sábado, 17 de janeiro de 2009

Superlotação provoca motim em seccional.

No AMAZÔNIA:

Presos da Seccional de Icoaraci se rebelaram no final da tarde de ontem por causa da superlotação carcerária. Uma única cela conjugada com capacidade para apenas dez pessoas comportava, até nova transferência, 46 detentos. Muitos reclamavam que não dormiam direito por causa do calor e alguns prisioneiros estariam doentes. Para chamar atenção dos policiais civis que realizam a guarda dos presos pelo Sistema Penal, eles batiam fortemente nas grades, impedindo até mesmo que trabalhassem com barulho intenso. A diretora da unidade, delegada Ione Coelho, teve de acionar reforço policial da Ronda Ostensiva Tática Metropolitana (Rotam) para conter a fúria dos detentos.
Os policiais da Rotam chegaram à seccional pouco antes das 17 horas. Inicialmente não havia qualquer possibilidade de transferência para o Centro de Detenção Provisória de Icoaraci (CDPI), que funciona ao lado da seccional. O centro também já está superlotado. Quase todas as sextas-feiras a direção do CDPI libera cinco vagas na carceragem para receber criminosos da Seccional de Icoaraci. Durante as negociações para a transferência, os detentos exigiam dos policiais melhorias de forma agressiva e com tom de ameaça. O CDPI prometeu liberar mais cinco vagas por emergência ainda ontem, o que acalmou os rebelados.
'Safadeza' - A delegada Ione Coelho informou que não cederá às ameaças de bandidos, que esperam ter o melhor tratamento possível. 'A quantidade de presos é superior à quantidade de vagas. Mas o que não vamos fazer é parar de trabalhar, de prender bandidos. A solução seria que eles parassem de roubar e de matar. Os presos não são ‘mortos-de-fome’. Todos têm família e casa para morar. A mãe de um deles tem até um microônibus. Qual é a razão para ele estar roubando? Eles roubam não é por necessidade, mas sim por safadeza, por falta de vergonha na cara', esbravejou a delegada.
'Vagabundos' - Ione falou sobre o papel da polícia em cumprir as leis de punição contra criminosos e não consertar as pessoas como se fosse uma oficina de carros. 'Não vamos consertar ninguém. A polícia não vai baixar a cabeça para esses vagabundos. Quando eles estão nas ruas não se lembram das vítimas e nem que matam as pessoas por nada. Eles sabem exigir os direitos deles aqui dentro. Querem comida boa, visitas e ainda insultam os policiais. Fazem ameaças. Dizem que sabem onde moramos e que vão pegar as nossas famílias. Aqui quem manda somos nós e se eu tiver de colocar 60 presos em uma cela, eu coloco', disse a diretora da Seccional de Icoaraci.
O major Reginaldo Soares, do Sistema Penal, ficou de visitar a unidade para ouvir as reclamações dos presos ainda ontem à tarde.

Um comentário:

Anônimo disse...

Palmas para a delegada.
Chega de tanta fanfarronice.
Dureza neles.