No AMAZÔNIA:
O pai e a irmã dos jovens mortos dentro de casa em suposto confronto com a Polícia Militar na estrada do Curuçambá, bairro do Paar, em Ananindeua, dia 17 deste mês, prestaram depoimento ontem pela manhã, na Ouvidoria de Segurança Pública do Estado, sobre a morte dos irmãos Jerônimo e Jeremias Dias da Silva - acusados de envolvimento com o assassinato de um policial da Rotam na noite anterior. Ainda abatido pela perda dos filhos, o cabo PM Dias, lotado na Corregedoria, diz que não vai descansar enquanto não provar a inocência dos filhos e a irregularidade da operação que vitimou os dois. 'Se for preciso, eu mando desenterrar os meus filhos para exumar, pra provar que os eles foram, sim, assassinados.'
Dias contesta a versão da polícia de que uma nora e uma neta tenham sido feitas reféns momentos antes da invasão da residência por policiais militares e que troca de tiros tenha ocorrido momentos antes dos dois serem mortos. O policial afirma que o corpo de Jeremias, o 'Mia', foi arrastado para a parte de trás da casa pelos policiais da Rotam e que, segundos depois, foram ouvidos dois disparos de arma de fogo. 'A pessoa que viu os policiais puxando o Jeremias da frente da casa está com medo de ir à delegacia dar depoimento, mas confirmou que vai. Todos nós estamos nos sentindo pressionados. Minhas filhas, que testemunharam a morte dos dois, têm medo de voltar para casa, têm medo de sofrer perseguição'.
Investigação - O policial supõe que os irmãos estavam mortos quando foram conduzidos para o hospital e que o socorro aos dois, prestados pelos PMs que entraram na casa, foi uma tentativa de descaracterizar o local do crime. O pai investiga, sozinho, se houve algum tipo de adulteração no sentido de incriminar os jovens e justificar a ação da polícia. 'Esse truque é velho e sujo. Colocar a arma na mão do morto e disparar para deixar o vestígio de pólvora. E se eles já estavam baleados, por que os policiais atiraram de novo?', questiona Dias, sobre os disparos que teriam sido ouvidos após o corpo de Jeremias ter sido arrastado da entrada da residência.
'Eu estou investigando isso sozinho, por conta própria. Eu quero ter certeza do que realmente aconteceu naquele dia. A polícia quis dar uma resposta para a sociedade, depois que o companheiro (o policial da Rotam, cabo Cunha) foi morto, mas ninguém está aceitando o que eles estão fazendo', disse Dias, que está na corporação militar há 29 anos e afastado do trabalho na Corregedoria desde que os dois filhos foram mortos. 'Eu só peço a Deus para que os outros que forem presos pela polícia não sejam mortos também. Porque eles vão falar a verdade e vão esclarecer o que aconteceu.'
Celular - O pai carrega, no celular, uma foto tirada dentro do IML que mostra o corpo de Jeremias antes de ser examinado pelos legistas. Ele aponta uma marca na altura do ombro do jovem, que teria sido provocada por um disparo e questiona a forma como ocorreu a suposta troca de tiros. Segundo ele, a marca só poderia ser provocada se o policial estivesse acima da pessoa baleada o que seria um 'indício forte' de que, ou o jovem foi baleado quando caído, ou ele foi executado enquanto ainda estava sentado.
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