quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Enfim, os números da insegurança saem da caixa-preta

Agora já se sabe exatamente o porquê da resistência da Segurança Pública do Pará ter resistido tanto em divulgar os números sobre a criminalidade desde o início de 2007, quando a governadora Ana Júlia (PT) assumiu o governo do Estado, até agora, quando seu governo já ingressou no terceiro ano.
A resistência deve-se a que os números são avassaladores, assustadores, demolidores.
E são números, vale ressaltar, fornecidos pelo próprio Sistema Integrado de Segurança Pública (Sisp), baseados nas ocorrências policiais e sistematizados pelo Dieese-PA.
Revelam uma situação de criminalidade crescente e literalmente incontrolável.
Em 2008, foram 128.288 as ocorrências delituosas na Região Metropolitana de Belém e arredores.
De janeiro a dezembro de 2007, quando se completou um ano de governo Ana Júlia, esse número chegou a 105.993.
Faça as contas e constate: de 2007 para 2008, foram nada menos de 22.295 crimes a mais.
Em 2006, o último ano do governo tucano de Simão Jatene, foram registradas 102.643 ocorrências e no ano de 2005, 92.080, demonstrando a escalada da criminalidade.
Guamá e o bairro apontado campeão da campeão da criminalidade em 2008, com 7.076 ocorrências. Aparecem a seguir Jurunas, Coqueiro, Pedreira, Campina, Marco, os nove conjuntos Cidade Nova, São Braz, Sacramenta e Marambaia.
Há uma surpresa, porém. A rigor, o bairro da Campina é proporcionalmente o mais violento, porque no Guamá moram mais de 100 mil pessoas. E na Campina, onde residem apenas 6 mil habitantes, foram registradas nada menos de 5.046 ocorrências.

Por que o número de delitos aumentou?
Mas curiosa mesmo é a explicação do secretário Geraldo Araújo para o aumento dos índices de criminalidade.
Um dos fatores, explica o secretário, é o aumento efetivo de policiais nos bairros, cujas operações de repressão resultaram em 16.583 pessoas presas em mais de 51 mil operações policiais.
Mas não seria o contrário?
Se aumento o efetivo de policiais, se aumentaram as diligências policiais, se aumentou o número de prisões e apreensões, então não seria mais lógico esperar que os índices decrescessem?
Falta explicar melhor.
Mas já é um avanço a Segurança Pública ter revelado os números que agora vinham sendo mantidos sob sigilo.
Agora temos parâmetros para comparar.
Para comparar e para cobrar.

10 comentários:

Anônimo disse...

Uma declaração dessas e o cara ainda continua no poder?
Por essas e outras e que não vai melhorar.

Marcelo disse...

Caríssimo PB,

a delaração do secretário Geraldo Araújo ( aqule que disse que as estatísticas da criminalidade são apenas "números") dá mais uma mostra da novilíngua do governo petista. Para eles, guerra é paz, liberdade é escravidão, ignorância é força- e se você está com uma arma encostada na cabeça é porque nunca esteve tão seguro antes.
Para dar uma noção do quanto esses números são trágicos, basta lembrar que, no final da gestão tucana ( aquela em que fomos apresentados ao inacreditável conceito de "sensação de insegurança", defendido pela gestão do mais inacreditável ainda Manoel Santino), a violência já era considerada era insuportável, inaceitável- diagnóstico propalado epla campanha da atual da governadora com o qual todos concordávamos. Pois bem, os números demonstram que, comparando 2006 e 2008, a criminalidade cresceu 25% acima do "insuportável"- quanto será que conseguiremos avançar para além do "inaceitável"? Realmente, neste governo a segurança pública deu um passo à frente, pena que já estávamos na beira do abismo.

Abs
Marcelo Vieira

P.S: As nossas análises, no momento, limitam-se aos números brutos. Temo, sinceramente, que quando empreendermos um estudo mais "qualitativo" o horror seja maior.

Yúdice Andrade disse...

Meu amigo, lembre-se que, em todo lugar do mundo, o número de ocorrências policiais expressa apenas uma fração do número real de crimes. É o que chamamos de "cifra negra", conceito famoso em Criminologia. E nos países onde o sistema de segurança é mais desorganizado e propenso à corrupção, a "cifra negra" tende a aumentar, pois o cidadão comum recorre menos às autoridades quando sabe que terá muito trabalho para buscar seus direitos e menores chances de vê-los atendidos, como no caso do Brasil.

Anônimo disse...

Paulo, sem querer abusar da sua boa vontade, você teria condições de conseguir o relatório completo, mostrando o raio-x da violência bairro a bairro? Seria interessante pra gente saber, também, quais são os bairros mais seguros (ou menos violentos, como preferir) da Região Metropolitana de Belém.

Paul McCartney Anônimo

Poster disse...

Paul McCartney,
Vou ver se consigo o relatório.
Abs.

Poster disse...

Marcelo,
Não há dúvida.
Nem tudo está nos números.
Uma avaliação com outro critério pode ainda mostrar um quadro pior.
Bem pior.
Abs.

Poster disse...

Exato, Yúdice.
Sua análise está correta.
E mostra que os índices são muito, muito maiores do que os revelados.
Abs.

J.BOSCO disse...

Em Belém é assim: " Live and Let Die" ...(Paul McCartney)
abs

Anônimo disse...

A governadora recentemente em evento de comemoração do aniversário de Belém, responsabilizou o governo passado pelo aumento da criminalidade... A famosa "herança maldita". Mas se isso é verdade, a crise da segurança deveria ter estourado em 2007 e não em 2008, assim como a crise na área da saúde, que também estourou em 2008.
Esse fato dismistifica totalmete essa apelação da atual gestão petista da "herança maldita".
O "X" da questão é que no ano de 2007 NADA FOI FEITO PELO GOVERNO ANA JÚLIA. Viveu-se exclusivamente do bônus deixado pelo governo Jatene.
Até repasses do governo federal referentes à 2006 ficaram presos lá em cima pelo presidente Lula e só foram liberados em 2007, beneficiando o governo Ana Júlia.
Portanto governadora, já passou da ora de parar de dar desculpa esfarrapada e sem consistência... Comece a trabalhar e justifique os votos de seus eleitores!

Anônimo disse...

São os incomPTentes.