Surge um estadista: Sua Excelência o vice Odair Corrêa

Sua Excelência o vice-governador do Estado do Pará, Odair Corrêa, pode até não ser candidato a deputado federal nas eleições de 2010, como se especula que será. Mas, seguramente, ele já mostra pendores tais que poderão credenciá-lo a ser o primeiro estadista que o Estado do Pará já produziu para o mundo.
O vice-governador do Pará, Sua Excelência Odair Corrêa, foi para a manchete de uma das páginas do Diário do Pará, no primeiro caderno da edição de ontem. Escancara-se lá - naquilo que Nelson Rodrigues diria ser um “berro gráfico” - a seguinte manchete: “Vice-governador ‘intima’ candidatos”.
O "intima", vá lá, pode não ter passado de pura maldade do editor. Como vocês sabem, um editor é capaz de fazer aparecer com destaque coisas que normalmente seriam jogadas na cesta (e não sexta) página, da mesma forma em que faz desaparecer coisas que deveriam ter abrigo na primeira página de um jornal.
O “intima”, no caso, não é verbo que nenhum estadista conjugue com tanta intimidade. Intimar é muito mais apropriado para ditadores, para autocratas. Estadistas conclamam, convidam, chamam à ponderação, convocam ao bom senso – seja lá o que for. Mas intimar, nem tanto.
Pois é.
O certo é que, verbos à parte, a manchete de página do Diário justificava o destaque atribuído à matéria. Sinceramente, justificava. Não é todo dia que vice-governador “intima” candidatos. E mais: não é todo dia que um vice-governador de um Estado das dimensões e da importância política do Pará “intima” candidatos a presidente da maior potência do planeta, os Estados Unidos.
Sim, é o que está dito no início da matéria. Lê-se o seguinte:

“O vice-governador do Pará, Odair Corrêa, já formalizou convite ao possível candidato democrata à presidência dos Estados Unidos, o senador Barack Obama, e ao candidato republicano, John McCain, para virem a Belém, antes das eleições americanas, para discutir a questão internacionalização da Amazônia, um dos assuntos em destaque, desde que o jornal New York Times publicou um editorial indagando a quem pertence a Amazônia.”

Está aí. A esta altura, Obama e MacCain já devem ter providenciado – e se não providenciaram, por certo deverão fazê-lo o quanto antes – uma reunião com suas respectivas equipes de campanha para incumbi-las de encontrar um lugar na agenda e, com isso, permitir que ambos viajem a Belém do Pará e aqui discutam a internacionalização da Amazônia, tema dos mais palpitantes e preocupantes.
Sua Excelência o vice-governador do Pará, Odair Corrêa – e esta é uma sincera, ainda que humilde, contribuição deste blog –, bem que poderia conferir maior amplitude à sua iniciativa convidando outros líderes mundiais. Por que só os Estados Unidos, dr. Odair? Por quê? Por que não pensar logo em coisa grande, numa reunião de cúpula, com grandes estadistas mundiais, para discutir a internacionalização da Amazônia? Já pensou na magnitude de um evento desses? O título poderia ser, por exemplo: “I Cúpula da Amazônia – A internacionalização e o futuro da humanidade”. E logo a seguir: “Iniciativa: Odair Corrêa, vice-governador do Estado do Pará”.
Talvez Sua Excelência não adote tal sugestão porque, com a vocação de estadista que agora demonstrou, também se revela previdente. E previdência é qualidade essencial para que os estadistas não se desviem dos objetivos a que se propõem, quando querem mesmo influir nos destinos do mundo.
Por ser previdente, Sua Excelência deve ter avaliado que Belém ainda não dispõe de infra-estrutura para comportar evento que reúna os maiores líderes do Planeta, ainda que a cidade seja governada por um prefeito que, com suas obras estruturantes, deixou Antonio Lemos no limbo das nossas mais distantes, remotas, apagadas e esmaecidas referências.
Mas não faz mal, não, Excelência. Grandes estadistas começam assim – convidando apenas os candidatos a presidente da maior potência da Terra. Depois, então, assim que for encerrado o debate em Belém, já se poderá agendar um novo encontro, uma nova cúpula, que certamente colocará Belém, o Pará e o Brasil no centro do mundo.
Aliás, não apenas Belém, o Pará e o Brasil, mas Sua Excelência, o vice-governador do Estado, Odair Corrêa, estará no centro das atenções do mundo inteiro e ingressará pela porta estreita da História como aquele que, com um simples convite, praticamente mudou o destino da humanidade e salvou a Amazônia da internacionalização.
Sinceramente, Sua Excelência o vice-governador Odair Corrêa ainda corre o risco de ter o mundo inteiro a seus pés, em completa reverência. Como jamais, na história da humanidade, ocorreu com qualquer estadista.
Dr. Odair, Vossa Excelência nem imagina como o Pará lhe fica agradecido por iniciativas como essa.
Sinceramente.