assassinado próximo à sua residência.
A diferença entre essas mortes é que, quando uma barbaridade se abate sobre uma vítima fora do contexto da pobreza, o choque de realidade segue implacável rotina. Governantes ostentam sua indignação e solidariedade com as famílias das vítimas, legisladores ameaçam votar projetos de lei a toque de caixa, passeatas clamam pela paz...
E o que muda, de verdade?
Nada, ou melhor, muda muitas vezes para pior. O que está acontecendo, com a morte desses acusados, não vai contribuir, como muitos podem, ingenuamente, pensar, para conter a onda de violência.
Ninguém quer enfrentar o desafio de fazer um debate aprofundado sobre a prevenção da violência, por isso é entediante demais, frio diante da tragédia.
Já a retórica do sangue é ágil, combina docemente com a sede de vingança. Encontra eco até nos cidadãos de bem, desesperançados diante da insegurança que não lhes garante o retorno vivo para casa.
Falar de prevenção da violência e reforma da polícia (estrutura intocada desde a ditadura), apurar adequadamente crimes cometidos por agentes do Estado, assegurar plenamente o acesso à Justiça, mencionar eficiência e transparência ao divulgar informações sobre criminalidade e ação policial, proteção das vítimas etc. dá trabalho e rende pouquíssimo ibope.
Matar suspeitos, deixando livres os chefes do crime, saciar a sede de vingança não trará paz. Ao contrário, alargará ainda mais a insegurança, enganando a população até a próxima temporada de guerra, incompetente, ao crime.
Mary Cohen - Presidente da COmissão de Direitos Humanos da OAB/PA
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