quarta-feira, 23 de abril de 2008

Moradores dizem ter sentido que prédios iam desmoronar

Na FOLHA DE S.PAULO:

Ronaldo, 36, achou que o prédio estava caindo. Patrícia, 37, assustada, viu o edifício onde mora ir "para a direita e para a esquerda". No banho, Sérgio, 71, sentiu que o chuveiro balançava. O rápido tremor de ontem assustou moradores de São Paulo , rachou paredes e fez edifícios e universidades serem esvaziados. O medo era de que tudo desabasse. O fenômeno foi sentido em outros Estados.
"Nunca vi nada igual. Estava sentado no sofá. De repente, senti uma vibração, olhei em volta e tudo estava tremendo -móveis, janelas e um aquário que tenho. Achei que o prédio estava caindo", disse o zelador Ronaldo Sena, morador do quarto andar de um prédio na Saúde (zona sul de São Paulo). Com ele estavam a mulher, o irmão e o filho de três anos -todos ficaram assustados e foram em direção à entrada do prédio.
O mesmo ocorreu num prédio no Sumaré (zona oeste) tão logo o tremor ocorreu. Um homem, sua mulher e a filha desceram apressados para a rua -iam para a casa de um parente em Santana (zona norte), segundo o segurança do prédio, Paulo Oliveira de Menezes, 46, que viu a cena.
"Foi um grande susto. Nunca passei por isso", disse Patrícia Barboza, funcionária de um hospital, que mora com a mãe no sexto andar de um edifício no Butantã (zona oeste). O prédio, segundo ela, foi para a "esquerda e para a direita" várias vezes. O tremor, diz, durou dez segundos. Na porta, logo em seguida, a vizinha batia: assustada, buscava ajuda.

Chuveiro se mexeu
Síndico de um prédio no Sumaré, Sérgio Alves Medeiros, 71, estava no banho quando notou que o chuveiro se mexia. Ele mora no nono andar. "Fiquei no banho e me perguntei: "Será que estou voltando a ficar doente?" Quando saí, meu filho quis saber se eu tinha sentido algo, pois ele viu a persiana da janela se mexer. Desci do apartamento, pois tinha certeza que outros moradores desceriam, preocupados." Hoje, ele faria uma inspeção em busca de eventuais danos ao sistema hidráulico do edifício.
Moradoras do 16º andar do mesmo prédio do Sumaré, as publicitárias Fernanda, 27, e Paula Coimbra, 30, tentaram ligar para os bombeiros, mas as linhas estavam ocupadas.
Num edifício vizinho, o engenheiro de produção Eduardo Guercia, 38, que vive no 17º andar, pensou estar delirando. "Estava deitado no sofá, e ele começou a balançar. Olhei para o vaso, que também estava balançando e achei que estava tendo uma alucinação", diz. O sofá, conta, saiu do lugar.
Em Higienópolis (zona oeste), moradores do edifício Magnólia, na rua Itacolomi, desceram assustados com o tremor. Perto dali, na avenida Angélica, a artista plástica Márcia Pastore sentiu a cadeira em que estava sentada balançar. "Foi forte, esquisito mesmo. Só me dei conta de que era um tremor porque minha irmã, que mora em Perdizes, ligou e relatou a mesma sensação", diz.
"Na hora me veio à cabeça que poderia ser um terremoto", disse a corretora de imóveis Ana Lúcia Tomko Toyama, 29, que mora em Osasco (Grande SP). A exemplo de outros relatos, ela sentiu o sofá, outros móveis e quadros balançarem.

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