quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

“Continuaremos sem entender as guerras”

Da leitora Bia, sobre a postagem O horror ao longe, o horror de perto:

Um amigo libanês, há duas décadas, numa conversa cercada por tomates e pepinos cortados em pedaços grossos, quibe cru, hommus, chá para ele e cerveja para mim, explicava-me pacientemente que nós jamais compreenderíamos a guerra (as guerras?) do Oriente Médio.
Não compreenderíamos porque as informações que recebíamos eram sempre distorcidas. Pelas conveniências do poder econômico - e ele igualava árabes (assim genericamente chamados por nós) e judeus neste poder - e pelo comprometimento e burrice da mídia.
A partir desse dia, eu procurava ter informações de fontes diversas sobre as guerras e nem assim compreendo o que acontece ali.
Neste último episódio, o que sei é que muçulmanos ricos e judeus ortodoxos idem estão se lixando para a população de Gaza, uma das mais pobres deste pobre planeta, com um nível de desemprego assustador (algo em torno de 90%!) que sempre sobreviveu da ajuda humanitária e dos poucos empregos criados antes pela Al Fatah e hoje pelo Hammas.
E a maioria de nós continuará sem "entender" as guerras, lá e cá, sejam as que matam corpos a rajadas de metralhadora ou a bazucadas, ou as que matam as almas, pela ignorância ou pela concentração da riqueza. E nos comoveremos com as cenas chocantes de crianças estilhaçadas, velhos desesperados, para logo a seguir nos "comovermos" com o sofrimento da Donatela Fontini ou nos enraivecermos com a maldade da Flora, ou qualquer outra heroína ou vilã de plantão!

Um comentário:

Anônimo disse...

Reinaldo Azevedo é quem está fazendo a melhor leitura dos acontecimentos no Oriente Médio. Simplesmente brilhante.



Victor Picanço