terça-feira, 24 de junho de 2008

Na escola e na Seduc, silêncios que incomodam

Do professor Alcyr Lima, sobre a sua postagem A escola. Onde mesmo está a escola? Escola de quê?:

Olá, que bom encontrar mais um espaço em que podemos opinar livremente. Sou professor da rede estadual e venho, ultimamente, opinando em outros blogs sobre a realidade cruel de nossas escolas.
Estou na rede há 9 anos e desde esta época problemas de infra-estrutura já se observavam nas unidades escolares. Falta material humano (técnicos, psicólogos, orientadores, secretárias e auxiliares, etc.), Nós, professores, temos que todo ano brigar para garantir a não desvalorização dos salários, pois aumento real não conhecemos há muito tempo. Para fazermos extensão, é necessário que nos desdobremos entre os cursos e as aulas, visto que é muito difícil sermos licenciados para estudos (para pós-graduação, nível especialização, o profissional tem que dividir), as condições físicas das escolas são degradantes (imagine você estudar em Belém de junho a outubro com o calor insuportável, em salas que sequer têm ventiladores às vezes), entre outras mazelas.
A violência soma-se ao que relatei e nos últimos 4 ou 5 anos o número de casos vem aumentando. Entre 2007 e 2008, já contabilizamos duas vítimas fatais, o vigia da Escola Hilda Vieira e a aluna da escola Renato Conduru. O silêncio na escola e na instituição (Seduc) é incômodo. Ninguém fala nada consistente, tratam os fatos como "fatalidade" ou "caso isolado" (particularmente, odeio este último termo). Espero que este debate prossiga para que o problema não se torne corriqueiro.
a) Alcyr Lima - Professor

2 comentários:

Anônimo disse...

Professor Alcyr, parabéns por vir a público expor as mazelas das escolas públicas. Sei que, como o senhor, há muitos educadores que fazem o que podem e se sentem impotentes diante da falta de amparo institucional. Não se trata de bater neste ou naquele governo. Há uma crise maior, que se reflete na escola, justamente porque, dentre as políticas públicas, jamais se deu ênfase "neste País" à Educação. Em Belém, há conflitos diários entre estudantes dos colégios Souza Franco, IEEP, Paes de Carvalho. Que se agridem com xingamentos, espancamentos, facadas e tiros. Lembro de um evento realizado num fim de semana numa escola, em que a imprensa estava presente para fazer a cobertura, quando todos foram assaltados por uma gangue cujos integrantes foram reconhecidos pelos professores como ex-alunos. A escola, que deveria salvar, resgatar e gerar cidadãos, virou repositório de fatos tão tristes. É preciso desnudá-los, para que toda a sociedade se empenhe e seja possível superar essa selvageria.

Anônimo disse...

Obrigado, Franssinete. Desejo que o debate sobre a nossa escola pública continue.
Alcyr Lima