sexta-feira, 18 de abril de 2008

“Priante nada entende de PT. Mal entende do PMDB dele.”

* Mário Cardoso reafirma sua candidatura pelo PT
* “O Priante mente ao dizer que tem apoio de Lula”
* “O foco do PMDB não é Belém. É Ananindeua.”
* “Em Belém, tive 251 mil votos. Priante, só 91 mil”
* “Priante tem de explicar de onde vem o dinheiro dos outdoors”


“O Priante não entende p.n. de PT. Ele mal entende do PMDB dele. E o ex-deputado deve compreender de uma vez por todas que o PT não tem dono. O PMDB, sim, pode até ter dono. Mas o PT não tem. O PT tem base partidária. E base partidária das mais aguerridas. Portanto, ele [Priante] ele deve parar de ficar usando o nome das pessoas para dizer que o Lula o apóia e que estaria fazendo um apelo ao PT para que abra mão de ser cabeça de chapa e faça uma composição com o PMDB para as eleições de outubro em Belém. Isso é mentira do Priante. O Lula não o apóia e nunca houve esse apelo do presidente ao PT.”
Quem disse isso ao contactar com o blog por telefone, no início da noite de quinta-feira (17), foi o ex-deputado, ex-secretário de Educação, ex-candidato petista ao Senado nas eleições de 2006 e atual pré-candidato – agora único – do PT a prefeito de Belém, Mário Cardoso.
Professor, ele conversou com o Espaço Aberto logo após sua última aula. Demonstrava estar agastado. E o agastamento não era com seus alunos. É com o ex-deputado federal, ex-candidato do PMDB ao governo do Estado nas eleições de 2006 e atual pré-candidato do partido da legenda a prefeito de Belém, José Priante.
Até aqui, Mário Cardoso e Regina Barata, deputada estadual petista, eram os únicos nomes que assumiam declaradamente a condição de pré-candidatos do PT às eleições de outubro. Mas Regina abandonou a raia. Reconheceu que, internamente, o adversário desfruta de melhores condições de consolidar sua candidatura e preferiu franquear-lhe o espaço, em nome da unidade partidária.
Com a desistência da deputada, o campo ficou livre para Mário Cardoso, que, aliás, integra o grupo Unidade na Luta, componente, por sua vez, da tendência Campo Majoritário, da qual fazem parte, entre outros, o deputado federal Paulo Rocha, a prefeita de Santarém, Maria do Carmo, e o ex-deputado Miriquinho Batista.
Pois Mário Cardoso não mediu palavras, ou melhor, não mediu a contundência nas palavras ao comentar a versão até aqui corrente, de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva estaria pressionando o PT paraense, para que desistisse da candidatura própria e compusesse uma chapa em que Priante seria o candidato a prefeito de Belém, tendo como vice um petista.
“Priante não assume cargo federal porque tem problemas”

Com esse apelo – mais uma cobrança do que em realidade um apelo -, ainda segundo a tal versão que até agora tem sido a única, Lula estaria fazendo sua parte em convencer os petistas do Pará a retribuírem a dívida contraída pelo PT em 2006, quando Priante, então candidato a governador, apoiou Ana Júlia no segundo turno e, conforme avaliação do próprio peemedebista, viabilizou a vitória da petista, que acabou destronando os tucanos, até então reinantes havia 12 anos no Pará.
- O que acontece é que o Priante e o PMDB estão com um problema. O PMDB e o Jader querem viabilizar a nomeação do Priante para um cargo no governo federal. Mas o PMDB não consegue nomear o Priante, porque há problemas para a indicação dele – espeta o petista.
- Que problemas, Mário? – indaga o blog.
- Quanto a esses problemas, não vou entrar em detalhes. Mas isso é coisa que compete ao Priante e ao PMDB – devolve o pré-candidato do PT.
Ele nega com firmeza e veemência a versão até aqui corrente de que Lula estaria dando uma prensa no PT local, para que se lembre da “dívida política” que ainda teria com Priante, por conta do apoio de 2006.
No dia 30 de março passado, o “Informe JB”, coluna reproduzida em Belém pelo Diário do Pará, veículo do grupo de comunicação do deputado federal Jader Barbalho, presidente regional do PMDB, chegou a destacar em sua nota de abertura, sob o título de Lula chuta Carepa para escanteio, a informação de que a governadora Ana Júlia teria saído “consternada” do gabinete presidencial, ao ouvir a cobrança de que o PT, em vez de apoiar um petista, deveria apoiar um peemdebista em Belém. “Na linguagem futebolística de que o presidente tanto gosta ao falar de jogadas políticas, Carepa levou um chute. E cairá aos pés de Jader, para marcar gol”, finaliza a nota publicada na coluna.
“O problema é aquilo que já se diz há muito tempo: uma mentira repetida muitas vezes, com insistência, acaba se transformando em verdade”, diz Mário Cardoso, mencionando uma das máximas de Joseph Göebbels, o ministro da Propaganda de Hitler. Ele conta a sua versão sobre a interferência de Lula neste assunto. E até agora deve ser a primeira versão, apresentada em público, diferente da que tem sido amplamente difundida até aqui.
“Jamais houve pressão do Lula sobre o PT do Pará”

Relata o professor Mário Cardoso que, de fato, a governadora Ana Júlia Carepa e o deputado federal Paulo Rocha (PT) estiveram com o presidente Lula recentemente, em audiência no Palácio do Planalto. Lá pelas tantas, entre vários assuntos tratados, veio à baila a questão eleitoral no Pará e em Belém.
- O presidente Lula perguntou, então, se não era possível o PT apoiar o Priante em Belém, numa composição que representaria a retribuição do apoio do PMDB ao PT em 2006. E tanto a Ana como o Paulo responderam: ‘Não’. Disseram ao presidente que o PT terá candidato próprio em Belém. Foi simplesmente isso. Jamais houve pressão do Lula. O Lula sabe como funciona o PT. Ele respeita a autonomia partidária – relata Mário Cardoso.
O pré-candidato petista diz que não teria o menor sentido uma aliança em Belém com o PMDB, porque os petistas entendem que o próprio PMDB não tem o menor interesse na eleição de outubro na Capital. “O foco do PMDB no Pará não é Belém. E não é o Priante. O foco do PMDB é Ananindeua. É apenas lá que o PMDB tem interesse”, diz Mário.
A referência do professor tem nome: a reeleição do atual prefeito Helder Barbalho, filho de Jader. O presidente regional do PMDB aposta suas fichas – senão todas, mas uma grande quantidade delas – na manutenção do filho no cargo. Isso é indispensável para que Helder possa ganhar musculatura político-eleitoral de tal monta que lhe permita aspirar a vôos mais altos no pleito de 2010, mirando a Câmara dos Deputados, o Senado ou até mesmo o governo do Estado.
Mário Cardoso não admite nem remotamente o argumento de que o PT ainda teria dívidas eleitorais a saldar com o PMDB. “O PT já pagou essa tal dívida. O PMDB já recebeu secretárias no governo Ana Júlia. O problema é que o Priante não consegue se ajustar com o primo dele”, diz Mário, referindo-se ao deputado Jader Barbalho. “Eles precisam é se ajustar, isso sim. Precisam se entender”.
O professor e pré-candidato petista também rejeita o argumento de que Ana Júlia só chegou à vitória em 2006 porque Priante e o PMDB a apoiaram no segundo turno. “Para começo de conversa, lembro ao Priante que em 2006, apenas em Belém, eu tive 250 mil votos, enquanto ele teve, como governador, apenas 91 mil. E em todo o Estado do Pará, eu tive mais votos dos que os votos somados dele e do candidato ao senador pelo PMDB, Luiz Otávio”, relembra Mário Cardoso.
O Tribunal Superior Eleitoral dá razão ao pré-candidato petista. Uma consulta básica ao site do TSE mostra que, no pleito de 2006, Mário Cardoso conquistou em Belém exatos 249.200 votos, enquanto Luiz Otávio teve 83.850 e Priante, 91.646. Mário errou um pouco na informação sobre os votos alcançados em todo o Estado. Somados, os votos de Priante (438.071) e Luiz Otávio (449.447) totalizam 887.518, ou seja, 6.831 votos acima dos 880.687 sufrágios alcançados por Mário Cardoso.
“Ele acha que sou idiota em não ser candidato?”

O pré-candidato petista vai em frente: “Com todos esses números, o Priante quer que eu abra mão da minha candidatura. Ainda acha que eu, sendo de um partido que tem o governo federal e o estadual, devo desistir de concorrer ao cargo de prefeito de Belém. Ele acha que eu sou idiota em fazer isso?”
Mário Cardoso, que não esconde sua irritação ao referir-se ao pré-candidato do PMDB, garante que entre a própria militância petista aumenta a insatisfação com as especulações de que Priante é credor de apoio do PT e de que o presidente Lula o estaria apoiando.
Nesse aspecto, o professor mencionou outdoors afixados em vários pontos de Belém com a mensagem “Lula apóia Priante prefeito de Belém”. As peças trazem estampado o nome do jornal “A Vanguarda”, que tem como dono Luiz Guilherme Barbalho, irmão de Jader e, portanto, também parente de Priante.
“O Priante está é deixando a militância do PT p... da vida. E ele tem é que explicar onde consegue tanto dinheiro afixando esses outdoors por aí, que revelam claramente propaganda extemporânea. Isso é que ele tem de explicar”, fustiga o professor. Queixa-se ainda que Priante “mente descaradamente” ao propalar informações de que teria a simpatia de segmentos petistas. “Outro dia, saiu publicada num jornal uma nota dizendo que o Priante foi efusivamente aplaudido no aniversário do nosso presidente do Diretório Municipal, o companheiro Adalberto Aguiar [vereador em Belém]. Isso é uma mentira deslavada. O Priante esteve lá, de fato, e foi recebido gentilmente. Mas sem as efusões que a nota disse que houve”, diz Mário Cardoso.
Apesar da acidez verbal com que se refere ao0 PMDB e seu pré-candidato, Mário Cardoso retoma a racionalidade ao apreciar duas questões: sua própria candidatura à Prefeitura de Belém e as alianças que poderão ser feitas, inclusive com o PMDB, em primeiro ou segundo turno.
Sobre as alianças, Cardoso diz que, politicamente, o PT não opõe nenhum obstáculo a que sente à mesma mesa com o PMDB para discutir estratégias eleitorais conjuntas no primeiro, ressalvada a garantia de que o Partido dos Trabalhadores terá o cabeça de chapa. “Podemos discutir inclusive no primeiro turno. E no segundo turno, muito mais ainda”, predispõe-se Mário Cardoso.
Sobre sua candidatura a prefeito de Belém para suceder Duciomar Costa, o professor diz ser irreversível, sobretudo depois da desistência de Regina Barata. E tanto é assim que Mário Cardoso remeteu ao blog uma carta (veja a íntegra mais abaixo) do Diretório Municipal informando que o PT, para as eleições deste ano, “apresentará à sociedade candidatura própria à Prefeitura de Belém, através do processo democrático de eleições diretas.”
Plenária nesta sexta reafirmará apoio a Cardoso

O Diretório Municipal também resolveu “declarar, publicamente, que a pré-candidatura do PT à disputa da Prefeitura de Belém é a do professor Mário Cardoso”, ao mesmo tempo em que convocou uma plenária geral com todos os filiados para esta sexta-feira, a partir das 19h, no Clube Monte Líbano. Na plenária, segundo a carta do Diretório, será organizada “a tática, estratégia e o planejamento eleitoral”.
Mário Cardoso, ao mesmo tempo em que reafirma sua candidatura, observa que não se pode nem cogitar de sua desistência a concorrer à Prefeitura de Belém, no que seria uma repetição de 2006, quando ele, com a candidatura ao governo do Estado aprovada e chancelada por todas as instâncias partidárias, viu-se na contingência de ceder a um apelo do presidente Lula para viabilizar a candidatura da então senadora Ana Júlia Carepa ao governo do Estado.
Quando se depara com a possibilidade de que venha a ser protagonista, agora em 2008, de outra desistência, para abrir passagem à candidatura do peemedebista José Priante a prefeito de Belém, Mário Cardoso convida o poster a uma reflexão.
- Pense em termos de estratégia política – convida o pré-candidato. – Em 2006, eu abri mão para uma companheira de partido, que segue os mesmos princípios que eu. Abri mão da minha candidatura para viabilizar a vitória do meu partido, o PT. Agora, não. Você acha que eu vou abrir mão da minha candidatura para viabilizar a candidatura do PMDB, a candidatura do Priante? Isso não tem o menor sentido – encerra Mário Cardoso.

“O PT terá candidatura própria em Belém”

É a seguinte a íntegra da carta do Diretório Municipal do PT em Belém, que tem o título acima:

Aos 28 anos, o PT é uma realidade vitoriosa. Governa o Brasil e o Estado do Pará. Está mudando a realidade do País e encarando o desafio de alterar o modelo de desenvolvimento do nosso Estado. Em Belém, não pode ser diferente. É preciso garantir à nossa cidade políticas públicas pautadas no desenvolvimento sustentável, com inclusão social, respeitando-se a vontade popular e as diferenças existentes.
O Partido dos Trabalhadores - PT nos 08 (oito) anos de mandato à frente da Prefeitura de Belém (1997-2004), proporcionou a seus munícipes a melhor administração pública já vivenciada em nossa capital durante os últimos 12 anos, implementando políticas públicas e programas sociais para a população de baixa renda e garantindo, efetivamente, os direitos sociais de todos e de todas. Outra característica marcante do governo petista foi à intensa participação da sociedade nas definições das políticas públicas do que seria melhor para Belém.
Desta forma, o Diretório Municipal do Partido dos Trabalhadores - PT/Belém vem a público AFIRMAR que para as Eleições Municipais 2008 apresentará à sociedade candidatura própria à Prefeitura de Belém, através do processo democrático de eleições diretas.

O Diretório Municipal do PT/Belém, considerando:

1) A resolução de tática eleitoral do Diretório Nacional e do Diretório Estadual do PT;
2) A resolução Municipal do DM PT-Belém, sobre calendário eleitoral aprovado em reunião do dia 26/03/2008;
3) Que as datas 15/04/2008 e 18/04/2008 marcam o final das inscrições majoritárias e proporcional de acordo com o item 2 acima;
4) Que em reunião no dia 15/04/2008, a Executiva do DMPT-Belém, ao receber carta de renúncia da Deputada Estadual Regina Barata de sua pré-candidatura à Prefeitura de Belém e encerrado o prazo de inscrição de candidatos majoritários e desta forma fica descaracterizado o processo de prévia internas.

Resolve:
1)Manter agenda nos distritos de acordo com a decisão do diretório municipal;
2) Declarar, publicamente, que a pré-candidatura do PT à disputa da Prefeitura de Belém é a do Professor Mário Cardoso;
3) Convocar uma Plenária Geral com todos (as) os (as) filiados (as) para organizar a tática, estratégia e planejamento eleitoral, a realizar-se no dia 18/04/2008, às 19h, no Clube Monte Líbano.

Belém, 17 de abril de 2008
Diretório Municipal do PT - Belém

3 comentários:

Anônimo disse...

Calma Prof. Mario, sua arrogância e destempero, não combinam com a imagem mais recente dos vitoriosos do PT(Lula Paz e Amor, Ana só carinho, etc.).
Por mais que você tenha dificuldade de aceitar, sem duvida nenhuma a Governadora Ana Julia só ganhou a eleição de 2006 com a ajuda do PMDB, com certeza se o candidato a governador fosse o Sr. o Almir teria ganho a eleição no primeiro turno.
Por mais que você não queira reconhecer, como você mesmo afirmou, o Presidente Lula fez sim um apelo a Governadora e ao Paulo Rocha para o PT saldar sua divida com o PMDB e apoiar o Priante para Prefeito.
Por mais que você se descontrole, é logico que Belém está nos planos prioritários do PMDB assim como Santarém, Marabá, Ananindeua entre outros municipios.
E por mais que você não queira enxergar, o PMDB e o PT só ganham a eleição em Belém se sairem unidos na mesma chapa, como o Presidente Lula que é um governante de visão já enxergou.
É bom Professor Mario que você comece a abrir seu coração e sua alma e tenha paciência, por que todo esse problema foi causado pelos seus companheiros que estavam reunidos com o Presidente e vasaram a informação para a imprensa nacional e não pelo PMDB.

Anônimo disse...

Com a palavra, o candidato do Lula, o primo do Jáder, o inventor da ana Júlia, o super PRIANTE !!!!

Anônimo disse...

O Professor Mário Cardoso tem razão:

O PMDB e PT, têm que lançar candidaturas próprias. Em Belém, Santarém, Ananindeua, Parauapebas, Abaetetuba, Cametá e tantas outras... é isso que você quer Professor???