domingo, 11 de janeiro de 2009

O PT, o Cebolinha e a Mesa da Câmara

É esse o título do artigo que o ex-petista Raul Meireles, compadre da governadora Ana Júlia Carepa (PT), assina e que foi publicado na edição de ontem, de O LIBERAL.
Vale a pena ler, porque Meirelles é o alter ego do prefeito Duciomar Costa e, nessa condição, conta como se processaram as articulações de bastidor para eleger a nova Mesa da Câmara Municipal de Belém.
Abaixo, o artigo.

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Não é novidade para ninguém que nestes dois últimos anos houve uma aproximação política entre o prefeito Duciomar e a governadora Ana Júlia. Uma aproximação, é verdade, ainda limitada, marcada por um certo grau de ceticismo mútuo, no entanto, muito melhor do que a relação litigiosa como alguns imaginaram e que outros ainda apostam. Na última conversa que tiveram, ocorrida após a eleição municipal do ano passado, três eventos foram destacados: o Fórum Social Mundial, a mesa da Assembléia e a mesa da Câmara Municipal, pois, segundo o entendimento firmado, pela importância política e proximidade cronológica, reclamavam uma intervenção conjunta dos dois líderes.
O Fórum Social Mundial está relativamente bem encaminhado, mesmo com as limitações financeiras e orçamentárias de ambos os poderes, com agravante para a Prefeitura que, além do fim do exercício financeiro, estava também em fim de mandato, logo com inúmeras amarras impostas pela Lei de Responsabilidade Fiscal. A mesa da Assembléia Legislativa, todos sabem como terminou. No entanto, é necessário resgatar, en passant, a conduta ética assumida pelo PTB, partido presidido pelo prefeito Duciomar, que se recusou a participar de qualquer articulação que implicasse a formação de um bloco de oposição ao governo estadual, quando procurado pelo PSDB, através do ex-governador Simão Jatene. Vale dizer, um bloco com chances reais de vitória, pois, se se juntassem, os deputados de PTB, PSDB e o G8 fariam maioria e elegeriam o presidente daquele poder.
Já no processo de eleição da mesa da Câmara, de repente as coisas mudaram de rumo. O PTB, que é um excelente parceiro para apoiar o governo estadual, não é parceiro para ser apoiado pelo PT. Muito embora tenha sido o primeiro partido a ser procurado pelo prefeito para articular uma chapa para a mesa da Câmara, não aceitou o convite, pois, segundo um argumento hipócrita externado por algumas de suas lideranças mais expressivas, 'é muito difícil convencer as bases para apoiar o prefeito Duciomar'.

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“O PT do Pará precisa aprender de uma vez por todas que o mundo não é limitado pelas suas fichas de filiação, como uma linha imaginária que abriga do lado de dentro os mais inteligentes, os mais éticos, os mais puros, e do lado de fora inexiste vida inteligente, ninguém presta, são todos incapazes.”
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A história de construção do PT no Pará está indelevelmente marcada pelo combate à corrupção praticada por líderes responsáveis por escândalos como o Polígono dos Castanhais, da Sudam, do Banpará, do Ranário e outros tantos que o passar do tempo não pode fazer ninguém esquecer e que precisam ser denunciados permanentemente para as novas gerações. Esses mesmos líderes são hoje os principais aliados do PT, que não teve qualquer dificuldade de 'convencer as bases', um clichê muito utilizado pelo partido nos idos da década de oitenta e, àquela altura, até que era válido, mas hoje não passa de hipocrisia. O governo do Estado se omitiu. Seus principais interlocutores sumiram. A disputa para a mesa da Câmara não lhe interessava. Quem sabe na sua leitura era um evento de menor importância para o seu futuro político.
O governo estadual entrou em recesso e se esqueceu de que a luta política não pára. A bancada do PT, então, se aventurou numa empreitada que tinha como objetivo eleger o presidente da Câmara contra qualquer nome apoiado por Duciomar. O plano era tão perfeito e a vitória tão segura que, em tom de escárnio, esse partido mandou aviso ao prefeito dizendo que aceitaria uma indicação dele à primeira vice-presidência na chapa encabeçada pelo vereador Alfredo Costa, virtual presidente do poder. Dentre as várias reuniões realizadas até a formação da chapa que elegeu o vereador Walter Arbage presidente da Câmara, uma, em especial, que ocorreu no dia 31 pela manhã, foi terminativa, pois nela ficou constatado que a aventura da bancada petista não passava de 'blefe de jogador de cartas iniciante', um subproduto da sua própria arrogância e dos preconceitos que alguns dos seus dirigentes nutrem contra o prefeito de Belém. A montanha pariu um rato.
O PT não tinha força alguma para disputar a mesa da Câmara. Não conseguiu sequer inscrever uma chapa e, ainda, teve que ouvir um contundente discurso do prefeito, na referida reunião, no qual ele dizia, em resumo, que 'o PT não cumpre os acordos que estabelece' e que as pessoas ou grupos 'só são bons quando apóiam o PT, mas não prestam quando precisam ser apoiado por eles', razão pela qual ele 'não queria apenas o voto da bancada para sua chapa, mas o apoio efetivo do PT no dia-a-dia do seu governo'.
O PMDB, principal aliado do PT, com seu contumaz oportunismo e, depois de ouvido seu presidente estadual, não teve coragem de enfrentar o prefeito e tratou de se abrigar sob suas asas, deixando o PT ser derrotado sozinho. O PT do Pará precisa aprender de uma vez por todas que o mundo não é limitado pelas suas fichas de filiação, como uma linha imaginária que abriga do lado de dentro os mais inteligentes, os mais éticos, os mais puros, e do lado de fora inexiste vida inteligente, ninguém presta, são todos incapazes. Esse partido deveria ter aprendido bem mais com a dura lição que tomou no processo do Mensalão e outros tantos. Às vezes fico me perguntando quem é esse gênio que pensa política nesses momentos no PT e não consigo me livrar da comparação, com a dupla de personagens do Maurício de Sousa, o Cebolinha e seu amigo sujo, o Cascão - qualquer semelhança é mera coincidência - que vivem traçando planos infalíveis para derrotar a Mônica e obter o controle da rua, mas no final seus planos nunca dão certo e terminam sempre apanhando.

E-mail: raulmeireles@oi.com.br

3 comentários:

Unknown disse...

O alter ego é do prefeito, mas o revisor é do Liberal. E dos bons...rs
Abs, mestre PB

Anônimo disse...

Quero saber uma pergunta básica qual a diferença entre Jader Barbalho e Dulciomar Costa? Qual a diferença desses dois com Paulo Rocha, com a turma do Mensalão, com outros? Então vamos parar com a hipocrisia, e vamos apoiar para o bem da população e para melhorar a segurança publica de nossa cidade. O PT necessita do Dulciomar na condução do Estado por não ajudar o prefeito na condução da cidade? Só a mente maléfica do Alfredo Costa que só serve para deixar a UEPA da forma que esta sem eleição ao contrario do que prega.

Poster disse...

Nem tudo está perdido, hein, Juca (rsssss)?
Abs.