No AMAZÔNIA:
A dor de familiares de vítimas da violência urbana de Belém está resultando na construção do Movimento das Vítimas da Violência em Belém (Movida). Há um ano eles têm arregaçado as mangas e armado uma barraca - todos os domingos - na Praça da República para chamar a atenção da sociedade para o problema da violência na cidade. Morosidade e problemas na condução de alguns processos são também reclamações recorrentes entre eles, que querem justiça.
Wanloo Neto foi quem começou o movimento. Primo de Nirvana Evangelista da Cruz, de 28 anos, que foi assassinada pelo ex-namorado, no ano passado, ele conta que quem primeiro armou uma barraca na praça foi Iranildes Russo, que é mãe de Gustavo Maia Russo, morto por policiais militares, em 2005, durante uma perseguição que acabou no cruzamento da avenida João Paulo II com a travessa Mauriti. Há três anos ela arrecada assinaturas na praça, pedindo justiça pelo crime cometido contra seu filho. Mais de seis mil pessoas já assinaram o documento.
As histórias de Nirvana e Gustavo Russo podem parecer diferentes no contexto, mas os familiares das duas vítimas se uniram na formação do Movida, que está completando um ano de existência com 18 casos já somados. 'Infelizmente, do jeito que a violência está é possível que daqui a um ano, um número bem maior de casos já esteja aqui conosco para nós lutarmos juntos por justiça', disse Wanloo Neto, acrescentando que o julgamento do acusado de assassinar Nirvana, o funcionário do Tribunal de Justiça do Estado (TJE), Mário Tasso Ribeiro Serra Júnior, será no dia 26 deste mês, às 8h30, no salão do Tribunal do Júri, no centro de Belém.
O Comitê Dorothy Stang também se somou na luta do Movida. A irmã Margarida Pantoja explica que o caso da morte de Irmã Dorothy Stang, que foi assassinada a tiros no dia 12 de fevereiro de 2005, em Anapu, no interior do Pará, ganhou repercussão nacional e internacional e, mesmo assim, o fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, o 'Bida', acusado de ser um dos mandantes do crime foi absolvido pelo júri popular, no segundo julgamento por que passou. A acusação deu entrada num pedido de anulação do julgamento e aguarda a decisão do judiciário. 'Existem casos em que famílias de vítimas, que não tem nenhum recurso financeiro ou conhecimento de direitos, como é o caso das famílias dos meninos da Ceasa, que correm o risco de ver o caso cair no esquecimento e não ser feito justiça', disse a irmã.
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