O Conselho Político do PSDB – formado por vereadores de Belém, deputados estaduais e federais e senadores do partido – será informado oficialmente hoje, por emissários do Democratas, de que o DEM não se opõe a que a coligação entre as duas legendas, para as eleições de outubro, alcance não apenas o cargo majoritário – a disputa para prefeito de Belém -, mas também os cargos proporcionais, ou seja, as candidaturas à Câmara Municipal.
O assentimento do DEM à aliança mais ampla com os tucanos representa um passo a mais para confirmar uma coligação que vem sendo partejada – este é exatamente o termo, partejada – a fórceps, a sangue frio, sem anestesia e sob o ceticismo e movimentos à primeira vista contraditórios de boa parte dos tucanos.
O PSDB, nesta discussão prévia sobre, tem confundido o próprio PSDB. E como o PSDB se confunde, acaba confundindo também quem tenta entender cada passo da legenda e o sentido de cada decisão que tem sido tomada primeiro pelo Conselho Político, depois pelos diretórios estadual e municipal reunidos em conjunto.
Desdecisão - Primeiro, na reunião de 19 de maio passado, deliberaram os conselheiros tucanos descartar completamente qualquer possibilidade de coligar-se com o PTB do prefeito Duciomar Costa. Isto foi no início da tarde. À noite, no prosseguimento da reunião da manhã, aquela em que já se decidira descartar Duciomar, desdecidiu-se – para usar verbo que o saudoso Gonçalo Duarte certamente adotaria – o descarte do alcaide e passou-se a incorporar a possibilidade de atrair o prefeito de Belém para uma aliança com os tucanos.
Passaram-se alguns dias e decidiu-se, então, chamar Duciomar e Valéria às falas. No bom sentido, é claro. Os dois se apresentaram diante dos conselheiros tucanos para expor seus projetos e suas propostas de coligação. Duciomar esnobou os cardeais do PSDB. Falou tão pouco que chegaram a pensar que ele terminara de falar antes de começar. Depois, foi a vez de Valéria. Em 20 minutos, ela deu o seu recado e convenceu os circunstantes de que o mais viável eleitoralmente seria DEM e PSDB fecharem uma aliança. Os conselheiros tucanos, convencidos disso, adotaram como indicativo fechar uma coligação com o DEM. Por ser indicativo, precisariam submetê-lo à anuência do Diretório Municipal.
Eis que chega o dia da reunião que juntou não apenas membros do Diretório Municipal de Belém, mas também integrantes do Estadual. E o que fizeram com o indicativo? Nem aprovaram, nem rejeitaram. Decidiram. Mas decidiram o quê? Decidiram atribuir ao Conselho Político a competência e a delegação de retomar, aprofundar, ampliar – seja lá qual verbo for – as negociações e articulações sobre a aliança com o DEM. Isso foi o mesmo que chover no molhado, porque confirmou-se a competência do Conselho Político, que a si mesmo, anteriormente, arrogara-se competência para acolher o indicativo submetido posteriormente ao Diretório.
Ficou claro tudo isso pra você? Não. Certamente que não. E nem para muitos tucanos, que ficaram mais confusos quando ouviram, durante a reunião dos diretório, manifestações predominantemente majoritárias em favor de uma candidatura própria e, de quebra, favoráveis a um aliança com Duciomar e com o próprio DEM.
Proporcionais - Mesmo assim, foi conferido ao Conselho Político o papel de conduzir uma nova rodada de negociações, desta vez com a incumbência de ampliar o raio da aliança, que se estenderia também aos cargos proporcionais.
Em tese, a coligação que vier – se vier – a ser formalizada para alcançar os candidatos à Câmara de Belém prejudica diretamente o vereador Carlos Augusto Barbosa, único vereador do Democratas com assento na Câmara de Belém e que teria reeleição garantida, caso o partido concorresse sozinho. Mas o vereador, segundo apurou o blog, não pretende ser empecilho a qualquer coligação entre o DEM e o PSDB.
Certo de que precisa caminhar como se estivesse pisando em ovos, o Democratas não apenas já decidiu aceitar a coligação para os cargos proporcioinais – o que será anunciado hoje aos tucanos – como deverá marcar a convenção que vai homologar a dobradinha DEM-PSDB para 30 deste mês, exatamente o último dia do prazo previsto pela legislação eleitoral.
Com isso, o DEM pretende sinalizar que não quer opor obstáculos a que se esgotem todas as negociações e se aparem eventuais arestas, para permitir que as duas agremiações caminhem unidas no processo eleitoral que efetivamente vai começar efetivamente a partido de julho.
Um comentário:
O desespero do DEM é tão grande, que está aceitando até injeção na testa.
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